
Alexandre Vasconcelos
Contrarregra
Gastronomia � uma das caracter�sticas marcantes da fam�lia de Alexandre Vasconcelos, de 57 anos. Mineiro do Serro e parente de dona Lucinha, o ex-bailarino do Grupo Corpo tem lembran�as dos tempos em que era crian�a e ajudava a m�e, Maria Murta Vasconcelos, na cozinha. Mas nunca levou a atividade a s�rio. J� adulto, tomou gosto pela tape�aria, of�cio que sempre ocupou suas horas vagas, que, at� antes da pandemia, eram rar�ssimas.
Alexandre dan�ou no Grupo Corpo por 10 anos, entre 1988 e 1999, quando trocou o palco pelo bastidor. Desde o in�cio deste mil�nio, ele � a figura querida pelos bailarinos. Al�, como � carinhosamente chamado pela trupe, cuida de todos os detalhes do figurino para que estejam sempre perfeitos e bem cuidados. Nos ensaios, ele est� com olhar atento �s botas e sapatilhas do elenco.
Veio a pandemia e, com ela, o fim da rotina a que estava acostumado. As turn�s nacionais e internacionais foram canceladas. Ele conta que est� come�ando a organizar o figurino de Lecuona, espet�culo que estaria na programa��o de anivers�rio do Grupo Corpo, quando tudo parou. "Foi muito assustador. Eu sempre fui muito ativo, sempre com muito trabalho, muita viagem pelo Brasil e pelo exterior", comentou, em refer�ncia � agenda da companhia de dan�a mineira, que tinha apresenta��o agendada para outubro passado com a Filarm�nica de Los Angeles regida por Gustavo Dudamel, na sede da orquestra.
Para driblar dias ociosos, o ex-bailarino decidiu dar uma organizada geral no acervo dos figurinos de todos os bal�s no dep�sito da companhia. Tarefa que ele desempenhou durante os meses de agosto e setembro. Foi a� que ele decidiu encarar um curso de comida italiana. O resultado foi um sucesso. Os primeiros pedidos foram dos vizinhos do pr�dio onde mora, no Anchieta, depois os sobrinhos, os amigos e a turma do Corpo.
No card�pio, a lasanha � bolognesa � sensa��o. Nos pr�ximos dias, a de frango ser� a novidade. Alexandre vai recorrer ao livro das del�cias da fam�lia, de onde pretende tirar a receita da tia Geslaine. "N�o tem igual. � de outro mundo", elogia.
Como n�o entendia nada do neg�cio, no in�cio, Alexandre estava vendendo barato demais o seu produto. At� que um vizinho, Mauro Horta, deu orienta��es administrativas para o empreendimento funcionar melhor. Para atender a clientela, ele faz entregas duas vezes por semana. S�o at� 30 pedidos de lasanha para duas, quatro, oito ou 15 pessoas.
A produ��o � pequena e funciona bem no apartamento. Mas, para o futuro, Alexandre n�o descarta a possibilidade de ampliar os neg�cios com o irm�o, que tem um espa�o em uma cozinha industrial. Por enquanto, ele se divide com o Corpo, que come�ou a voltar de forma gradativa com ensaios dos bailarinos, e sua produ��o culin�ria. A certeza de Al� � que a vacina � o caminho.