'Minha hist�ria' abre espa�o para apaixonados por arte e exposi��es

Colecionadora de arte

A minha casa � aberta aos cheiros da densa vegeta��o que a contorna. Um prazer olhar os verdes mesclados da folhagem que se mexe com o vento e com a claridade das horas. Tenho paisagens que entram pelos vidros criando quadros novos, al�m dos meus.

 

O que guardo n�o � muito e nem rico. Sou uma ajuntadora de pequenas alegrias que me falam de Minas, do Brasil e �s vezes do mundo. Nos por�es da casa, antigos fornos de uma olaria, fica o precioso barro do Jequitinhonha. Produ��o cada vez mais rara dos anos 1970, quando a arte do Vale surgiu na Codevale e na loja do Pal�cio das Artes, cumprindo o programa tra�ado pelo governo de apoio a artistas do Jequitinhonha.

� evidente a minha grande predile��o por arte popular, tanto na manipula��o da madeira ou do barro, como tamb�m nos desenhos e na pintura.

 

A exposi��o em cartaz no CCBB-BH trata da arte popular, mas tamb�m de artistas conceitualmente diferenciados. Irma Renault Lessa tem uma versatilidade enorme no l�pis, �leo, aquarela ou na serragem, com a qual modelava bonecos e bichinhos. Impulsos eram feitos ao telefone... Monstrinhos, figuras simb�licas, diabinhos e a sombra da morte.

Guignard � um �cone da cultura brasileira. Seu quadro “Festa de S�o Jo�o” comemora agora, neste m�s, 63 anos. Em junho ele festejava o anivers�rio do pai pintando quadros com esse tema.

 

A “Anuncia��o do anjo” de Guignard nos traz releitura renascentista dessa pintura, incluindo a arauc�ria, �rvore t�pica da Mantiqueira.

 

Fruto emblem�tico brasileiro, o caf� est� expressivamente contemplado no quadro de Mario Zavagli, dedicado a cafezais do Sul de Minas.

 

Solange Pessoa tem uma pedra de bronze que n�o se sabe se nasceu assim ou se foi modelada por ela... E os raios de Benjamim explodem, guardando l�minas que cortam como navalhas...

 

Farnese de Andrade concentra nossa aten��o num lar doce lar e, � claro, n�o falta a torneira que abastece de �gua a casa e um medalh�o s�mbolo da Sagrada Fam�lia.

 

Gija nasceu de um tronco de �rvore derrubado l� no Nordeste, ela � mais leve do que os p�s que a sustentam e est� na frente, de guarda, como soldado guardi�o de sua terra.

 

Poteiro fez muitos quadros, mas este portugu�s imigrado era muito bom na cer�mica, vinda de suas heran�as lusas... “Entidades da floresta” � sua contribui��o aos deuses da Amaz�nia.

 

GTO recorta a madeira como os japoneses fazem os origamis, sem cola, sem despregar peda�os. Corte certeiro e preciso, j� que ele dizia sonhar com as figuras e as reproduzia entalhadas... Um m�gico do of�cio.

 

E o meu mundo vai andando na medida em que as coisas me fascinam e que as possa ver e, quem sabe, adquiri-las. Antes espalhadas pela casa, agora reunidas numa exposi��o aberta ao p�blico, parecem menos minhas e mais de todos que possam tirar delas o prazer que tenho em possu�-las.