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Estado de Minas DA ARQUIBANCADA

Ciranda � o carrossel melhorado do Galo, original como a cacha�a

Assim como a Sele��o da Holanda, que promoveu uma revolu��o no futebol, o Atl�tico h� de tamb�m entrar para a hist�ria


08/05/2021 04:00 - atualizado 07/05/2021 23:08

Os 4 a 0 sobre o Cerro Porteño e a liderança na Libertadores mostraram que o futebol do Galo começa a encaixar (foto: WASHIGTON ALVES/AFP)
Os 4 a 0 sobre o Cerro Porte�o e a lideran�a na Libertadores mostraram que o futebol do Galo come�a a encaixar (foto: WASHIGTON ALVES/AFP)


Em 1974, a Sele��o da Holanda promoveu uma grande revolu��o na maneira de jogar o futebol. A Laranja Mec�nica, de Rinus Michels, cuja principal estrela era Johan Cruijff, desenvolvera uma t�tica at� ent�o in�dita em que nenhum de seus jogadores guardava posi��o fixa. A essa bagun�a organizada um jornalista esportivo do Brasil deu o nome de Carrossel Holand�s.
N�o temos Cruijff, mas temos Hyoran. Ali�s, o nome do �ltimo � uma homenagem ao primeiro, pena que na �poca do registro n�o havia Google, de modo que pai e escriv�o meteram l� um ipsilone e foda-se. N�o treinamos um carrossel, afinal, distante das nossas tradi��es. Preferimos a roda de ciranda, efetiva sobretudo para ganhar ritmo de jongo. No in�cio, assim que assisti a um v�deo do treino na Cidade do Galo, tomei por arcaico o exerc�cio de girar em c�rculo, enquanto ningu�m solta a m�o de ningu�m. Tive saudades de Sampaoli, aquele que amava o Hyoran.

Mas o fato, senhores, � que o Galo encaixou. Enquanto todos se d�o as m�os, ofere�o a minha � palmat�ria: a ciranda � o nosso carrossel melhorado, porque coisa nossa, como a praia, a cacha�a e o queijo com goiabada. Chico Science � que foi premonit�rio: “Na areia onde o mar chegou, a ciranda acabou de come�ar, e ela �, � praieira! Segura bem forte a m�o, e � praieira! Vou lembrando a revolu��o, vou lembrando a revolu��o”.

Uma cerveja antes do almo�o � muito bom pra ficar pensando melhor: n�o apenas a ciranda fez o Galo botar na roda o Cerro Porte�o. O rach�o, t�o criticado por sua suposta inutilidade, recupera nossa alma peladeira, aquela mesma que formou toda uma escola de craques mundiais, de Garrincha a Rom�rio, de Pel� a Ronaldinho.

Na Bahia diz-se “baba”, ao sul, “pelada”. O Brasil desnudo em seu improviso constante pedala sobre a bola, ginga, vai pra um lado e, no movimento de um el�stico, conduz a bola para o outro, tudo sempre a soar um tanto in�cuo, afinal, o caminho mais l�gico para o gol � uma linha reta. Como pa�s, esse conjunto de movimentos nos levou a esse lament�vel estado de coisas em que normalmente nos achamos. Mas, no futebol, ganhamos cinco Copas do Mundo sambando com a bola nos p�s – os ingleses, com sua objetividade reta, ganharam uma. E nevermore.

Curioso que a malemol�ncia brasileira se insinue com mais propriedade no venezuelano Savarino. E que o paraibano Hulk seja o nosso Putin, g�lido e forte. O esquema, batizado por M�rio Marra, chama-se SavaHulk. Houve o Carrossel Holand�s. Haver� a Ciranda do Galo. E nada mais direi sobre o acesso privilegiado de Cuca a Nossa Senhora – vai ver, tamb�m funciona.

Sampaoli n�o deu certo no Galo porque n�o cumprimentava o jardineiro, n�o deixava o �der ver o treino. Elimin�-lo por isso, a princ�pio, me pareceu uma bizarrice. Assim como a ciranda e o rach�o, estou a reconsiderar meus conceitos ultrapassados (o que um 4 a 0 n�o faz com as convic��es do atleticano): aqui se cumprimenta SIM, e de acordo com o DDD da cidade — se 31, tr�s beijinhos, 21, dois, 11, apenas um. Aqui se aperta, se toca, se abra�a, e por isso � ainda mais lament�vel a pandemia. O treineiro amig�o � um patrim�nio do Brasil! Viva o Felip�o, viva o Joel Santana e o Cuca! E se tirar o �der do treino, manda embora por justa causa.

Assim vamos: afinando a nossa ciranda, hoje, contra o Tombense. Queria o Lisca Doido na final, apesar de que fazer dan�ar o arquifregu�s tamb�m seria interessante. Depois, tem o Am�rica de Cali, fora, para garantir a vaga nas oitavas. N�o sei, mas sinto no ar uma lufada de esperan�a. Deve ser por causa do Renan Calheiros. �h, Brasilz�o peladeiro, esse baba eterno. Em todo caso, EU ACREDITO!

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