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Estado de Minas DA ARQUIBANCADA

Um Galo t�o �pico que esses 114 anos parecem eternidade

Parab�ns, meu Atl�tico amado. Clube do preto e do branco, que juntou democraticamente ricos e pobres, e o homem e a mulher


26/03/2022 04:00 - atualizado 25/03/2022 23:03

A torcida mais apaixonada do Brasil abraça seu Galo no aniversário de 114 anos de uma paixão que não tem fronteiras
A torcida mais apaixonada do Brasil abra�a seu Galo no anivers�rio de 114 anos de uma paix�o que n�o tem fronteiras (foto: LEANDRO COURI/EM/D.A PRESS - 2/12/22)

Meu Galo querido, parab�ns por seus 114 anos de hist�ria, sempre do lado certo da Hist�ria! Parab�ns por fazer de um simples jogo de bola uma li��o de vida que ensinou a lutar e acreditar, mesmo diante das maiores dificuldades – e que a luta, por si s�, pode ser aquela viagem cujo caminho � ainda mais bonito que o destino final.

Parab�ns, meu Galo querido, por ser, desde 1908, a utopia de um pa�s mais justo, em que o preto e o branco possam estar dispostos em condi��o de igualdade, tal qual as listras da sua camisa.

Parab�ns por fazer de sua arquibancada o espa�o democr�tico de todas as ra�as, todos os credos e todos os dinheiros – que isso n�o se perca na penumbra do futebol moderno. Parab�ns por juntar democraticamente o rico e o pobre, o homem e a mulher. Parab�ns por ter recebido a Grupa no �ltimo dia 8 de mar�o, um dia de luta. Dona Alice Neves teria se orgulhado. Falta o gesto n�o menos importante de declar�-la a primeira presidenta do Galo.

Parab�ns, meu Galo querido, por sua capacidade �nica de produzir esses �picos monumentais, essas novelas mexicanas travestidas de jogo de futebol. Parab�ns por esse seu jeito t�o espec�fico de ganhar: na bacia das almas, aos 48 do segundo tempo, com as viradas mais improv�veis, as vit�rias mais loucas j� registradas pelo ludop�dio mundial. Por favor, roteirista, n�o se acanhe, v� em frente com seus melodramas de final previs�vel: ai, credo, o Gal�o ganhou mais uma vez.

Parab�ns, meu Galo querido, por nos infartar a cada nova experi�ncia sobrenatural, e por deixar a pulga atr�s da orelha de cada de n�s, os ateus – como n�o questionar o Big Bang diante dos quatro match points desperdi�ados pelo time do Capeta? Ou dos 50 anos em 5 minutos registrados na Bahia de Todos os Santos? Deus que me livre, mas este escriba fica prestes a acreditar no homem l� em cima, o s�sia de Karl Marx.

Se o Galo se confunde com uma religi�o, como disse o Roberto Drummond (“Que mist�rio tem o Atl�tico que a gente confunde com uma religi�o? Que a gente sente vontade de rezar ‘Ave, Atl�tico, cheio de gra�a?’”), � melhor mesmo que seja apenas confus�o. Ou ser�amos como fundamentalistas isl�micos. Ou os seguidores de Jim Jones, prontos a morrer pela causa do Brasileir�o, ainda que colhidos pelo ataque card�aco ou pela inapel�vel sensa��o de dever cumprido – podendo assim partir dessa para uma melhor. Como o �der em 21: “� campe�o, � campe�o, agora eu j� posso morrer, agora eu j� posso morrer!” �der, meu �dolo, se voc� morrer, eu te mato!

Parab�ns, meu Galo querido, por ser a minha droga mais eficiente. Coitado do Rivotril perto do meu Galo, n�o por acaso chamado de Rivotril Litr�o. Coitada da danada da cacha�a: o Galo deixa a gente muito mais comovido que voc�, e ao inv�s de acordar de ressaca, acordamos altivos e confiantes, felizes e cheios de planos, dispostos a melhorar no trabalho e no casamento. E estufamos tanto os nossos peitos, que vamos acabar como o Galo Doido – um chester.

Parab�ns, meu Galo querido, por ser a minha m�e. Sim, Galo, voc� � a minha m�e! Descobri isso vendo a imagem de uma faixa com esses dizeres no Mineir�o durante a final do Brasileiro de 1977. Fiquei encafifado: que porra � essa do Galo ser a m�e do cara que fez essa faixa? Lembrei-me de uma famosa tatuagem de cadeia: “Amor s� de m�e”. Nas longas filas de m�es em visita aos filhos presos (os pais desaparecem) � poss�vel compreender esse amor �nico e dedicado. “Galo � Galo, o resto � bosta”, cantava-se em 77. M�e � m�e. Parab�ns, mam�e, por seus 114 anos de colo! Voc� � a nossa rainha Elizabeth: mais 114 vir�o!

Parab�ns, meu Galo querido, pelos amigos que deu a cada atleticano espalhado pelo mundo. Como uma pessoa desprovida de amigos cruzeirenses, apenas um ou outro palmeirense, uns corintianos, dois flamenguistas, posso afirmar que, n�o fosse o Atl�tico, eu seria um ermit�o a viver na Serra do Curral, pronto pra ser sugado por alguma m�quina mineradora.

Por�m, contudo, no entanto, dei a sorte de ter nascido atleticano. Coitado do Roberto Carlos perto de mim: ele tem s� um milh�o de amigos. Eu tenho 10 milh�es, segundo o DataFred. Parab�ns, meu Galo querido! Te amo, mano. Te amo, mam�e.


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