
H� 11 anos, Lucas Franco trocou Belo Horizonte pelo Rio de Janeiro. O sonho era fazer carreira nas artes c�nicas, mas o destino o levou para outro setor. Tr�s anos mais tarde, ele e o s�cio Guilherme Brito abriram o Meat Leblon, o espetinho que virou restaurante, na Zona Sul carioca. Veio outra guinada e Luquita, como � conhecido, mudou-se para a Bahia, onde acabou de inaugurar o hostel Na Brisa, em Barra Grande.
Lucas conta que sempre foi curioso e atento �s oportunidades de neg�cio. “Mas s� no Rio tive a coragem de entrar no mundo empreendedor. Me fascina e me encoraja quando vejo que determinada regi�o ainda tem demanda para neg�cios em que tenho interesse, al�m de conhecimento e relacionamento para chegar ao sucesso”, diz. “O maior desafio, independentemente do tipo de neg�cio, � continuar com a certeza de que voc� est� certo e manter o p� firme na sua ideia, mesmo diante de situa��es que podem claramente derrubar seu sonho.”
Com a vida seguindo seu curso, Lucas, por enquanto, n�o pensa em voltar para o Rio de Janeiro ou Belo Horizonte. Aos risos, comenta: “J� me fiz tanto essa pergunta... N�o consigo me imaginar de volta morando em BH ou RJ”. E aponta os motivos: “A viol�ncia e desordem p�blica me assustam no Rio, a cabe�a fechada e preconceituosa dos mineiros me causa repulsa. Mas a vida � uma caixa de surpresas, n�o estou fechado para nenhuma possibilidade.”

Voc� foi para Barra Grande descansar por 10 dias e agora, dois anos depois, � quase nativo da regi�o. Como foi sua adapta��o na Bahia depois de viver a agita��o carioca?
A vida � feita de ciclos. Hoje, depois de vivenciar a agita��o carioca, procuro na minha rotina o equil�brio entre natureza, neg�cios, divers�o e tranquilidade. Aqui em Barra Grande, consegui juntar isso. Assim que enxerguei a possibilidade de viver assim, me entreguei. Dia a dia, Barra Grande foi me cativando por sua beleza paradis�aca, pessoas conscientes e muita oportunidade de trabalho.
"Levantar a minha casa com as pr�prias m�os foi uma das melhores xperi�ncias da minha vida"
Como a pandemia atingiu as obras do hostel Na Brisa?
Que experi�ncia! Barra Grande tem algumas caracter�sticas que j� dificultam qualquer tipo de neg�cio: o acesso � dif�cil, a m�o de obra � prec�ria, de maio a setembro chove muito. Nesse cen�rio, chega a pandemia, momento de ressignificar tanta coisa... Foi a� que eu e Mariana (Sobreira Jendiroba, namorada dele) tivemos de assumir a bronca! Ela cuidando da casa em que mor�vamos, do nosso psicol�gico, com a ajuda de sua madrinha Katia Jendiroba, a cereja do bolo na decora��o do Na Brisa. Virei arquiteto, engenheiro, pedreiro, pintor e telhadista! Passamos cinco meses trabalhando de 10 a 11 horas por dia para levantar a casa. �ramos quatro colaboradores. Hoje, digo que levantar a minha casa e meu neg�cio com as pr�prias m�os foi uma das melhores experi�ncias da minha vida.
Como Barra Grande, que vive do turismo, enfrenta a pandemia? H� exageros e aglomera��es, como vimos em Trancoso?
Aqui em Barra Grande, talvez por falta de estrutura na �rea de sa�de, as pessoas continuam com responsabilidade e n�o cometem alguns excessos que vemos em outros lugares. Continuamos sem festas e com lota��o reduzida dos lugares. Mas vivemos do turismo, a pen�nsula continua aberta para receber visitantes. Como o hostel � aconchegante, voc� tem tempo de oferecer atendimento personalizado ao turista.
O que voc� oferece de especial?
O diferencial do Na Brisa � o atendimento personalizado e informal. Deixamos o h�spede � vontade, como se estivesse na nossa casa. Assim, podemos programar uma experi�ncia de acordo com o gosto dele, seja para pegar as melhores ondas, o p�r do sol maravilhoso, ver a lua nascer no mar, a melhor comida baiana, mergulhar nas piscinas naturais com peixes e muito mais. A sugest�o seria: venha sem pressa e se jogue, meu rei! (risos)
Barra Grande foi uma forma de mudar de vida. A pandemia refor�ou esse processo?
A reconex�o com meu eu interior era o que estava procurando. O melhor lugar onde poderia estar na pandemia � aqui em Barra Grande. Al�m de n�o termos muitos casos e �bitos aqui, estar isolado no para�so acelerou meu processo de autoconhecimento.
Voc� � formado em gest�o financeira, com p�s em marketing. Estudou administra��o de empresas e interrompeu o curso deveterin�ria. O que o levou a tantos cursos?
Sempre tive de trabalhar e me virar para ter a minha grana. Como era muito curioso e sempre absorvia informa��es, assim que entrava num trabalho novo queria agregar com estudos. Por isso passei por tantos cursos. Nunca segui os passos familiares, mas a minha pr�pria necessidade!