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Estado de Minas DA ARQUIBANCADA

Uma s� dose de Atl�tico e isso basta para nos entorpecer

At� jogo-treino serviu para matar a saudade que a Massa estava de seu Galo e deixa o atleticano de novo em estado de gra�a


18/07/2020 04:00 - atualizado 18/07/2020 07:44

(foto: BRUNO CANTINI/AGÊNCIA GALO/ATLÉTICO)
(foto: BRUNO CANTINI/AG�NCIA GALO/ATL�TICO)

O atleticano sem o Atl�tico � como o jovem drogado que, perdidas quase todas as esperan�as, � acorrentado ao p� da cama pela m�e desesperada. Assim atravessamos a quarentena, na mais severa abstin�ncia desde a Gripe Espanhola de 1918, quando tamb�m se interrompeu o “Campeonato da Cidade”. No lugar do �pio do povo, eficiente para as mais diversas patologias, o placebo de cloroquina. Que tempos!

� verdade que, revirando as gavetas do criado-mudo, encontramos umas migalhas de Atl�tico capazes de proporcionar algum prazer. Estava l� a camisa do Galo que ningu�m viu nem experimentou, e mesmo assim tratamos de comprar o carregamento inteiro, afinal, � sempre prudente renovar a armadura. Fu�ando os fundos do colch�o, onde dormiam (num passado distante) nossas economias, encontramos o Rubens Menin.

Os Menin est�o para o Atl�tico como os Medici para Michelangelo. Ent�o, de modo a encontrar al�vio na refrega contra a abstin�ncia de Galo, nos divertimos a desejar sa�de ao mecenas fundamental. Oito milh�es em a��o nessa corrente pra tr�s em desfavor da COVID que pudesse alcan��-lo em idade periclitante – isso explicaria sua testagem negativa mesmo depois de se encontrar em Bras�lia com o verme acometido pelo v�rus.

Houve tamb�m lives de jogadores e contrata��es a rodo, o que p�de aplacar os efeitos da nossa fissura. Fora o paliativo advindo das p�ginas policiais, antes heroicas e imortais. Em nosso delirium tremens, o Cruzeiro j� n�o treme mais, at� porque s� os fortes celebram centen�rios diante de um Cuiab�. Desfalecidos ao p� da cama, sonhamos com um tima�o capaz de desbancar o Flamengo de Jesus, em vias de tornar-se um Judas no caso de sair dessa pra uma melhor. Despertos, caminhamos agora sobre as dunas de um deserto. N�o, espera, s�o montanhas de terra! A terraplanagem, a todo vapor, avan�a sobre o Calif�rnia. Rub�o sorri por entre as molas do colch�o e as madeiras do estrado. Ah, eu t� maluco!

De repente, surge mam�e � porta do quarto com a chave do cadeado: “Hoje tem jogo do Galo”. Jogo-treino, ela explica, quatro tempos de trinta, 200 substitui��es por equipe, o locutor vai entrevistar o presidente na hora do gol. Ponho-me de p�, renovado para a vida e pronto para a luta. Chega dessa falta de Atl�tico! Que se refa�am todos os casamentos desfeitos em fun��o de sua aus�ncia, que cessem os homic�dios, que se restabele�a a paz. O Galo � amor, e o amor � a cloroquina que funciona.

Ent�o, sentados diante do computador, quase 100 mil atleticanos sorvem aquele Atl�tico e Am�rica como se fossem o Keith Richards diante das cinzas de seu pai. Saudades do R�ver, saudades do Victor, s�o pessoas da nossa fam�lia (melhores at�, j� que n�o sabemos em quem eles votaram). Saudades de xingar o Hyoran. Saudades do Sampaoli sentado naquela mesinha de pl�stico. Saudades do Marrony e daquilo que a gente n�o viveu. Naquela manh� insuspeita, enquanto o Brasil pega fogo, quatro entre os dez assuntos mais comentados do Twitter eram sobre o Galo. Galo, Galo, Galo. A gente � doido, doido no sentido de doido mesmo, e no sentido de besta, s� pode.

Por�m, contudo, no entanto, Galo � Galo, e n�o h� droga nesse mundo t�o igualmente eficaz na qualidade de levar o sujeito ao para�so e, no minuto seguinte, devolv�-lo � mais dura realidade. Pois l� est�vamos nos embebedando naquela peleja de casados contra solteiros, aquela malemolente preliminar de churrasco, quando o Tardelli sofre a contus�o. O atleticano n�o tem um minuto de paz – ele precisa ser avisado a cada curva da esquina que, infelizmente, nasceu com o fiof� virado pro sol.

Desanimado da vida, troco mensagens com o amigo Kiko Goifman: “Ele vai voltar pra ganhar o Brasileiro no final”. J� me aprumo, � a nossa cara! Com a paci�ncia de J� em seu jejum de gols, dom Diego h� de se recuperar. Se houver uma cartilagem pendurada no varal durante uma tempestade, o atleticano torce contra o vento. Bora n�is, tomar mais essa dose. E as outras tantas que vir�o.

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