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Estado de Minas DA ARQUIBANCADA

No Estadual do futebol-raiz, n�s vamos cantar de Galo

O cl�ssico entre Atl�tico e Am�rica nos devolve aos ares de S�rie A, mas sou apaixonado pela originalidade dos jogos no interior


12/02/2022 04:00 - atualizado 12/02/2022 08:29

jogo Atlético e URT
Partida entre Atl�tico e URT foi um exerc�cio do aut�ntico futebol dos estaduais: uma penit�ncia que a gente gosta de curtir (foto: PEDRO SOUZA/ATL�TICO)


Devo ser dos poucos comentaristas do ludop�dio nacional a apreciar os estaduais. H� neste gosto duvidoso um necess�rio exerc�cio de autoflagelo, uma penit�ncia que a gente paga enquanto oferece ao globo ocular o inevit�vel calo nos zoio. O sujeito que, por esporte, pula de paraquedas, relata sentir-se um super-homem quando finalmente alcan�a a terra firme. Cair de cabe�a numa peleja do Estadual tem efeito contr�rio e mais importante para a exist�ncia humana: depois de tanta botinada, sa�mos dessa cal�ados com as sand�lias da humildade.

A regra da vida n�o � um Atl�tico e Flamengo, um Chelsea e Palmeiras – essas s�o as exce��es. A vida, vamos aceitar, � 90% URT e Atl�tico, aquele arranca-toco di�rio e inevit�vel, aquela luta pela subsist�ncia, o tr�nsito, o buraco da rua, o batedor de carteira, o prato feito no almo�o, o atendente da NET. C’est la vie, mano v�i.
 
Al�m dessa li��o de vida que o jogo horroroso nos oferece, h� tamb�m, embutido na pelada, a nega��o do futebol moderno. Que beleza � a feiura de um est�dio do interior, com seus torcedores atracados �s grades das arquibancadas, o fi do ti Toizin, a prima da Maria do seu Osvaldo, todo mundo em casa! E o uniforme? H� patroc�nio saindo pelo ladr�o, parece os Classificados dos jornais. N�o h� nome mais adequado para um time do que Patrocinense.

Funciona assim: o cara pagou a coxinha mais a Coca de 2 litros para os titulares, j� pode deixar sua marca. A camisa vira um patchwork, coitado do Ronaldo Fraga perto do estilista dessas belezuras. Meu amigo Kiko diria tratar-se de uma penteadeira de puta. Nada que se compare, no entanto, ao Botafogo (de Futebol e Regatas, veja bem) a anunciar um secador de cabelo, com pre�o e tudo, em seu manto sagrado. Que sacril�gio!

E d�-lhe Wanderlans, Nininhos e Magdi�is, apenas para ficar nas alcunhas da brava Uni�o Recreativa dos Trabalhadores, cujo nome poderia batizar um clube social da CUT (claro que, em raz�o disso, este escriba prefere a URT ao Mamor�, arquirrivais em Patos de Minas). Se bem que variados Maicosu�is j� passaram pelo Galo e, de resto, por qualquer clube, pequeno ou grande, desse Brasilz�o. Desde que a regra-tr�s mandou para o chuveiro Pedros, Ant�nios e Franciscos, substitu�dos por Kennedys, Richarlisons e outros filhos, que as escala��es viraram essa v�rzea.

Tudo isso se fez presente no espet�culo da �ltima quarta-feira. Pena que eu tenha erroneamente optado por uma Original, pois a disputa merecia mesmo uma Kaiser morna e uma televis�o de tubo com Bombril em suas antenas. Que beleza! De um lado, a URT parecia a uni�o dos trabalhadores disposta a derrubar o czar em 1917, Karl Marx teria se orgulhado da ra�a e da fibra de seu futebol prolet�rio. Do outro, a meninada do Galo aproveitando pra errar tudo enquanto � tempo, s� correria e disposi��o, uma coisa feia danada.

Nessas circunst�ncias da mais absoluta pelada, � bom que o torcedor ocasional desaparece. Ficam s� os viciados a sorver o crack daquela falta de craque. Ao final do jogo, foi comovente a celebra��o dos amigos do Wanderlan junto ao alambrado, uma vers�o n�is-l�-em-casa da orquestra��o que se dava entre a Sele��o da Isl�ndia e seus b�rbaros torcedores na Copa de 2018. Trabalhadores de todo o mundo, uni-vos!

Hoje, infelizmente, haver� uma pausa nesse estado de coisas. Atl�tico e Am�rica, o cl�ssico das multid�es, � novamente o jogo entre o maior e o segundo maior de Minas – motivo pelo qual a peleja tem ares de s�rie A, os titulares s�o convocados, sai o est�dio e entra a arena, que chato! Resta, infelizmente, nos contentar com o passe preciso, o arremate certeiro, a jogada bem-feita, o Gatorade do intervalo no lugar do suco de caju da Valdete, fia do seu Osvaldo.

E l� vamo n�is de novo subir nas tamancas (sem salto alto), em detrimento das Havaianas da humildade. Olel�, olal�, Coelho no almo�o, Raposa no jantar! (Saudoso do velho Mineir�o em seus tempos de est�dio.) O Urubu que nos aguarde.

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