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Estado de Minas DA ARQUIBANCADA

T�tulos parecem ter 'gourmetizado' parte dos atleticanos. A� n�o, galera

Atl�tico foi t�o campe�o em 2021, que o sinal de fase inst�vel vai se transformando em estranha crise para parcela da torcida


14/05/2022 04:00 - atualizado 14/05/2022 07:33

Ainda que o Galo venha perdendo equilíbrio, é preciso dar tempo ao técnico Antonio Mohamed para ajustar a equipe
Ainda que o Galo venha perdendo equil�brio, � preciso dar tempo ao t�cnico Antonio Mohamed para ajustar a equipe (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press - 13/4/22)

Saber perder � uma arte que se desenvolve cotidianamente, no exerc�cio sacal e humilhante da vida. Come�a quando a gente nasce: o que se segue � apenas o envelhecimento das c�lulas e a decrepitude dos tecidos. Gra�as ao WhatsApp da fam�lia brasileira, sabe-se agora que nem a sabedoria dos velhos resiste a essa harmoniza��o facial �s avessas, esse peeling ao contr�rio.

Ladeira abaixo, vamos calculando os pit stops, sempre com o objetivo de melhorar: compramos um Marea, abrimos um bar, adquirimos im�veis na planta, apostamos em pir�mides, investimos numa bicicleta ergom�trica, elegemos o Bolsonaro. Aprender a perder � um curso aberto no qual se est� automaticamente inscrito assim que se bomba no Enem – � universal, gratuito, e tem cota pra todo mundo.

At� outro dia, o atleticano estava dispensado de cursar o ensino b�sico, fundamental e m�dio de tal disciplina – pulava logo ao doutorado, pois sua condi��o de hors-concours o impedia de competir com os demais.

Bastava-lhe o GNV, a carteirinha de s�cio-sofredor, para tornar-se apto a lecionar em Harvard, PhD que � no tema da desgra�a, ornit�logo com mestrado em corvos, meteorologista especializado nos raios que caem tr�s vezes no mesmo lugar. E, apesar dos pesares, o ateu que acreditava e o cego que s� enxergava a metade cheia do copo. Tendo aprendido a perder, o atleticano desenvolveu a f� capaz de rivalizar com a Tamisa – a f� que move montanhas.

Pois o ano de 21 ensinou o atleticano a ganhar. Como nunca antes na hist�ria deste pa�s. Ganhamos o Brasileiro depois de 50 anos, e levamos nossos mortos ao est�dio, aqueles que n�o viram. Vencemos a Copa do Brasil com os p�s nas costas e o cora��ozinho do Hulk nas m�os (a nossa revolu��o pac�fica, sob o comando de Hulkinho Paz e Amor). Ent�o, caminhamos em prociss�o � sede de Lourdes, nossa Meca, arrastando os corpos como zumbis sa�dos do Bonfim. Ganhar tanto � um teste de resist�ncia, um check-up de f�gado e uma apneia nas profundezas turvas do cheque especial. Sobrevivemos.

Veio 22, e... Embora j� se acumulem dois t�tulos, perdemos. E a impress�o que se tem � de uma dupla derrota: perdemos o jogo e a capacidade de saber perder. “Ainda bem”, dir�o os novos consumidores do futebol, para os quais s� a vit�ria consagra, s� ela interessa – a derrota � um defeito de fabrica��o, uma sacanagem pass�vel de queixa no Reclame Aqui, algo que n�o foi contratado e por isso eu vou chamar o Procon. Houvesse um SAC, o Servi�o de Atendimento ao Corneta, ter�amos o engarrafamento de chamadas. Cairia o sistema, o t�cnico, o presidente e os mecenas.

� justa a reclama��o geral contra o juiz no jogo de quarta-feira. Foi p�nalti, mas parece ter colado a mentira repetida mil vezes de que o Galo foi favorecido por penalidades fajutas – pronto, eis a urna inaudit�vel do ludop�dio nacional. At� a�, tudo bem, que cada um exer�a o direito ao esculacho da arbitragem brasileira, canalhas, ladr�es, CBF corrupta, Globolixo, malfeitores do Eixo, Wright fazendo escola. Se houve a VAR-Palmares, hoje tem o VAR-Palmeiras e o VARmengo, s� n�o v� quem n�o quer.

Agora, da� a pedir a cabe�a do Turco vai uma dist�ncia grande, aquela que dar� condi��o ao Hulk quando o VAR operar a gente outra vez. Pelo amor de Deus, o cara acabou de chegar, tem mais t�tulos do que derrotas, sejamos justos e merecedores de tudo o que vir� depois de removidas as montanhas. A soberba � prima-irm� da vaidade, e sabemos onde isso d�: quem anda cheio dela acaba por soltar foguetes em disputa de p�nalti com a S�rie C. Deus, existindo, que ilumine e guarde.

O poeta equivocou-se com a hist�ria de que distra�dos venceremos. Distra�dos, no m�ximo, empataremos – e o empate tem sido aquele Miojo com sach� de camar�o com alho, o sabor da derrota. Falta concentra��o, mas tamb�m a paci�ncia para que o Turco opere sua principal mudan�a, que � fazer do Nacho 22 o Zaracho de 21 – estrat�gia at� aqui exitosa. Nacho joga muito.

O atleticano acostumou-se a ganhar porque aprendeu a perder, � o bartender que melhor faz do lim�o uma limonada. “Quem gosta de t�tulo � cart�rio”, diz�amos quando das vacas magras na compara��o com o pasto do vizinho. N�o � bem assim. Mas era verdade esse bilete.

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