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Estado de Minas Di�rio da quarentena

Esque�a a obriga��o de ser feliz dos livros de autoajuda

Psic�loga Ana Paula Abreu Machado conta como enfrenta os dias da pandemia com os p�s na realidade, sem perder a esperan�a


16/09/2020 04:00 - atualizado 15/09/2020 20:15

Ana Paula Abreu Machado
Psic�loga


Vivemos no mundo moderno de intelig�ncias artificiais, revolu��o digital, medicina rob�tica, conex�es 5G e algoritmos. Recursos que mais sabem e ouvem (ou parecem ouvir) o que dizemos e queremos para sugerir algo por meio de nossos smartphones. Na ilus�o pueril de que t�nhamos o controle de tudo, fomos surpreendidos por um v�rus t�o devastador!

Inimigo poderoso de tamanho �nfimo, que n�o sabemos quando ou onde vai nos atacar. Verdade escancarada: este controle n�o � poss�vel. Passamos a viver sem um norte, sem poder fazer planos de curto ou longo prazo. Confinados em nossas casas, os novos bunkers tamb�m se tornaram escolas, escrit�rios e playgrounds.

Vai passar. Novo normal. Rapidamente, essas express�es viraram os novos clich�s, repetidos como mantras nos mais diversos cen�rios. Desesperados, tentamos acessar f�rmulas antigas para construir um novo manual de instru��es.

Not�vaga, passei madrugadas na varanda contemplando um sil�ncio ensurdecedor. Observei incont�veis vezes o tempo de o sem�foro abrir e fechar, sem que nenhum carro passasse. Pouqu�ssimas luzes acesas. Est�vamos eu, Deus, meus medos, fantasmas e pesadelos. Chorei. Chorei no banheiro. Chorei sozinha. Chorei junto.

Constrangida com a percep��o de que o tempo passou a correr bipolarmente, assim como eu, que oscilei do ativismo fren�tico � prostra��o total. Estabeleci limites: como eu alimentaria a minha mente?. Gosto de ler livros e estar atualizada sobre os acontecimentos por meio de diversas fontes.

Logo no in�cio da quarentena, dei audi�ncia a vers�es sadomasoquistas de notici�rios, aqueles que esmi��am a desgra�a at� o telespectador estar com o peito cheio de ang�stia, palpita��es, suspiros e sem nada poder fazer por aquele que sofre. Infelizmente, o ser humano n�o tem prazer s� em coisas boas.

Bicho-homem esquisito! Sabiamente interrogado no lindo poema de mesmo nome, de Francisco de Carvalho, musicado por Raimundo Fagner. Falando em limite terap�utico, ap�s muitos anos e muitas resist�ncias, voltei a fazer an�lise. On-line: algo que seria surreal, n�o fosse o contexto atual.

Desde a inf�ncia, encantada pela palavra escrita e suas entrelinhas, aprendi a falar atrav�s do papel. Confession�rio. Coser sem agulha, linha e tecido. Ferida aberta, cicatriz, cura, parto e al�vio. Tudo junto. Tenho costurado bastante!

Dilema: como ser� a vida p�s-pandemia?. Como alegrar-nos em meio a tantas trag�dias e mortes? Lembrei-me do significado de empatia, com o qual nunca concordei. A empatia � limitada pela pr�pria humanidade. Posso ser uma pessoa sens�vel, generosa, engajada em a��es sociais e me compadecer da dor do outro, mas jamais saberei o que � estar em seu lugar.

N�o sei o que � o sofrimento dele – o que n�o me impossibilita de lhe estender as m�os. O limite do n�o saber n�o diminui as possibilidades de ajuda. Pelo contr�rio. Aprendi com a d�diva divina da maternidade que � preciso estar bem para cuidar de algu�m.

Deleite-se com a vida! Esque�a a obriga��o de ser feliz dos livros de autoajuda e receitas de bolo coaching! Overposting de felicidade s� existe no mundo virtual. Acorde e escute Lenine: “A vida � t�o rara!”. Enfeite sua casa com flores, arrume uma mesa bem bonita e saboreie a fam�lia reunida!

Setembro chegou! Fomos acordados do nosso devaneio de estabilidade e confrontados com a permeabilidade do mundo, onde os limites s� estavam mesmo nos mapas. Temos uma chance �nica de reinventar um mundo mais criativo e respons�vel. Confesso que me senti subversiva levando os meus filhos � pracinha no �ltimo fim de semana... Munida do novo kit de cuidados, viva!

*Em refer�ncia � letra da m�sica Sol de primavera, de Beto Guedes e Ronaldo Bastos

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