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Estado de Minas Da arquibancada

Em terra de Galo, Estadual vai dizer quem � o dono do terreiro

No Cl�ssico das Multid�es sem multid�o, que o Atl�tico jogue bonito e com intensidade. Mas cuidado com o Am�rica, do Lisca Doido


01/08/2020 04:00 - atualizado 31/07/2020 23:13

Mesmo que contra o frágil Patrocinense, goleada mostrou um Atlético vertical e com boa variação de jogo(foto: JUAREZ RODRIGUES/EM/D.A PRESS)
Mesmo que contra o fr�gil Patrocinense, goleada mostrou um Atl�tico vertical e com boa varia��o de jogo (foto: JUAREZ RODRIGUES/EM/D.A PRESS)

 
 
O apre�o pelo campeonato estadual � certamente uma “coisa de velho”, daquelas que resistimos a enterrar, como o telefone fixo, o rel�gio de pulso e o toca-discos. Nesse caso espec�fico, e apenas nele, me incluo entre os viventes da “melhor idade” (da cabe�a de qual publicit�rio se originou esse termo, essa ironia macabra?). Sim, eu gosto do Campeonato Mineiro, confesso. Para al�m de sua m�tica secular, e das efusivas celebra��es da minha inf�ncia, � ali, no quintal de casa, que se decide o dono do terreiro. Olho desde o alpendre, e j� vejo um gal�o de peito estufado, praticamente um chester – nosso rottweiler, nossa ema antifascista.
 
Neste certame (certame � uma palavra carcomida pelo tempo), a ascens�o do Am�rica contribui ainda mais para a percep��o de que, assim como em Dark, algo do passado distante se manifesta no presente. Posso sentir o cheiro de mofo e naftalina na camisa vintage que o Am�rica escolheu para 2020, muito bonita por sinal – joguei por 10 anos com uma dessa no futebol de sal�o do clube nos anos 80, sem jamais ter vencido o Atl�tico. � o decacampeonato particular deste escriba, um tra�ra infiltrado entre os inimigos, como de resto o time inteiro – todo mundo Galo at� o tutano do osso, pobre Mequinha, que s� batia no Cruzeiro.
 
Mas, voltando � vaca fria, c� estamos n�s a flertar com o jogo bonito de Sampaoli, algo que tamb�m nos remete ao passado, Tel� Santana e tal, � intensidade do Galo Doido. Verdade que n�o se pode tirar nenhuma conclus�o quando se enfrenta o Patrocinense, essa mescla de casados e solteiros da firma, barrigudos e transeuntes convocados para completar a pelada. Mesmo assim, o Galo j� � diferente, e o que se prenuncia � o anti-Flamengo – ainda mais agora, que Jesus desceu dessa cruz, coitado, ningu�m merece.
 
Amanh�, como ontem, temos o Cl�ssico das Multid�es, primeiro jogo das semifinais. Se o Galo � Doido, o Lisca tamb�m, todo cuidado � pouco para transitar nesse manic�mio. Sen�o exatamente uma multid�o, que tragam boas energias aqueles bonecos surreais dispostos na arquibancada – gostei particularmente de ver a Vov� do Galo ladeada pelo Jimi Hendrix, pelo menos n�o era o Mick Jagger. Diferentemente de outros tempos, se passar pelo Am�rica, o Galo n�o vai pegar o Cruzeiro. O Cruzeiro, como se sabe, priorizou a Copa Inconfid�ncia, torneio vanguardista que resgata a ess�ncia do futebol – pegou com o p� � dibra, p�nalti gol � gol, e n�o vale bomba. E o dois ou um no lugar do cara e coroa, at� porque, se voar moeda, o Cruzeiro pega.
 
Acabo de ler a biografia de Tiradentes, e n�o consta a participa��o do Cruzeiro na Inconfid�ncia. Uma nova edi��o, revista e atualizada, certamente dar� conta desse fato hist�rico. Em todo caso, o cruzeirense n�o tem do que se envergonhar: cerrar� fileiras ao lado dos poetas Tom�s Ant�nio Gonzaga e Cl�udio Manoel da Costa, do padre contrabandista Jos� da Silva e Oliveira Rolim, al�m do pr�prio Joaquim Jos� da Silva Xavier, o alferes arrancador de dentes � �poca em que uma dor no molar correspondia a um c�ncer sem solu��o. Quando o atleticano vier com seu bullying, poder� dizer: “N�o quero ser campe�o mineiro, quero libertar Minas Gerais”.
 
O atleticano deveria ser mais precavido ao desdenhar da campanha Centavo Celeste, destinada a ficar com o troco do pobre do cruzeirense – o que faz do Hospital da Baleia o mais novo arquirrival do time do Barro Preto. Lembre-se: por causa de 20 centavos a mais na passagem de �nibus em S�o Paulo, milh�es de pessoas sa�ram �s ruas, derrubaram uma presidente sem crime de responsabilidade, instalaram um vampiro no poder, tiraram todos os seus direitos de trabalhador, e por fim guindaram o Bozo ao picadeiro, acabando com um pa�s. Centavos podem fazer milagres. No tempo de Tiradentes, uma �nica moeda valia ouro. Sejamos prudentes.

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