(none) || (none)

Continue lendo os seus conte�dos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e seguran�a do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/m�s. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas COLUNA HIT

Tatyana Rubim conta como aprendeu a pensar 'fora da caixinha' na pandemia

Fechamento dos teatros obrigou produtora cultural a se reinventar, apostando no teatro digital e suas conex�es com cinema, games e novas tecnologias


06/09/2021 04:00

None
(foto: Matheus Matta/divulga��o)

 
Tatyana Rubim n�o esconde o desespero que sentiu no in�cio da pandemia. N�o s� por ser portadora de comorbidades, mas pela preocupa��o com os pais e as filhas. “Parei por 10 dias e pensei: como vou sobreviver, meu Deus?. Me preocupei muito com meus funcion�rios, mas juntos constru�mos algo novo. E os mantive por todo 2020. Realizamos a transforma��o digital que o 'Teatro em movimento' merecia”, diz a produtora cultural.
 
O projeto “Teatro em movimento digital” foi indicado ao pr�mio da APTR, na categoria especial, e a webs�rie “Farol de neblina” concorreu a melhor espet�culo adaptado editado. Cereja do bolo, o curta “Ato”, com dire��o de Barbara Paz, foi exibido no 78º Festival de Cinema de Veneza, que termina no s�bado.
 
Apesar do sucesso de seus projetos, Tatyana n�o acredita que o digital seja o futuro. “Ele � o presente e estar� no futuro, assim como o presencial, quando n�o houver pandemias ou guerras de toda ordem. Que entendam a minha met�fora. O Brasil vive o caos. O mundo tamb�m. A cada momento, a del�cia de cada formato poder� ser apreciada pelo p�blico, sem medo ou preconceito. Assim espero”, afirma.
 
H� 20 anos, quando voc� criou o projeto “Teatro em movimento”, qual era o seu pensamento sobre o futuro do teatro em 2021?
N�o tinha um pensamento para o teatro em 2021, especificamente. Acredito no aprofundamento de pesquisa, nas inova��es da linguagem c�nica, nas experimenta��es de um modo geral e na intera��o dessa arte com tantas outras, como dan�a, audiovisual, literatura, m�sica e o que mais o ser humano inventar. Essa intera��o entre linguagens, para mim, aconteceria naturalmente. O teatro � uma das mais belas formas da express�o humana. Desde crian�a, somos acostumados e gostamos de ouvir hist�rias. Nesse momento, tamb�m compartilhamos muitos sentimentos com nosso universo familiar de um modo interessante e delicioso. Isso fica em nosso imagin�rio para sempre. De certa forma, acho at� que impregnado na alma. O teatro � a conta��o elaborada de muitas est�rias, tendo a atriz ou o ator como ve�culo pra chegar ao cora��o do p�blico. Esse encontro � lindo e diferente todos os dias. O local por onde o teatro percorreria seu caminho poderia ser a partir da rua, do palco ou do computador. Assistir a uma pe�a ao vivo, do smartphone, n�o me pareceu nunca ser algo do campo do improv�vel. Pelo contr�rio.
 
O que voc� aprendeu com a pandemia? S� agora as produ��es voltam aos palcos 
Aprendi muito. Desde novos modus operandi, incluindo o desenvolvimento de protocolos, at� intera��es diferenciadas com o p�blico, evocando novas experi�ncias. No meu caso, o teatro sendo mediado pelo digital, por meio do curta-metragem, do game ou da experi�ncia ao vivo mesclada a cenas pr�-gravadas saindo ao mesmo tempo no streaming. Aprendi muito sobre possibilidades tecnol�gicas. Enfim, foi uma reviravolta total na vida da Rubim Produ��es, minha empresa, e seus projetos. Aprendi a pensar fora da caixinha, sem preconceito com rela��o a inovar, informar e formar. Da� o trabalho de o “Teatro em movimento”, antes presencial, ter se estruturado em tr�s eixos.

Quais foram eles?
A forma��o para teatro digital, com um dos primeiros cursos de teatro digital do pa�s, tudo remotamente. Depois, amparando artistas mineiros em isolamento social, pelo interior e capital do estado, com equipes profissionais com vasta experi�ncia e reco- nhecimento. E, paralelamente, investigando, de modo mais vertical, a linguagem do teatro digital e suas media��es e intera��es, como foi o caso do “Ato”, cineteatro dirigido por B�rbara Paz, mediado pelo curta-metragem. Escolhemos como cen�rio a cidade de Ouro Preto. Ainda n�o sab�amos nada sobre protocolos e criamos os nossos protocolos. Foi a primeira vez que nos arriscamos. Outra experi�ncia inovadora foi a montagem “�taca”, com atua��o e dire��o de Cac� Carvalho. Solt�vamos a pe�a de modo pr�-gravado e ao vivo, o que deixava o p�blico curioso sobre a temporalidade da cena. As pessoas se perguntavam: “Essa cena estava gravada ou ele est� fazendo agora?”. Era muito engra�ado. Cac� confundiu at� o autor, Vinicius Calderoni, por alguns instantes. O outro desafio foi lan�ado com Yara de Novaes, que optou por ter equipe criativa de game com linguagem totalmente desconhecida para n�s. Afinar esses dois mundos n�o foi f�cil. Havia muito receio da parte dela, que se lan�ou corajosamente nesse desafio – o desconhecido. Foi novidade para o teatro e para o game. Assim surgiu sua pe�a-game “(D)esmem�ria”.


Nesses 20 anos, quais s�o as lembran�as mais marcantes?
Os inesquec�veis e divertidos encontros com Paulo Autran. Ele me contava sobre o teatro de Cacilda (Becker), dele e de T�nia Carrero. E sobre o mecenas e amigo Ciccilo Matarazzo. Foi com Paulo que fizemos o primeiro espet�culo de Ipatinga. O p�blico, pouco acostumado, n�o comparecia. Ele falava: “Vamos panfletar no shopping?”. N�o acreditei que a lenda Paulo Autran se disporia a fazer isso. Mas fez! Dizia para nos dirigirmos a algum lugar mais cheio. A marca era ele aparecer de repente e eu dizer: “� voc�, Paulo Autran?”. A conclus�o dele era: “Assim, querida, as pessoas v�o me reconhecer e contar que por aqui me encontraram. D� bochicho, pode acreditar”. Ainda sobre os Paulos, eu disse n�o para Paulo Gustavo certa vez, quando ele queria vir duas vezes para BH, no in�cio da carreira. Respondi: “N�o lotamos nem o Alterosa, um pequeno teatro na cidade”. Passado o tempo, Paulo Gustavo vira o maior fen�meno de p�blico! Eu o agrade�o por ter me dado a oportunidade de fazer a maioria das temporadas dele por aqui.

Al�m da pandemia, a cultura enfrenta crise gerada pela pol�tica do governo federal. Como o setor vai se recuperar?
Com a for�a e f� na arte. Porque ela � maior. � do bem e faz bem. O reconhecimento do p�blico e a necessidade que o ser humano tem de ser pr�ximo da m�sica, da literatura, da dan�a, do cinema, do teatro. A arte foi a m�o solid�ria para cidad�os em isolamento, em suas casas. N�o h� como esse setor de tamanha import�ncia n�o ser resiliente. 

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)