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Estado de Minas DA ARQUIBANCADA

O Cruzeiro sempre ser� a poesia do futebol na hist�ria do esporte

Sem o Palestra/Cruzeiro, o futebol mineiro n�o seria nada al�m de um regional com lampejos de ef�mero. Coube a ele romper paradigmas


14/10/2020 04:00 - atualizado 14/10/2020 02:02

Conquistas de títulos projetaram o gigante celeste nos cenários nacional e internacional nas últimas décadas(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press - 17/10/18)
Conquistas de t�tulos projetaram o gigante celeste nos cen�rios nacional e internacional nas �ltimas d�cadas (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press - 17/10/18)
O futebol moderno � o sexo sem tes�o. � a F�rmula 1 como esporte das emo��es, onde apenas a frieza do dinheiro transforma artificialmente, temporariamente e da noite para o dia, um eterno retardat�rio numa Ferrari, um cavalo paraguaio numa McLaren. Sem nos darmos conta de que junto vem a morte lenta da arte, do imprevis�vel, do sobrenatural, do inimagin�vel, do g�nio capaz de levar um time esfacelado � gl�ria.

A receita automobil�stica j� flerta com o futebol brasileiro h� alguns anos. O descompasso da Parmalat na d�cada de 1990. O pr�prio Palmeiras com a inje��o de milh�es vindoS do empr�stimo de dinheiro a pessoas pobres a juros exorbitantes. E definitivamente consolidada com a Rede Flamengo de Televis�o de 2019, ap�s quatro d�cadas de privil�gios midi�ticos e governamentais n�o aproveitados.

Desistir da sobreviv�ncia do futebol raiz frente a esse cen�rio desolador, confesso, � decis�o j� tomada por mim h� alguns anos. Meu �ltimo tempo perdido com o futebol europeu, por exemplo, vem da �poca do Campeonato Italiano, transmitido pela Bandeirantes, nas manh�s de domingos, quando cada time podia contar apenas com tr�s estrangeiros no elenco.

Por�m, na �ltima semana, em meio ao meu silencioso desprezo pelo futebol moderno, me deparei com a genialidade do poeta Fabr�cio Carpinejar. Esse colorado de cora��o, mineiro por ado��o e cruzeirense por sinergia da alma. “N�o desistam do Cruzeiro”, pedia ele, logo aos primeiros rabiscos de uma verdadeira ode ao futebol arte.

Inconceb�vel pensar nessa hip�tese, logo pensei em repond�-lo, num abra�o imagin�rio. Ao qual completaria dizendo: a hist�ria do Cruzeiro � exatamente a s�ntese das pelejas repletas de arte, de escretes po�ticos, das vit�rias com gozo.

Sem o Palestra/Cruzeiro, o futebol mineiro n�o seria nada al�m de um regional com lampejos de ef�mero. Coube a ele romper paradigmas e materializar os inimagin�veis. O de que os imigrantes e trabalhadores bra�ais da capital mineira podiam ter o seu pr�prio time para torcer e jogar. O de que as gl�rias n�o eram poss�veis apenas para clubes da elite aristocrata. O de apresentar Minas Gerais ao cen�rio nacional do futebol, na d�cada de 1960, e ao mundo, dez anos depois. O de dar aos mineiros a oportunidade de terem o maior clube do futebol brasileiro fora do tradicional eix�o RJ-SP.

Desistir do Cruzeiro?


Desde os absurdos cometidos internamente pelo c�ncer da gest�o Wagner Nonato Pires Machado de S�, todos os dias, surgem motivos que poderiam justificar essa desist�ncia. Herdamos e cultivamos um mar de espinhos e obst�culos.

Ora o clube est� � beira do colapso financeiro irrevers�vel, ora descobre um novo esqueleto deixado no arm�rio. Ora o sil�ncio de um departamento de futebol sem rumo, ora diretores adeptos ao modo sapat�nis de ser ou ao mundo dos likes, como meninos mimados, se dando ao disparate de diminuir torcedores de arquibancada pelo fato de n�o aceitarem cr�ticas. Ora uma derrota para o Sampaio Correia, ora um empate contra o lanterna. Ora o cuspe na cara da hist�ria do clube dos imigrantes e trabalhadores, quando se entrega um manto sagrado a um pol�tico, ora a dispers�o da torcida.

Mas desistir do Cruzeiro?


Querido, Carpinejar, desistir do Cruzeiro seria abdicar do imprevis�vel, do g�nio capaz de levar um time esfacelado � gl�ria, da luta pelo inimagin�vel. Seria se entregar a F�rmula 1, ao burocr�tico, aos caprichos da burguesia endinheirada, aos tristes personagens aristocratas da hist�ria. Seria negar que as “estrelas servem para brilhar, n�o para serem guardadas na gaveta”.

Por isso, querido colorado celeste das Alterosas, enquanto houver tes�o pelo inesperado da vida, teremos poetas. E existindo a m�nima chance de se ter poesia no futebol, haver� o Cruzeiro.

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