
Voc� tratou a jornada de retorno � S�rie A como algo f�cil? Em 100 anos, absolutamente nada para o Palestra/Cruzeiro veio sem luta, persist�ncia, cobran�a e apoio da torcida. Da funda��o, passando pelas conquistas e chegando ao soerguimento ap�s quedas, tudo foi no trabalho com as pr�prias m�os (e p�s) e muita resili�ncia. Bendito seja o torcedor cruzeirense preocupado em conhecer a hist�ria do seu clube, pois esse, sim, entende a vastid�o de motivos para amar eternamente essa institui��o.
Nesta semana, por exemplo, comemoramos 90 anos de um dos maiores triunfos do nosso centen�rio. Em 10 de agosto de 1930, num domingo frio de inverno, o Palestra mudaria para sempre a trajet�ria do futebol mineiro, destronando clubes elitistas e sagrando-se tricampe�o invicto. O estadinho do Barro Preto, completamente lotado, explodiu em palmas. O 8 a 0 sobre o Sete foi o cap�tulo final de uma batalha iniciada quatro anos antes, em 1926, quando atleticanos e americanos, “donos” da Liga Mineira, tentaram aniquilar o clube dos italianos, mas esse, sem sucumbir � trama, respondeu com t�tulo.
As bandeiras verdes, brancas e vermelhas passavam a tremular nas m�os de cada vez mais s�cios, torcedores e admiradores do clube dos italianos. Incomodou muito os clubes da aristocracia e de supremacia econ�mica da capital os “carcamanos” ensinando uma nova forma de jogar futebol. Assim come�ou o campeonato de 1928.
Para a cr�nica esportiva, Atl�tico de Lourdes e Am�rica eram os favoritos. Mas os domingos iam passando com centenas de pessoas descendo dos bondes a caminho do Barro Preto. Certos de mais um espet�culo da esquadra palestrina comandada por Matturio Fabbi. Num deles, 14 a 0 contra o Alves Nogueira, de Sabar�. Nin�o Fantoni anotou 10 gols e mal conseguiu deixar o gramado, abra�ado por torcedores.
Se nas arquibancadas o Palestra mantinha uma torcida apaixonada e em constante crescimento, no campo, o escrete atuava de forma espantosa. A ta�a veio num 6 a 1 sobre o Villa Nova. Foram 13 vit�rias e 92 gols, dos quais 85 marcados pelo trio Nin�o/Bengala/Zezinho. Terminaria f�cil assim? N�o! Cartolas da Liga e do Atl�tico de Lourdes ainda tentaram retirar – no tapet�o – o t�tulo incontest�vel do Palestra.
Na bola era imposs�vel parar o “Periquito” do Barro Preto. O campeonato de 1929 foi ainda mais encantador. Para a pen�ltima rodada estava agendado um Palestra e Atl�tico. N�o havia espa�o nas arquibancadas. A molecada pulava o muro e se escondia por baixo da madeira para conseguir ver de perto Nininho, Nin�o, Piorra, Bengala e Armandinho. O Palestra destruiu o advers�rio com um 5 a 2. Tornava-se bicampe�o.
O n�o abaixar de cabe�a para a Liga em 1926; os t�tulos de 1928/1929 e as centenas de moradores de Belo Horizonte, que mesmo n�o descendentes de imigrantes, passavam a torcer para o Palestra, tudo isso causava mais ira na cr�nica esportiva e na aristocracia. Foi nesse clima que o Campeonato da Cidade se iniciou, em 1930.
Depois de tr�s vit�rias seguidas, veio a partida em Lourdes. Logo, o Atl�tico daquele bairro abriu o placar. Durou pouco e o time dos italianos e oper�rios virou o placar. Mas como dito na abertura desses rabiscos, absolutamente nada para o Palestra/Cruzeiro vem de forma f�cil. O �rbitro anotou p�nalti para o time da casa. Nin�o, “O Tanque”, se revoltou e partiu pra cima do apitador. Eles erram, o Palestra vence, mas o maior artilheiro de todos os tempos acabou suspenso por seis jogos.
O Palestra se manteria nas vit�rias sem o seu maior jogador? Sim! Continuou derrubando os oponentes at� aquele 10 de agosto de 1930, h� 90 anos, quando nos sagr�vamos tricampe�es invictos. A in�dita conquista coroou a paix�o de uma torcida que criou um clube para representar sua capacidade de superar qualquer barreira.
Por isso, se nesta atual jornada voc� pensar em desistir ou acreditar que tudo ser� f�cil, beba um pouco da hist�ria do Cruzeiro/Palestra. Vai lhe dar um orgulho danado!