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Estado de Minas ENTREVISTA DE SEGUNDA

"M�e na pandemia", que viralizou com J�lia Tizumba, ganha nova roupagem

Em entrevista � "Hit", a multiartista que gravou o v�deo da marchinha fala dos desafios da maternidade durante a COVID-19. Ela acredita que carnaval s� em 2023


03/05/2021 04:00 - atualizado 02/05/2021 17:12

Júlia Tizumba com a filha Serena, de 6 meses: cantora se surpreendeu com o sucesso do vídeo com a marchinha
J�lia Tizumba com a filha Serena, de 6 meses: cantora se surpreendeu com o sucesso do v�deo com a marchinha "M�e na pandemia" (foto: Paulo Oliveira/ PROFotografia )

Provavelmente, voc� j� ouviu a marchinha "M�e na pandemia", que viralizou em v�deo da cantora e atriz J�lia Tizumba. Quinta-feira (6/5) a can��o ser� apresentada com nova roupagem."Transformamos a marchinha em um afro-pop que mistura funk com pitadas de macumba. Essa vers�o vai ser pra rir, chorar, refletir e rebolar. Tudo ao mesmo tempo ", conta. O trabalho tem a produ��o musical de Neila Kadhi, que se tornou amiga de J�lia a partir do musical “Elza”, e traz uma cara mais moderna para a m�sica com sua programa��o eletr�nica e guitarras. J�lia entra com voz e percuss�es. A composi��o � de Lu�sa Toller, que conheceu a artista mineira pela internet depois que o v�deo viralizou.

Em um trecho da marchinha, J�lia canta que quer fechar os olhos e sonhar com o carnaval. Mas de olhos abertos, ela confessa que ainda n�o consegue. A cantora at� tentou. Come�ou o ano acreditando que no segundo semestre j� estariam todos vacinados. "Sonhei alto demais. Agora estou com o p� no ch�o, vivendo um dia de cada vez. Queria que no carnaval de 2022 pud�ssemos estar todos com o bloco na rua, entoando a marchinha da 'M�e na pandemia'. Mas, pelo andar da carruagem, esse sonho s� vai se concretizar em 2023... e olhe l�... O cen�rio n�o est� bonito n�o."

A artista acredita que arte tem o poder de cura. "Dizem que quando a gente canta, a gente reza duas vezes. Mesmo antes da pandemia, a arte sempre me salvou, sempre elevou a vibra��o e trouxe positividade para resistir e seguir lutando. A arte � necess�ria. A arte nos fortalece", sentencia.

Sobre o governo federal, J�lia o considera lastim�vel, mas diz n�o se surpreender. Para ela, a maior tristeza foi a elei��o de uma candidatura que n�o contemplava a diversidade, n�o priorizava os menos favorecidos e apresentava um discurso conservador e afeito ao militarismo. "Tudo para dar errado. Um perigo. Mas uma maioria fez essa escolha. Isso � o que mais me preocupa. O perigo, na verdade, mora ao lado. A impunidade dos grandes � revoltante, mas a ignor�ncia e ou perversidade de quem vota � mortal. Agora estamos pagando o pre�o. Vou seguir com a minha pol�tica de tentar contribuir para a melhoria do meu entorno, com pequenos gr�os de areia. O single `'M�e na pandemia' � uma dessas tentativas."

Ainda este m�s, J�lia vai lan�ar o livro "Maur�cio Tizumba – Caras e caretas de um teatro negro performativo” (editora Javali), que nasceu da disserta��o de mestrado. "Seguimos resistindo e construindo."

Como voc� se sentiu quando viu que estava gr�vida neste momento t�o maluco que estamos vivendo?
N�s planejamos a Serena antes da pandemia. A tentativa consciente foi em 6 de Janeiro, dia de Reis. E foi um chute, um gol: ela veio. A pandemia chegou em um momento em que eu j� estava, coincidentemente, planejando pousar mais em casa, ap�s dois anos de muitas viagens. Isso amenizou um pouco a situa��o. Mas estar gr�vida com um v�rus desse no ar � muito angustiante, s� mesmo a f� para segurar a gente, afastar o medo e manter a esperan�a acesa.

E voc� j� tinha outra filha, a Iara, de 5 anos. Como � conciliar as obriga��es da maternidade com duas crian�as e as atividades de dona de casa?
A Iara tem 5 anos, e Serena est� com 6 meses. Conciliar a maternidade com minhas atividades profissionais, art�sticas, acad�micas e de dona de casa � surreal! � a metodologia do caos... � desapegar de ter uma casa organizada, silenciosa e sempre limpa. � desapegar de ter momentos ideais para realizar qualquer atividade: nunca s�o condi��es ideais, tem que ser tudo na ra�a mesmo. � desapegar dos resultados tamb�m: n�o vai ter m�e perfeita, nem profissional perfeita. S� vai ter mulher poss�vel e humana mesmo. Eu tamb�m tenho a felicidade de dividir a vida com um companheiro muito presente, ativo e que concorda que n�o tem espa�o para machismo na nossa casa. Isso faz com que enfrentar os desafios emocionais e f�sicos da maternidade seja mais ameno. Para as mulheres que criam seus filhos sozinhas (e n�o s�o poucas), a situa��o consegue ser pior ainda.

Como voc� compara a gravidez das meninas. A que nasceu agora foi mais f�cil pela experi�ncia adquirida ou a preocupa��o por causa da pandemia gerou estresse?
Em alguns sentidos, a segunda maternidade � mais f�cil, porque n�o sou mais m�e de primeira viagem. Mas cada gesta��o � �nica. Temia que algo acontecesse comigo, pois agora j� tenho a Iara e quero estar bem para ela tamb�m. Temia adoecer e passar a doen�a para a beb�. Temia nossa sustentabilidade financeira, com o setor art�stico em crise total... Todas essas preocupa��es geraram mais estresse que a primeira gesta��o em que n�o senti absolutamente nada, al�m de felicidade e azia. Mas, gra�as �s deusas, Serena faz honra ao nome e nos presenteou com um parto tranquilo.

A marchinha reflete o que muitas m�es enfrentam. Como driblou essas quest�es apresentadas de forma bem-humorada na can��o?
Eu me identifiquei com as palavras da compositora Lu�sa Toller e com o bom humor, irrever�ncia e leveza da m�sica-protesto, caracter�sticas que costumo expressar para atravessar as adversidades. Ent�o, entre uma mamada e outra, resolvi brincar de cantar minha saudade da boemia, minha vontade de cagar sozinha e dormir a noite inteira. �s vezes s� nos resta rir pra n�o chorar, e manter a sa�de mental se torna um ato revolucion�rio. � como diz aquela m�sica: "n�o que a vida esteja assim t�o boa, mas um sorriso ajuda a melhorar" (“Rindo � toa”, Falamansa). De todo modo, a m�sica n�o deixa de ser um grito de socorro que chama para reflex�o e a��o.

Existem m�es que t�m uma dezena de outros problemas al�m da educa��o dos filhos. Mais de um ano de pandemia e at� hoje n�o foi criada estrutura para atender as mulheres e fam�lias de forma digna...
Vivemos em uma sociedade que, infelizmente, tem seus valores sedimentados no machismo e no racismo. Quem det�m o poder fecha os olhos para as desigualdades de g�nero e ra�a e assim � feita a manuten��o dessa situa��o desequilibrada. � confort�vel para os homens, brancos e h�teros, do topo de nossa pir�mide social, manterem o trabalho das mulheres (como m�es e donas de casa) invisibilizado, n�o remunerado e naturalizado. S� n�o � confort�vel pra n�s que vivemos sobrecarregadas, exclu�das e com a sa�de mental comprometida. E muito menos confort�vel para aquelas que est�o abaixo da linha da pobreza, completamente desassistidas. � urgente que o Estado lance um olhar apurado para nossas quest�es, crie mecanismos de assist�ncia e melhores condi��es para as m�es, porque se a gente se rebelar e parar de "cuidar", o sistema vai quebrar.

A marchinha teve mais de 160 mil visualiza��es no YouTube. O sucesso surpreendeu?
Quando eu gravei o videozinho cantando a marchinha “M�e na pandemia”, nunca imaginei que teria tantas visualiza��es, curtidas e compartilhamentos. Me surpreendeu porque gravei brincando, de forma despretensiosa. Mas o grito de muitas mam�es do Brasil ecoou! Lu�sa Toller soube compor, com genialidade, essa marchinha que tocou na alma e deu voz aos sentimentos de tantas! De todo modo, fico muito feliz por ser uma das porta-vozes dessa mensagem e desejo que tantos compartilhamentos se convertam em reflex�es e a��es reais para maior valoriza��o, respeito e estrutura para as mam�es. N�s parimos a humanidade. O m�nimo que merecemos � viver com dignidade.

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