“Eventos cancelados. Abra�os adiados. Projetos suspensos. Ruas vazias vistas pela janela. E uma afli��o que insiste em me fazer companhia.
O coronav�rus chegou para pausar nossas vidas, ressignificar nossas rela��es e nos lembrar o que n�o podemos deixar de lado: a responsabilidade coletiva, a empatia e a solidariedade.
Chegou a hora do “n�s” virar sujeito novamente e reger os nossos solit�rios (e descompassados) dias, em detrimento
do t�o apressado “eu”. Momento de olhar para o mundo e para o outro com generosidade, ajudar os idosos e pessoas em situa��o de risco, e tentar, ao mesmo tempo, manter nossa pr�pria sanidade e esperan�a.
Desafiador? Eu diria que sim.
Enquanto escrevo estas linhas, vejo os compromissos desmarcados na agenda, os textos que mudaram automaticamente de tema, a bagun�a da casa sem diarista e o espa�o livre que chega, atrevido, e me faz pensar al�m da conta...
A verdade � que n�o me incomodo em ficar sem sair de casa, muito pelo contr�rio: a reclus�o � amiga da minha escrita (e do meu signo solar). O que d�i � ficar longe de quem a gente gosta, n�o poder abra�ar nossos pais, n�o cumprimentar com um beijo, n�o passar os dias sem se preocupar, n�o poder ajudar todo mundo que precisa – efetivamente – de ajuda. D�i ficar em alerta o tempo todo, porque essa apreens�o nos lembra que a vida � breve.
E a brevidade da nossa exist�ncia, que nos inquieta em situa��es como esta, tamb�m nos faz mudar individualmente. Nos torna seres humanos mais emp�ticos e faz do planeta uma extens�o da nossa pr�pria evolu��o.”
• Fernanda Mello
Escritora