
Que coisa, hein, pessoal? A vida sem o �pio do povo � dureza. O atleticano se assemelha hoje ao advogado do Lula. Fa�a o que fa�a, embargos, habeas corpus, recursos... Ele sabe que ser� derrotado. N�o olho mais a tabela para saber em que posi��o nos encontramos, a pontua��o, as chances. Como o curioso m�rbido que se deixa atrair pelo acidente, apenas verifico a trag�dia anunciada: para quem perderemos?
H� um fato novo nesse Atl�tico que cai pelas tabelas: a derrota � incapaz de provocar indigna��o. Tampouco o sentimento de injusti�a que bem sabemos. Como carimbador em reparti��o p�blica, o rev�s j� se mostra incapaz de provocar a necess�ria revolta que far� emergir o estado prop�cio � mudan�a, � volta por cima. N�o. O Atl�tico desses dias apenas provoca uma intensa pregui�a, uma letargia de calor equatorial, um bode com as barbas de molho.
Por que o Atl�tico tem sempre um Emerson Concei��o? Ser� um carma oriundo de outra vida, na qual queimamos na fogueira algum desses tantos Z� Welisons que nos acometem? A experi�ncia nos diz: preparem-se para sucessivas renova��es de contrato, uns passar�o, outros passarinho, e l� estar� o filho de Weli a tratar a bola na ponta da botina, colecionar cart�es decisivos e armar contra-ataques fatais.
Esteja certo de que se tornar� um coringa, ocupar� todos os espa�os, encarnar� como um encosto as laterais, a vol�ncia, a zaga, qui�� um frila no ataque inoperante. Pediremos sua cabe�a mas n�o adianta – ele n�o tem uma cabe�a, � apenas for�a desmedida, uma perna de pau alimentada no 220.
Enquanto a pregui�a nos colhe na rede do desalento, seguimos apostando em Cazares assim como se aposta na subida do PIB. � s� tirar a Dilma. N�o, vai ser depois da reforma trabalhista. � s� ganhar a elei��o. Espera a reforma da Previd�ncia. A CPMF. O congelamento do sal�rio-m�nimo. Etc. Etc. Etc. Quem cr� em Cazares cr� em qualquer coisa, duende, mamadeira de piroca, vassouras ungidas.
F�bio Santos, que pregui�a... Acordem-me quando sair um p�nalti. Antes disso meus olhos j� est�o por demais calejados, daqui a pouco nem o setor de oftalmologia do Dr. Scholl poder� dar jeito. S� n�o vamos sugerir que Otero regresse � Venezuela por raz�es humanit�rias. Maduro j� foi um dia. Mas, como um Benjamin Button, tornou-se verde com o passar dos anos. A fase � t�o grotesca, alerta um amigo, que s� Jair pode nos salvar. � o que cansei de ler no grupo de WhatsApp dos parentes. Deu no que deu. � melhor j� ir se acostumando.
E esses Di Santo, esses Nathan, esses Terans? Quem avisar� a eles sobre estar no of�cio errado? Rodrigo Santana passou a temporada poupando jogadores. Se fossem moedas estaria rico. Pe�o agora que me poupe. Porque cada linha do time � uma entidade aut�noma, como se o fosso do velho Mineir�o tivesse se intrometido gramado adentro. Vamos parar de chamar o ataque de ataque, pois um ataque ataca ou pelo menos amea�a faz�-lo. Fosse um ex�rcito, nossa linha de frente s� seria poss�vel se alistada na companhia de Brancaleone. � uma piada.
Pregui�a, amigos, uma pregui�a arrebatadora. Os jogos do Galo tornaram-se um poderoso son�fero. Diante da televis�o, � preciso assisti-los de p� e com palitos a segurar as p�lpebras teimosas. O cora��o carcomido pelos anos de ang�stia e sofrimento pergunta se � isso mesmo, se voltamos tristemente ao normal.
Meu palpite: passamos do Col�n e vamos ser campe�es. Somos uns anormais.
