
Domingo vivi uma das ressacas mais hom�ricas – por�m, saud�veis – dos �ltimos seis anos. No dia anterior, depois de abra�ar as companheiras e os companheiros da nossa Confraria Celeste, no Bairro Flamengo, no Rio de Janeiro, fui dormi embriagado de alegria pela estupenda vit�ria sobre o Santos, a terceira consecutiva no Brasileir�o. Acordei cantarolando o “n�s somos loucos, somos Cruzeiro”. Vesti o manto sagrado e, com o sabor de ocupar temporariamente a lideran�a do campeonato, rumei para o aeroporto. Queria chegar em Belo Horizonte com o peito estufando as cinco estrelas mais lindas do universo sideral!
Na capital mineira, o c�u estava azul celeste. Fui at� a Savassi, onde n�s, multicampe�es, j� comemoramos tantos t�tulos. Queria comer feij�o tropeiro e abra�ar outros cruzeirenses. Sentei na birosca, pedi minha gelada para rebater. No primeiro gole, o querido Jorge, gar�om dos mais boas pra�as, bem ao estilo de um Dirceu Lopes, me bateu nos ombros. Sem dizer uma palavra, apenas com os olhos e o sorriso preso, disse, em sil�ncio, “o nosso Cruzeir�o voltou”.
Jorge, como eu, � filho do interior de Minas Gerais, onde o Cruzeiro � soberano. Eu de Mariana e ele, de Conselheiro Mata, terra linda do sert�o mineiro, repleta de cachoeiras e gente hospitaleira. Pedi mais uma a ele. Foi quando escutei dele algo genial: “Estamos ganhando anticorpos contra as derrotas.”
Inebriado pela poesia das palavras de Jorge, mergulhei a mente no filme da quase-morte do Cruzeiro. Voltei a 2019, quando fomos v�timas de uma tentativa de assassinato por parte da organiza��o criminosa instalada dentro do clube na gest�o Wagner Nonato Pires Machado de S�. Como sabemos, vivemos os dois anos seguintes esfacelados. Um corpo decr�pito respirando por aparelhos no CTI.
Em 2022, o doente despertou do coma. O encaixe entre time, comandante Pezzolano e as arquibancadas foi como um coquetel de vacinas, dando ao nosso escrete os primeiros anticorpos necess�rios para enfrentar as intemperes da longa temporada. N�o s� retornamos ao local de onde nunca dever�amos ter sa�do, como tamb�m “deixamos o CTI e fomos para o quarto do hospital”, na analogia feita pelo pr�prio Ronaldo Fen�meno.
Come�amos 2023 com um elenco bem longe de suportar o ataque de bact�rias e v�rus ainda mais potentes da S�rie A. Tudo tendia a nos derrubar novamente, com a piora do nosso quadro cl�nico no horizonte pr�ximo. Por�m, veio um desconhecido “m�dico” portugu�s, boa pra�a e otimista.
Pepa abriu sua maleta de vacinas e imp�s um tratamento preventivo em busca de novos anticorpos: saber defender; ter reflexos para aproveitar os contra-ataques; ter cautela e canja de galinha para celebrar as melhoras e principalmente, manter a estima elevada porque n�o tem rem�dio melhor do que a alegria.
Contra o Santos, provamos a efic�cia dos anticorpos. O empate sofrido aos 12 minutos do segundo tempo poderia ter nos tirado o �mpeto e nos derrubado novamente no leito frio de hospital. Mas embalado pela arquibancada, o escrete de Pepa provou estar com o corpo sarado. N�o se abateu. Partiu para cima sem batimentos card�acos acelerados ou respira��o ofegante. Continuo tocando a bola com maestria e voltou a estar � frente do placar. Vencemos num cen�rio onde, outrora, tomar�amos a virada repleta de sequelas.
Contra o Fluminense, na noite de hoje, vamos receber outra dose de novos anticorpos, extremamente necess�rios para manter nosso quadro cl�nico de melhora progressiva. O Cruzeiro teve alta m�dica e poder� voltar para casa, o Mineir�o. Eu, meu amigo Jorge e toda a Na��o Azul estaremos de bra�os abertos para cuidar do nosso gigante.
SORTEIO DE CAMISA AUTOGRAFADA POR TOST�O, DIRCEU LOPES E PIAZZA
O Marden sofre de Esclerose Lateral Amiotr�fica (ELA) e para custear seu caro tratamento, est� rifando um manto sagrado autografado pelos monstros sagrados Tost�o, Dirceu Lopes e Piazza. Para ajuda-lo e ao mesmo ter ser o dono dessa joia rara, acesse o link da campanha: https://www.instagram.com/p/Cr9jB5POjg-/igshid?=NjZiM2M3MzIxNA==