Quantos garotos e meninas sonharam um dia serem um(a) jogador(a) do Cruzeiro? Ladear um �dolo em campo; ser entrevistado � beira do gramado; marcar o gol do t�tulo ou mesmo estar frente a frente com o coleguinha de pelada e lhe dar um aut�grafo: “Para o meu vizinho Jos�, um abra�o do �dolo, Jo�o”.
Passei a inf�ncia na minha Mariana me imaginando sendo o Hamilton. Camisa 9. Goleador numas, fazedor de raiva noutras. Mas para um apaixonado pelo Cruzeiro da segunda metade da d�cada de 1980, como eu, Hamilton entrava nesse escrete. Ao me planear um jogador do time estrelado, me colocava em seu lugar.
Hamilton estava sempre escalado no meu time de jogo de bot�o nos torneios da Rua Santana ou no Beco da Banqueta. N�o tinha apenas bot�es com o pavilh�o do Cruzeiro. A dupla de zaga eram dois galalaus vermelhos, com o escudo da Sele��o da Espanha. No meio campo, um bot�o cl�ssico, baixo, de pontas lisas, verde e com a bandeira do Sporting, time onde, �quela tempo, atuava William Douglas, um dos maiores camisas 5 de nossa hist�ria.
Do Cruzeiro mesmo, apenas tr�s �dolos daquela �poca: o goleiro Gomes (o primeiro, n�o o de 2003) numa caixinha de f�sforos, o maioral Balu com a n�mero 2 e Careca, um dos maiores camisa 10 de nossa hist�ria, ao lado de Dirceu Lopes e Alex. E claro, eu, o Hamilton, artilheiro de quase todas as competi��es da molecada.
Sonho e time de bot�o s�o dois artigos aos quais temos a chance de montar como bem quisermos. E por que eu n�o escolhi ser Balu ou Careca? Porque queria estar ao lado deles, e n�o ocupando seus espa�os. Afinal de contas, qual gra�a teria ser o Douglas e n�o t�-lo como meu companheiro de escrete?
Como nunca fui bom de bola (tornei-me o pior lateral-esquerdo da hist�ria do meu alviverde Guarany de Mariana), para estar perto dos meus �dolos e do Cruzeiro lutei para me tornar jornalista. Afinal, da�, poderia estar � beira do gramado entrevistando Careca, Balu e o pr�prio Hamilton.
Assim, cheguei at� aqui como rabiscador dessa cr�nica semanal; tive a oportunidade de escrever livros sobre o Cruzeiro e, o mais apaixonante de tudo, pude participar da produ��o de diversos filmes sobre a maior torcida de Minas Gerais. Nesse caso, gra�as aos companheiros do Coletivo 1921, um grupo de profissionais de comunica��o e de cinema dedicado a registrar em audiovisual as mem�rias e personagens do time celeste.
Em 2017, quando se completaram 20 anos do recorde imbat�vel de p�blico no Mineir�o, lan�amos “Eterno”. Dois anos depois, em 2019, ap�s uma campanha em que centenas de torcedores financiaram a produ��o de mais um filme, estreamos “Azul Escuro”, contando a emocionante hist�ria do Seu L�cio, um cruzeirense cego que vive na Amaz�nia.
Ambos os filmes do Coletivo 1921 foram selecionados para participar do Cinefoot, maior festival de cinema de futebol da Am�rica Latina. At� ent�o, nenhuma outra produ��o sobre o Cruzeiro havia conquistado tal honraria.
N�o parou por a�. “Azul Escuro” foi o vencedor do Cinefoot de 2019, enchendo salas de cinema de Belo Horizonte. Era como se estiv�ssemos conquistando a Libertadores da Am�rica da s�tima arte.
Nesta semana, foram divulgados os selecionados para a mostra competitiva do Cinefoot 2021. A Na��o Azul est� representada novamente. “Em busca da hist�ria do Cruzeiro”, filme produzido pelo Instituto Palestra Italia para celebrar o centen�rio do Time do Povo Mineiro, disputar� o caneco com outras oito obras do Brasil, Argentina, Chile, M�xico e at� da Espanha e do Reino Unido.
Ao Coletivo 1921 e ao Instituto Palestra Italia, meu salve por me permitirem fazer parte dessa hist�ria Me senti novamente sendo o Hamilton em meio a tantos Gomes, Balus e Carecas. Se o Cinefoot � o maior festival da Am�rica da Latina, vamos trazer o bi dessa Libertadores para o Cruzeiro!
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Para assistir a “Em busca da hist�ria do Cruzeiro”: https://www.youtube.com/watchv?=q67VTbH3tzo
Para assistir a “Azul Escuro”: https://www.youtube.com/watchv?=kK9Exw793Sg
Para assistir a “Eterno”: https://www.youtube.com/watchv?=tBFZaoz-0_A