Nestes tempos de incertezas e recolhimento, al�m de reler v�rios livros, muitos h� anos adormecidos nas estantes, voltei-me tamb�m para outra paix�o antiga, a m�sica, nascida da minha conviv�ncia com o mestre Carlos Felipe, na editoria de Pesquisas do EM, na Rua Goi�s, onde a gente trabalhava.
Para iniciar essa fant�stica viagem, que � infinita, e s� para ficar em Minas, revi toda a obra de Milton Nascimento, e sua parceria com Fernando Brant. A jornada, que sugiro a todos, prosseguiu com Tavinho Moura, do qual ouvi o belo Cd Minhas can��es inacabadas.
Tavinho, que me honrou com o convite para participar do seu livro P�ssaros poemas – aves da Pampulha, no qual escrevi sobre um passarinho esperto, o jo�o-graveto, � um artista genial. Assim como Tadeu Franco, que � dono de uma das vozes mais bonitas da MPB, cuja obra tamb�m revisitei com encantamento. A Tadeu devo o nome do meu primeiro romance, A dan�a dos cabelos, que vem a ser t�tulo de uma can��o sua, apresentada a mim durante uma ida nossa a Diamantina, e a ele sempre serei agradecido.
Celso Adolfo, filho genu�no de S�o Domingos do Prata, me veio em seguida, e dele escutei, de uma “sentada”, tr�s discos, entre eles o belo Estrada Real de Villa Rica, para da� a pouco, na mesma toada, me deliciar com Imagin�rio roseano, de Rodrigo Delage, Jo�o Ara�jo e Geraldo Vianna. Desse �ltimo, ouvi o Cd ... Era madrugada, quase todo autoral, e, na sequ�ncia, sem saber que a produ��o, arranjos e dire��o musical eram suas, coloquei na “vitrola” um lindo disco de Graziela Cruz, autografado para mim, em 2008, “com carinho musical e po�tico”, ap�s me conceder uma entrevista.
De outro Vianna, o Marcus, me encantou escutar de novo as trilhas sonoras das novelas A idade da loba e Pantanal, para, em seguida, silenciosamente, prestar uma homenagem ao talento e � sensibilidade de outro artista excepcional, Dado Prates, que nos deixou h� alguns meses, e ouvir seu Cd Brasilidade. Na capa, uma foto sua de gravata, olhos baixos e segurando o saxofone, que, durante toda a vida, foi seu instrumento de trabalho. Como � o viol�o para Paulinho Pedra Azul e Ladston Nascimento, dois outros grandes talentos dessas Minas, assim como para os irm�os Juarez e Celso Moreira, filhos queridos, para lembrar M�rcio Rubens Prado, da boa cidade de S�o Miguel e Almas de Guanh�es.
Nessa viagem que n�o termina, j� que a m�sica mineira, como a pr�pria Minas, � infinita, tamb�m me fizeram companhia, nesses dias de incertezas e solid�o, entre tantos outros, a arte e o talento de Rubinho do Vale, Titane, Beto Guedes, Toninho Horta, C�lio Balona, Leci Estrada, Titi Walter, D�a Trancoso, Affonsinho, L�gia Jaques, com seu lindo Choro cantado, Toninho Camargos e Chico Amaral, com quem tive a alegria, durante anos, de compartilhar espa�o como cronista aqui no Estado de Minas.
Carlos Herculano Lopes
Escritor