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Mineiro ganha destaque no mundo da cutelaria

H� 10 anos, DanIel Bahia Gontijo se dedica � cria��o de facas de diversos cortes


21/02/2022 04:00

Daniel Bahia Gontijo, cuteleiro
Formado em designer de produto, Daniel Bahia Gontijo criou marca pr�pria e tem no cat�logo 13 modelos de facas, como estes no detalhe (foto: O conto filmes/DIVULGA��O)

As pe�as criadas por Daniel Bahia Gontijo fazem uma provoca��o: afinal, os produtos, facas para diferentes tipos de corte, podem ser definidos como objetos de arte ou objetos de design? "Na minha defini��o, meu produto � uma ferramenta, concebida por um projeto de design desenvolvido ao longo de anos e que permite adicionar um certo teor de arte, com minha express�o individual”, afirma o cuteleiro, de 33 anos. Formado em design de produto, ele trabalhou por alguns anos em ag�ncia de design com foco em sustentabilidade at�, como ele mesmo diz, "ser fisgado pela cutelaria".

Daniel tem no cat�logo da sua marca pr�pria (organicknives) 13 modelos de facas. "A maior parte delas � destinada para a gastronomia, algumas mais coringas, outras mais espec�ficas. Tenho dois modelos para o campo e, no futuro, pretendo atingir outras �reas".

No mundo da cutelaria, a maior parte das ferramentas s�o padronizadas. "Mas como cada cuteleiro acaba desenvolvendo suas pr�prias t�cnicas, algumas ferramentas eu criei do zero", observa, acrescentando que, aos poucos, "com a grana das pr�prias facas", tamb�m montou a estrutura que mant�m na fazenda da fam�lia. "Felizmente, � poss�vel fazer facas com uma estrutura relativamente simples", diz. J� com rela��o � mat�ria-prima, Daniel considera "um belo desafio, pois o fornecimento de materiais de alto n�vel no Brasil � escasso".

Sua forma��o acad�mica � de designer de produto, mas foi por acaso, na fazenda com seu pai, que surgiu o seu interesse pela cutelaria. A partir da�, o que mudou em sua vida profissional e o seu olhar para um objeto que, normalmente, n�o tem muito charme?
A cutelaria abriu todo um universo em minha vida profissional. Por um lado, o design � essencial para a minha percep��o e desenvolvimento do produto, mas durante o curso n�o � poss�vel aprofundar nos processos produtivos de uma atividade espec�fica. O conhecimento e pr�tica necess�rios para a cutelaria s�o t�o vastos que se tornaram uma segunda "gradua��o" pra mim. Eu j� tinha um certo encanto por facas, e durante o curso de design adquiri um grande valor por ferramentas relativamente simples, como a faca, que permitem resolver uma infinidade de necessidades e at� criar outras ferramentas. Uma vis�o contr�ria � tend�ncia de se criarem objetos cada vez mais complexos para resolver necessidades simples.

Seu pai, que sempre gostou de trabalhos manuais, descobriu os segredos da cutelaria na ra�a. Como voc� driblou as dificuldades de um of�cio que agora come�a a ganhar destaque? O History, por exemplo, tem o programa “Desafio sobre o fogo” em um universo mais amplo da cutelaria.
A contribui��o do meu pai (Pedro Nogueira Gontijo) foi essencial na introdu��o da atividade. O vasto conhecimento dele de processos produtivos manuais me deram uma base excelente. Com o tempo, expandi minhas capacidades com muita pesquisa, pr�tica e experimenta��es. Em muitos momentos, o processo de evolu��o � delicioso, mas em v�rios outros � bastante sofrido.

Voc� j� fez vendas para o exterior, tem clientes espalhados pelo Brasil. Como foi descobrir o mercado e, ao mesmo tempo, descobrir as t�cnicas, mat�ria-prima e conquistar o consumidor?
A introdu��o ao mercado se deu de forma bem fluida. Bem no in�cio, enquanto ainda estava aberto para qualquer nicho, senti uma demanda de pessoas pr�ximas por uma boa faca de cozinha e acabei seguindo essa vertente. Com o tempo, entendi que essa procura era muito maior do que imaginava, principalmente por causa do "boom" da gastronomia no Brasil nos �ltimos anos. Hoje em dia, as pessoas usam facas quase apenas para cozinhar. A partir da�, foquei meu projeto nesse universo. O desenvolvimento das t�cnicas e a evolu��o do produto acontecem de forma natural. O fato de ser o designer e o executor de todo o processo me permite apurar a percep��o do produto a todo momento, al�m do di�logo com o p�blico. Esse aperfei�oamento j� acontece h� quase 10 anos.

Al�m da preocupa��o com a efici�ncia do corte, voc� tem olhar para a quest�o da sustentabilidade atrav�s de reaproveitando de madeira de demoli��o, de poda... Qual a import�ncia de sermos uma sociedade preocupada com a sustentabilidade?
A import�ncia de nos preocuparmos com sustentabilidade � bem simples: sem ela n�o existir� sociedade. A quest�o madeira � uma das formas com a qual tento incluir isso na ORK, utilizando fontes desvinculadas do extrativismo perverso. Busco madeiras de demoli��o, m�veis descartados, �rvores que caem em tempestades, entre outras fontes, o que � bem comum na cutelaria artesanal. Mas a caracter�stica de sustentabilidade mais importante do projeto � a durabilidade do produto. A ideia � ter uma excelente ferramenta para toda a vida. Nesse �mbito, at� aspectos mais subjetivos – como o teor de arte do produto – contribuem para o valor de estima do usu�rio, o que leva a uma maior conserva��o e por fim, menos descarte.

Uma faca leva cerca de 15 horas para ficar pronta. � um trabalho de arte. Como voc� define seu processo criativo?
A minha compreens�o do processo criativo mudou muito ao mergulhar em trabalhos manuais. No design, focamos muito em v�rias etapas de concep��o anteriores � fabrica��o final, como briefing, brainstorms, gera��o de alternativas, pesquisa do estado da arte, prototipagem, entre outras, o que � muito valioso. Mas a cutelaria me mostrou que o contato direto e constante com os materiais, entender a fundo como eles se comportam em diversas situa��es, mostra uma amplitude de possibilidades muita al�m do que o papel e caneta proporcionam.

Qual a import�ncia do designer para quaisquer produtos, desde os que fazem parte do dia a dia at� os mais sofisticados?
O designer pode contribuir em diversos aspectos. Da concep��o de um produto inusitado para solucionar alguma necessidade, ao aprimoramento de produtos existentes. Em termos objetivos, pode gerar maior efici�ncia (fazer mais com menos), melhorar a interface entre produto e usu�rio, reduzir impacto ambiental, otimizar processos produtivos, etc. E pode gerar valores subjetivos, como est�tica, impacto emotivo, comunica��o de valores e outros pontos ligados a arte.

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