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Estado de Minas LUTO NO ESPORTE

Ouro com basquete no Pan de 1987, ex-piv� Gerson morre aos 60 anos

Ex-jogador da Sele��o Brasileira de Basquete lutava contra a Esclerose Lateral Amiotr�fica (ELA) e morreu em casa, v�tima de uma parada card�aca


postado em 30/04/2020 04:00

Longe das quadras, o ex-jogador Gersão mantinha contato com o basquete no quintal de sua casa(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press )
Longe das quadras, o ex-jogador Gers�o mantinha contato com o basquete no quintal de sua casa (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press )


O esporte brasileiro, em especial o basquete, d� adeus a um de seus maiores jogadores. G�rson Vitalino, o Gers�o, morreu ontem, aos 60 anos, em sua casa, enquanto dormia, v�tima de uma parada card�aca. Ele come�ou a carreira no Gin�stico, mas foi um dos destaques da Sele��o Brasileira na conquista da medalha de ouro dos Jogos Pan-Americanos de Indian�polis’87, quando o Brasil venceu os EUA, na final, por 120 a 115, na prorroga��o. Seus �ltimos dias foram de sofrimento, pois em meados do ano passado foi diagnosticado com esclerose lateral amiotr�fica (ELA), doen�a que afeta o sistema nervoso de forma degenerativa e progressiva, acarretando em paralisia motora irrevers�vel. A hist�ria de Gers�o com o basquete come�ou quando um ex-treinador do Gin�stico, Luis Carlos Dias Corr�a, o Lu, ficou sabendo, por meio de um funcion�rio do Col�gio Santo Agostinho, que ele tinha um vizinho jovem e enorme, com mais de dois metros de altura. “Era o seu Raimundo, a quem pedi que o levasse at� o col�gio. E ele fez isso. Quando vi, fiquei impressionado e n�o tive d�vidas, levei pro Gin�stico”, lembra Lu. A not�cia do “menino gigante” se espalhou no Gin�stico e todos ficaram fascinados e curiosos em v�-lo. Marcado o dia do primeiro treino, as arquibancadas ficaram lotadas. Todos queriam ver a novidade. Logo que Gers�o chegou, o treinador da equipe principal, Elmon Rabelo, ficou fascinado. Mas o primeiro treino, quem fez quest�o de dar foi um ex-jogador e, naquela �poca, dirigente do clube, Gast�o Sette C�mara. Ele ensinou Gers�o a quicar a bola e arremessar. Mas quando foi ensin�-lo a fazer a bandeja, ocorreu um acidente. Gers�o correu e ao saltar para a cesta, bateu com a cabe�a na tabela. Caiu nervoso: “Esse tal de basquete � muito perigoso. J� machuquei”.
 
O ex-atleta conseguiu transmitir o amor pelo esporte ao filho Bryan, que atualmente é jogador da base do Ginástico(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
O ex-atleta conseguiu transmitir o amor pelo esporte ao filho Bryan, que atualmente � jogador da base do Gin�stico (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
 

O CRESCIMENTO 

Foi um baque para o gigante, mas o treinador Elmon Rabelo se encantou com ele. Decidiu trein�-lo e para que Gers�o n�o desistisse, como chegara a comentar com companheiros, ia busc�-lo em casa. “Gers�o foi um dos cinco maiores jogadores que treinei. Ele, Bruno Ladeira, Rodrigo Viegas, S�vio e Renato Lamas. O sexto seria outro piv�, Fab Melo, que infelizmente faleceu no ano passado.” Gers�o estreou no Gin�stico em 1979. Foi campe�o mineiro em 1979, junto com Bruno, Marcelo Cenni, Ricard�o, Luiz Gustavo, comandado por Elmon Rabelo, num jogo contra o Minas, decidido na prorroga��o.

O PRESENTE DE OSCAR 

Em 1981, ainda como jogador do Gin�stico, veio a primeira convoca��o para a Sele��o Brasileira, o que se tornaria uma rotina at� 1994. E nessa convoca��o, uma surpresa. Gers�o caiu nas gra�as de Oscar. Na apresenta��o, em S�o Paulo, ele foi levado por um diretor do Gin�stico, Geraldo Alo�sio Dufles Teixeira. Um por um, os jogadores s�o chamados, no grande sal�o, onde aconteceu a apresenta��o. E quando o chamam, todos se impressionam, pois ele era muito grande: 2,10m.
Terminada a apresenta��o, Oscar se aproximou de Gers�o e o v� segurando uma sacola. Pergunta o que � aquilo. Ele diz que era seu t�nis. Pede para ver e quando Gers�o mostra, se surpreende. Era um t�nis de futebol de sal�o, da marca Equipe. Oscar, ent�o, pergunta se era com “aquilo” que ele jogava. A resposta afirmativa foi seguida de uma explica��o. “L� em Belo Horizonte n�o tem t�nis de basquete para o tamanho do meu p�. Ent�o, um amigo do Gin�stico, que tem uma loja de esportes, o Campista, mandou fazer.” Oscar, que cal�ava o mesmo n�mero do piv�, o leva at� sua casa e l� lhe d� dois pares da marca Pony, deixando Gers�o feliz da vida.
Logo depois da Sele��o, Gers�o foi para o Corinthians. Depois, defendeu o Monte L�bano, Len��is Paulista, e foi para a Espanha, onde jogou pelo TDK. Quando retornou ao Brasil, jogou novamente pelo Corinthians, depois Jales, Minas, Sport e Clube do Remo, seu �ltimo clube, em 2002.

Gersão sendo homenageado pelo clube Ginástico por sua atuação nos jogos Pan-Americanos em Caracas(foto: Arquivo EM/D.A Press)
Gers�o sendo homenageado pelo clube Gin�stico por sua atua��o nos jogos Pan-Americanos em Caracas (foto: Arquivo EM/D.A Press)

O GRANDE MOMENTO 

Na Sele��o Brasileira, um momento especial, quando dos Jogos Pan-americanos de Indian�polis’1987. Gers�o foi um dos convocados do t�cnico Ari Vidal, ao lado de Oscar, Marcel, Guerrinha, Israel, Maury, Cadum, Paulinho Villas-Boas, S�lvio, Rolando, Andr� e Pipoca. Na apresenta��o, para o in�cio dos treinos, Ari Vidal chama Gers�o e lhe diz: “Voc� vai pra pegar rebote. � o que precisamos. N�o tem de ficar fazendo cesta. Precisamos de rebote”.
O Brasil foi avan�ando, derrubando advers�rio por advers�rio e chegou � final contra os donos da casa, que tinham como destaque ningu�m menos que um dos maiores piv�s da hist�ria de seu basquete: David Robinson, que fez hist�ria no San Antonio Spurs e na Sele��o dos EUA, ganhando um Mundial e dois ouros ol�mpicos. Na final, Gers�o foi o destaque. Foi o reboteiro do jogo e ainda marcou 12 pontos. O Brasil fazia hist�ria, ganhava dos EUA, dentro de seus dom�nios, com Gers�o.
 

VOLTA PARA CASA 

Posteriormente, ao encerrar a carreira, Gers�o voltou primeiro para S�o Paulo e l� trabalhou como instrutor de basquete da prefeitura municipal. Mas ele queria voltar para casa, para sua Belo Ho- rizonte. O Gin�stico, ent�o, o convidou para traba- lhar. Ele se tornou assistente t�cnico das equipes de base. Seu objetivo era ser treinador e revelar jogadores, assim como fizeram com ele. E o clube o ajudou nisso. Mas Gers�o ficou doente. Estava com ELA. O clube o ajudou, assim como seus amigos do Gin�stico. � gra�as a essa ajuda, ele foi levado para a Faculdade de Medicina da UFMG, onde fazia suas consultas e o tratamento. Mas Gers�o foi ficando fraco, debilitado. H� uma semana, perdeu o equil�brio e caiu dentro de casa, batendo a cabe�a e sofrendo um corte. Foi levado a um hospital e ficou 12 horas em observa��o, retornando para casa, de onde n�o saiu mais. Seus �ltimos dias foram do quarto para a sala e da sala para o quarto.
 
Gérson com o ex-treinador Elmon Rabelo, que percebeu seu potencial e o revelou para o basquete(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
G�rson com o ex-treinador Elmon Rabelo, que percebeu seu potencial e o revelou para o basquete (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
 

O ADEUS 

Gers�o era casado com Jandira Alves de Souza Vitalino, com quem teve dois filhos: Aretha, de 18 anos, que joga v�lei no Beneditine College, nos EUA, e Bryan, de 15 anos, que � jogador da base do Gin�stico. Al�m deles, teve outros cinco filhos: Pollyana, Gersinho (jogador de basquete 3x3), Joyce (ex-jogadora de v�lei), Taciana e Michael. Seu corpo ser� sepultado hoje, �s 11h, no Cemit�rio Parque Renascer.

HOMENAGEM 

O Grupo Amigos do Gers�o, formado por seus amigos no Gin�stico, anunciou que vai continuar o trabalho de capta��o de recursos, que agora ser�o destinados aos familiares do ex-jogador. O ex-armador Cadum, companheiro de Gers�o na conquista do ouro em Indian�polis’87, disse que a Sele��o que disputou o Pan vir� a Belo Horizonte para realizar um jogo enfrentando os veteranos do Gin�stico e convidados, cuja renda ser� revertida para a fam�lia do ex-piv�. (Com informa��es do Estad�o)
 
 

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