Itamar Vieira Junior fala sobre Jorge Amado no projeto 'Letra em cena'

O escritor Itamar Vieira Junior tinha 19 anos quando, em 1998, bateu � porta do casal Jorge Amado (1912-2001) e Z�lia Gattai (1916-2008). Levava um exemplar de “Capit�es da areia” (1937) para Amado autografar. Foi surpreendido ao ser recebido pelos dois. Amado, calado (sofria de depress�o) e um pouco incomodado com o erro de grafia (o exemplar vinha como “Capit�es de areia”), e Z�lia, muito am�vel, conversaram com ele e o presentearam com um exemplar de “Anarquistas, gra�as a Deus” (1979), livro dela.

Tal hist�ria foi contada pelo autor de “Torto arado” no texto “Jorge Amado e o tribunal das redes”, publicado no jornal “Rascunho”, em dezembro de 2020. Era uma defesa dele � not�cia dos anos 1960, recuperada ano passado, que envolvia o baiano e a mineira Carolina Maria de Jesus. Vieira Junior pretendia, a partir do texto, dar seu apoio a Amado e � sua “generosidade”, conforme escreveu.

Certamente, essa hist�ria vir� � tona na noite desta ter�a-feira (15/06), quando Vieira Junior vai analisar a obra de Jorge Amado a convite do projeto “Letra em cena on-line”. O evento, que marca os 20 anos da morte do escritor (em 6 de agosto de 2001), ser� comandado pelo jornalista Jos� Eduardo Gon�alves. A atriz Raquel Pedras far� leituras de trechos de textos do baiano.

O romancista Jorge Amado vendeu mais de 100 milh�es de c�pias de sua extensa obra, traduzida para 49 idiomas. Sua popularidade tamb�m se deve � s�rie de adapta��es de livros para o cinema a TV. A mais conhecida � “Dona Flor e seus dois maridos”, longa de Bruno Barreto com S�nia Braga, Jos� Wilker e Mauro Mendon�a, que, 45 anos ap�s seu lan�amento, continua entre os dez filmes mais assistidos da cinematografia brasileira (est� na quinta coloca��o).

Jorge Amado tinha 19 anos quando estreou na literatura com o romance

“O pa�s do carnaval” (1931). Nos primeiros livros, da d�cada de 1930, � poss�vel perceber seu forte engajamento pol�tico. A fisionomia dessa escrita vai se alterando, e, quando chega aos anos 1950, j� existe o estilo “amadiano”.

“Jorge Amado tem escrita direta e envolvente, inspirada na cultura popular, principalmente na arte do cordel e nos falares do povo. � uma escrita com grande capacidade de comunica��o, muito traduzida pelo seu valor universal”, afirmou Vieira Junior.

“Torto arado” � o mais comentado fen�meno editorial brasileiro dos �ltimos anos. Publicado em 2019, o romance havia vendido 10 mil exemplares at� setembro de 2020, quando venceu os pr�mios Jabuti e Oceanos, e hoje est� na casa dos 165 mil exemplares comercializados. Na semana passada, Vieira Junior lan�ou a colet�nea de contos “Doramar ou a odisseia” (Todavia).