Di�rio da quarentena

"M�dicos, enfermeiras, estudantes transitando pelos corredores com todos os equipamentos de prote��o %u2013 a troca se fazia pelo olhar"
De volta ao hospital
Camila Cardoso Lanza
estudante de medicina da PUC Minas
Depois de 200 dias desde o in�cio do meu confinamento, retorno �s atividades pr�ticas em um hospital.
O sexto per�odo era muito esperado, as expectativas eram altas, pois pela primeira vez iria com maior frequ�ncia a um hospital, estando mais em contato com a realidade da profiss�o que escolhi seguir.
Entretanto, em mar�o, o isolamento social foi priorizado como uma medida mais r�gida para impedir o avan�o do coronav�rus – dessa forma, tudo acabou sendo adiado. Encontrar meus amigos diariamente, atender o paciente, passar de quarto em quarto com o preceptor, atravessar a rua e j� chegar � faculdade, coisas simples que eram rotina subitamente foram retiradas da minha agenda.
Logo quando foi decidida a paralisa��o das escolas e universidades, minha faculdade j� iniciou as aulas em regime remoto, dando continuidade ao semestre. Assim, precisei me adaptar a esse novo meio de ensino e me surpreendi positivamente, as aulas te�ricas foram muito bem trabalhadas pelos professores, sempre dispostos a ajudar em caso de dificuldade. N�o era o ideal, mas o melhor que poderia ser feito. Aos poucos, a familiariza��o com o sistema ser� ainda maior, possibilitando, assim, perspectivas para que o m�todo tecnol�gico caminhe com o ensino presencial em um mundo p�s-pandemia.
Hoje, ap�s sete meses, aconteceu o meu retorno ao hospital. O cen�rio de meses atr�s ainda permanece o mesmo. Nesta manh�, acordei animada e bem cedo para o recome�o ap�s o longo per�odo. �s 5h j� estava pronta para partir. O frio na barriga era o mesmo dos primeiros atendimentos no ciclo b�sico. Durante o caminho, fui conversando com meu pai, que tamb�m estava com grandes expectativas, assim como todos ao meu redor, pois sabiam o qu�o importante era para mim este retorno.
Ao chegar, observei que o movimento no hospital parecia tranquilo: m�dicos, enfermeiras, estudantes transitando pelos corredores com todos os equipamentos de prote��o – a troca se fazia pelo olhar.
Meu grupo foi conduzido ao audit�rio, onde seriam repassadas as informa��es sobre a nossa volta. Foi explicado que ao entrar no quarto de um paciente com COVID-19, devemos manter as medidas de higiene e prote��o individual adotadas para o influenza, o v�rus da gripe, o que envolve vestir avental, m�scara e luvas. Com um diferencial: o uso dos �culos de prote��o e faceshield para evitar a infec��o atrav�s dos olhos. Depois de todas as orienta��es e de conhecer a equipe, senti que est�vamos prontos e seguros para prosseguir o nosso est�gio.
Os atendimentos est�o recome�ando, temos novas informa��es, nos reestruturamos e nos adaptamos ao novo contexto. Aos poucos, vamos retornando � nossa rotina, diferente de meses atr�s, mas com a certeza de que essa experi�ncia ser� muito proveitosa e importante para nossa forma��o pessoal e profissional.