(none) || (none)

Continue lendo os seus conte�dos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e seguran�a do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/m�s. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas COLUNA HIT

Can��o de Chico C�sar � abordada por Ronaldo Fraga em ''Qual � a M�sica''

Os reis do agroneg�cio �, na vis�o do estilista, "um hino-manifesto contra a velha chaga brasileira da explora��o desenfreada"


03/10/2021 04:00 - atualizado 02/10/2021 09:25

O agro-business que envenena a terra
Ilustra��o de Marcelo Lelis

Ronaldo Fraga
Estilista

Todos os movimentos de resist�ncia � ditadura militar tiveram a chamada MPB como um dos mais fortes aliados na tomada de consci�ncia do que se passava de verdade nos por�es do regime. C�lebres composi��es daquele per�odo, hoje, nesse momento de cheiro de enxofre no ar e renitentes amea�as � democracia, soam mais atuais do que nunca. “Divino e maravilhoso”, de Gil e Caetano (1968); “A hora do almo�o”, de Belchior (1971); ou “Comportamento geral”, do Gonzaguinha (1973), s�o alguns exemplos da for�a da poesia musical como vetor de manifesto contra o autoritarismo e aliena��o pol�tica em qualquer �poca. A m�sica brasileira naquele per�odo nos deu coragem pra seguir viagem quando a noite veio e continua fortalecendo, seja com as hist�ricas composi��es ou com os artistas contempor�neos.

Se ontem nas trincheiras da resist�ncia entoamos Chico Buarque, hoje temos a for�a po�tica-pol�tica do paraibano Chico C�sar. A composi��o “Os reis do agroneg�cio “, com letra de Carlos Ren�, � um hino-manifesto contra a velha chaga brasileira da explora��o desenfreada e sem limites que sempre permearam e deram o tom da hist�ria do Brasil.

Ontem, o ouro, a cana-de-a��car, a minera��o; hoje, o agro-business que envenena a terra, refor�a o rombo social e elimina os pequenos produtores de alimentos estimulando a produ��o industrial de commodities. Os reis do agroneg�cio abrem feridas profundas nas terras do cora��o do Brasil e nos imp�e uma perversa e nefasta ditadura econ�mica, financiando pol�ticos que d�o musculatura � bancada ruralista no Congresso Nacional, aprovando leis e fazendo lobby que favorecem a cultura de transg�nicos e afrouxamento das leis ambientais com o intuito simples de devastar mais em busca de mais e mais lucros.

Sob esse aspecto, o Brasil j� vive sob uma nova ditadura, econ�mica, imposta pelas bancadas da Bala, da B�blia e da Soja.  Nessa can��o-manifesto, seus autores criticam o desmatamento, o uso indiscriminado de agrot�xicos, a invas�o de terras ind�genas e as rela��es que o sistema capitalista das grandes corpora��es estabelecem com o meio ambiente e os direitos humanos. 

A discuss�o levantada por essa m�sica n�o � recente. N�o se trata de uma chaga nova, mas, nesse momento, ganha novos contornos amea�ando fontes de recursos naturais, empurrando uma horda de trabalhadores para a mis�ria e a demoniza��o dos pequenos produtores que s�o efetivamente quem produz os alimentos no Brasil.

Essa m�sica � mais que uma can��o de protesto, � um manifesto contra a atual geopol�tica que rege a economia mundial nesses tempos em que o Brasil se tornou o pa�s que mais utiliza fertilizantes, pesticidas e agrot�xicos do mundo. Somos o campe�o da estupidez contra n�s mesmos e o meio ambiente.

“� donos do agrobiz, � rei do agroneg�cio/ � produtores de alimentos com veneno/ voc�s que aumentam todo ano a sua posse e que poluem cada palmo de terreno/ e que possuem cada qual um latif�ndio/ e que destratam e destroem o ambiente/ de cada mente de voc�s olhei no fundo e vi o quanto cada um no fundo mente.”

“Reis do agroneg�cio” fala da mentira dos grandes produtores de soja, milho, gado, que dizem produzir alimentos para a popula��o, mas, na verdade, 70% desses alimentos s�o para alimentar o gado de corte.

Um trecho da m�sica resume bem o esp�rito da nossa �poca: “Com dor eu vejo cenas de horror t�o fortes/ tal como eu vejo com amor a fonte linda/ e al�m do monte o p�r do sol porque por sorte voc�s n�o destru�ram o horizonte… ainda.”

� este o sentimento que temos quando assistimos tantos absurdos acontecerem sem que quase nada –  efetivamente – seja feito.

Que os Chicos do Brasil n�o se calem jamais.

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)