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Estado de Minas DA ARQUIBANCADA

Sand�lias da humildade pro Galo festejar a ta�a no fim

�nica preocupa��o do atleticano sensato - e do insensato - � n�o cantar vit�ria antecipada contra um rival em mar� baixa


02/04/2022 04:00 - atualizado 02/04/2022 09:27

Que a Massa faça como sempre: empurre o Atlético em busca de mais um troféu do Campeonato Mineiro
Que a Massa fa�a como sempre: empurre o Atl�tico em busca de mais um trof�u do Campeonato Mineiro (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)

A Terra plana, amigos, ela gira como um frisbee em rol� aleat�rio pelo Cosmos. Por vezes, capota e, ao contr�rio do que imaginou o Chico Science, n�o � sempre que o de cima sobe e o de baixo desce. Nesses duplos twists carpados que o mundo d�, acontece de se cair do cavalo – e, n�o raro, transformar-se no famoso coc� do cavalo do bandido.

Quem diria que num s�bado qualquer no futuro (tamb�m conhecido como hoje) estar�amos a decidir um campeonato contra o arquirrival transformado, de fato, em arquifregu�s? Quem poderia imaginar que toda arrog�ncia, � vera, teria, enfim, o seu castigo? Quem poderia imaginar que este cora��o atleticano, carcomido por tantos azares e tantas injusti�as, pudesse acordar em paz neste s�bado luminoso?

Vou al�m: quem diria que num s�bado como hoje a �nica preocupa��o do atleticano sensato (deve haver algum) e mesmo do insensato (me identifico mais) seja a de que estejamos todos vestidos em suas sand�lias da humildade? Pois des�am j� de seus sapat�nis: as Havaianas nos aguardam, mesmo as minhas, azuis e brancas – afinal, eu sou Portela desde que um rio passou em minha vida e meu cora��o se deixou levar.

A Portela � muito maior do que o Cr�z�ir�. Mas… quem diria? Na reuni�o do Conselho dos caras, na quinta-feira, um encontro dos mais importantes da hist�ria do clube (estavam a decidir sobre os rumos da safada da SAF) se daria num sal�o que em tudo se assemelhava a um barrac�o de escola de samba um m�s depois do Carnaval. Foi melanc�lico at� para mim, esse corvo no umbral: “Nevermore”.

Havia uma parede branca ao fundo, h� muito demandando uma dem�o de tinta, sen�o ao menos uma esponja m�gica. Poderia haver ali, sei l�, um banner a respeito de alguma coisa. Nada. Apenas o branco acinzentado das ru�nas em decomposi��o. Ningu�m pra passar um pano, especialidade da casa nos �ltimos anos.

Aboletado com os seus em um conjunto de mesas de bar cobertas por um tecido mal cortado, estava o presidente que nunca pegou COVID porque usa o gel diretamente na carca�a craniana. Do outro lado, o Alvimar Perrella que se soergueu de sua cadeirinha de pl�stico. Tava armado o barraco – um desavisado diria tratar-se do cl�ssico arranca-rabo nas apura��es de notas do Carnaval. Esque�a, no entanto, a Sapuca�: estaria mais para um quiproqu� originado na contagem dos n�meros, vamos dizer, em Osasco.

Assim, chegamos, pois, a este s�bado luminoso. De um lado, a sele��o da URSAL, a Uni�o das Rep�blicas Socialistas da Am�rica Latina, a que nos alertava um atento Cabo Daciolo. De outro, o Deus nos acuda. N�o se iludam, por�m: esses olhos assistiram ao vivo o pereba Dinho partir com a bola pela lateral direita. O caso pronto e acabado de algu�m que havia escolhido equivocadamente seu of�cio. Levou um, levou dois, o Cruzeiro era uma m�quina e ainda n�o havia as tremas (ou estavam temporariamente suspensas).

“L� vai Dinho, escorrega Dinho”, avisou Willy Gonzer pelo r�dio. “Aproveita pro drible, carrega Dinho na sa�de, se aproxima da �rea Dinho, bateu mais um, bateu o terceiro, foi pro meio, bateu pra gol. Gooooooool!!!!!! Gol de Dinho!!! Dinho, o homem-cora��o! Dinho, o homem-for�a! Dinho, todo entrega! Todo generosa luta!” Quanta eleg�ncia para se dizer que aquele perna de pau tinha acabado de ganhar o cl�ssico. Que poeta era o Willy!

Dinho foi o nosso lateral em 1995. O frisbee se encontrava de ponta-cabe�a: n�is l� embaixo, o Cruzeiro l� em cima. Sugiro a quem se sinta desconfort�vel em suas Havaianas que v� ao YouTube assistir ao gol de Dinho e � melhor narra��o da hist�ria do Willy. O futebol � uma caixinha de cerveja.

Por�m, se �s 18h30 nenhum cataclisma tiver sido capaz de fazer o frisbee despirocar-se, ent�o, veremos a metade menor do Mineir�o arrastar sua bola de ferro rumo aos buracos sombrios que acessam os corredores de sa�da. Nessa hora entoaremos nossa segunda Marselhesa: “Chora, n�o vou ligar, chegou a hora, vou festejar, o teu sofrer, o teu penar”.

A certa altura fiz uma descoberta inc�moda: essa da Beth Carvalho a gente cantava pra gente mesmo, sofredores sempre, torcedores mais ainda. Mas n�o � verdade: ela � a trilha sonora que se canta aos arrogantes quando o castigo vem. �, se vem. Vamo, meu Galo, ser campe�o! O mundo agradece.


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