Pandemia obriga criadora de sapatos para noivas a lan�ar cole��o urbana

Quando o assunto � conforto nos p�s, Ana Miranda � a dona do assunto. Para se ter uma ideia, pelo menos cinco mil noivas se casaram usando os sapatos criados por ela. E vamos combinar: n�o h� prova maior do talento de uma criadora de cal�ados do que o reconhecimento das noivas. E n�o s� delas. A clientela de Ana � formada tamb�m por senhoras, que exigem modelos ainda mais confort�veis, feitos sob medida.

Tudo indicava que 2020 seria mais um ano com Ana dando conforto �s noivas, mas veio a pandemia. Um m�s depois de voltar das f�rias e de retomar a produ��o, ela teve de parar tudo. O ateli� ficou fechado at� agosto. A solu��o para aliviar o caixa foi entrar em contato com as noivas, informando que os sapatos encomendados j� estavam prontos. Por�m, as respostas foram desanimadoras. “Algumas diziam que n�o teriam mais pressa em busc�-los”, revela, ainda incr�dula em rela��o a esse comportamento.

Neta de Ant�nio Miranda, sapateiro respeitado na capital, Ana sempre foi jeitosa no of�cio, mas nunca quis seguir a carreira. Formou-se em odontologia, embora forrasse algum sapato, volta e meia. “Meu pai tinha dinheiro restrito, e eu, nova, querendo viajar, dizia que n�o me limitaria ao que ele pudesse oferecer”, conta.

Com o diploma de dentista na m�o, Ana Miranda fez curso de modelagem de sapatos no Senac. Pouco depois, outro curso na It�lia. De volta a Belo Horizonte, ela nunca mais abriu o consult�rio.

Talentosa na cozinha, chegou a produzir para fora os p�es com os quais recebia amigos e a fam�lia. “Sozinha em casa, precisava fazer algo para n�o pirar. Com os p�es, paguei meu condom�nio e a conta de telefone”, diz, referindo-se ao per�odo pand�mico. S� ela comandava o forno. “Por isso a minha produ��o era sempre pequena, mas com muitos pedidos”, explica.

Entretanto, Ana n�o sabia como manter na ativa a equipe de tr�s funcion�rios do ateli�. Decidiu, ent�o, produzir sapatos da linha conforto com pegada urbana. “At� janeiro, fiquei capengando. Foi quando meu amigo Leo Braga viu uma sand�lia e disse que me apresentaria � amiga de um showroom em S�o Paulo. As negocia��es n�o foram adiante e tive de buscar o plano B.”

Com isso, o ateli� retomou a produ��o. “Foi natural seguir a linha conforto para o dia a dia, pois acredito em sapatos bacanas com salto baixo”, afirma ela, que j� come�a a perceber o movimento, ainda t�mido, da retomada dos casamentos, o segmento que transformou a marca Ana Miranda em refer�ncia em Belo Horizonte.