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Conhe�a os bastidores da pe�a teatral mineira que est� em cartaz h� 24 anos

"Acredite, um esp�rito baixou em mim" ter� sess�o comemorativa do "anivers�rio" neste s�bado (30/7), no Grande Teatro do Pal�cio das Artes


29/07/2022 04:00 - atualizado 28/07/2022 20:00

Caricatura dos atores Ilvio Amaral e Mauricio Canguçu
Mauricio Cangu�u e �lvio Amaral s�o s�cios na Cangaral Produ��es (foto: Quinho)

Ao longo dos 47 minutos da entrevista que concedeu a este colunista, o ator Maur�cio Cangu�u, de 53 anos, interrompeu o bate-papo por duas vezes, emocionado ao rever suas mem�rias. A conversa girou em torno da sess�o comemorativa dos 24 anos da estreia de "Acredite, um esp�rito baixou em mim", neste s�bado (30/7), no Grande Teatro do Pal�cio das Artes. Mas, para que na hora dos aplausos finais o p�blico tenha consci�ncia da import�ncia daquele momento para o ator, � preciso retroceder ao final dos anos 1980.

Naquela �poca, Maur�cio, rec�m-formado no curso de teatro do Sesc, estava no elenco da  pe�a "Tudo azul no hemisf�rio Sul". �lvio Amaral viu uma das sess�es e decidiu convid�-lo para teste no elenco de "A noite das mal dormidas",  de Neil Petersen, da qual era produtor.

Ele passou no teste e, pouco tempo depois, Cangu�u e �lvio criaram a Cangaral, produtora que at� hoje tem os dois como s�cios. "Eu trabalhava como auxiliar de escrit�rio de uma construtora, e a decis�o para montar a empresa foi a necessidade de fazer dinheiro para sobrevivermos", relembra o ator.

Mas o primeiro projeto, "Quem tem medo de It�lia Fausta", besteirol de Miguel Magno, que veio do Rio de Janeiro dirigir a montagem, foi um fracasso absurdo. "Amargamos um preju�zo enorme com investimentos que sa�ram do nosso bolso. No segundo dia, n�o havia ningu�m para assistir a pe�a no teatro Jo�o Ceschiatti". 

Maur�cio e �lvio decidiram apresentar as cenas de Fanta e Pandora no Lulu Pocket Show, projeto do extinto Bar do Lulu, no Santo Ant�nio. O apoio de Claudete Mour�o, professora de ambos na Fuma, foi fundamental para a virada. Ela prop�s um trabalho com alunos que deveriam ver o espet�culo. O boca a boca transformou a pe�a num sucesso.     

A carreira da Cangaral decolou. No final dos anos 1990, o texto do “Esp�rito” foi a solu��o encontrada pela dupla para tapar um buraco na pauta do Teatro do ICBEU, que administravam. S� n�o esperavam que a pe�a fosse encenada por quase tr�s d�cadas. "Ensaiamos em 15 dias e ningu�m acreditava", conta Maur�cio, lembrando que o processo de montagem foi colaborativo durante a Copa do Mundo de 1998. 

"A ideia de colocar o el�stico para a cena em que Lolo atravessa a parede foi do Rominho (R�mulo Duque), Esa� (Felipe, atual diretor do Teatro Francisco Nunes, na �poca t�cnico aprendiz) deu a ideia de colocar  os panos brancos pendurados sobre o cen�rio, como se fossem fantasmas."

Maur�cio fica com a voz embargada ao citar o t�cnico S�rgio Oliveira, que construiu o cen�rio dentro do Teatro ICBEU, e morreu no dia desta entrevista. "Com o ‘Esp�rito’ vivemos em uma montanha russa de emo��es. A pe�a nos deu tantas alegrias, como a possibilidade de viajar para o exterior como nossas m�es", diz.

Lembrando hist�rias com S�rgio, diz: "Em uma sess�o, ele desmaiou no meio do espet�culo e s� percebemos que alguma coisa estava errada por ele n�o ter mudado a luz. Quando olhamos para a cabine, ela estava vazia, corremos at� l� e o vimos ca�do. Fomos para o hospital e, enquanto ele era carregado, gritava: ‘Aperta o play, aperta o play’".

No auge da temporada, com bilheteria esgotada, Maur�cio e �lvio perderam os pais, em anos diferentes. Encararam a dor da perda e fizeram as sess�es, com todo o respeito � mem�ria deles. "Nossos pais sempre nos deram apoio, souberam o qu�o dif�cil foi chegar at� aquele momento. O pai do �lvio tinha um Fusca com o qual �amos para o interior de Minas para pregar cartazes nas ruas. Eles sabiam desta nossa luta." 

Vinte e quatro anos depois da estreia, o texto e a montagem continuam fi�is � primeira encena�a�. O que muda, segundo o ator,  � o impacto de algumas cenas, como o beijo final entre Lolo e Lucas. "Naquela �poca, as pessoas ficavam chocadas. Lembro que disseram que a pe�a era um levante gay propondo um final em que dois homens acabassem juntos. Hoje em dia, est� cada vez mais comum casais homoafetivos". 

Desde a estreia, a pe�a nunca sofreu ataques ou alguma forma de preconceito, mesmo contendo frases como " Eu, por mim, queimava todas as bichas em pra�a p�blica” . “A fala � de Vicente, um machista babaca”, argumenta o ator que interpreta o personagem. “A pe�a retrata uma �poca e est� em sua terceira gera��o. O cen�rio de um apartamento simples do Barro Preto n�o sofreu altera��es. A �nica mudan�a foi a troca de um telefone de fio para um sem fio."

Se o fato de o esp�rito ser gay n�o causou discuss�es, o mesmo n�o se pode dizer da rea��o do meio teatral ao imenso sucesso da produ��o. "N�o quero criar pol�mica. Isso nunca foi problema. Alguns amigos j� disseram ter vindo cheios de reserva, mas curtiram a pe�a em que as pessoas v�o de cora��o aberto."

Com dire��o de Sandra P�ra, o espet�culo tem no elenco, al�m de �lvio Amaral e Maur�cio Cangu�u, Jos� Vila�a, Dannyele Gama e Marino Cangu�u.

O “Esp�rito” em 24 atos

» No segundo dia ap�s a estreia, em 30 de julho de 1998, a temporada esgotou inexplicavelmente. E seguiu assim por muitas temporadas.

» Em uma �poca em que a temporada regular era de sexta a domingo, o “Esp�rito” fez sess�es de ter�a a domingo, com sess�es extras.

» Maior p�blico de todas as edi��es da Campanha de Populariza��o do Teatro em BH, desde 1999 at� 2022.

» A pe�a foi convidada para temporada que marcou o lan�amento do Teatro Dom Silv�rio.

» Por causa do sucesso da com�dia, Maur�cio e �lvio ficaram por quatro anos no programa “A Pra�a � Nossa”.

» O programa “Oh Coitado” (SBT/Alterosa) fez epis�dio especial sobre a pe�a e teve uma de suas maiores audi�ncias.

» Os atores subiram ao palco nos dias em que seus pais faleceram, com sess�es esgotadas.

» Os espet�culos "Os sem vergonhas", "A idade da ameixa", "A saga da Senhora Caf�", "Minha mulher se chama Mauricio", "Essa heran�a � minha", "Maio – Antes que voc� me esque�a", "Por pouco", "Vel�rio � brasileira", "La Nonna" foram montados com "patroc�nio" do “Esp�rito”.

» Inspirou o livro “A trajet�ria de um sucesso”, de Jefferson da Fonseca Coutinho.

» O “Esp�rito” ganhou longa-metragem, com Mar�lia P�ra e Arlete Salles no elenco.

» Bibi Ferreira e Mar�lia P�ra estiveram em Belo Horizonte especialmente para assistir � pe�a no Teatro ICBEU.

» A pe�a foi convidada para reinaugurar o Teatro da Bacabeiras, em Macap�.

» Em S�o Paulo, foram temporadas lotadas ao longo de quatro anos, nos teatros Imprensa, Bibi Ferreira, Ruth Escobar, Fernanda Torres, Eva Wilma, Santo Agostinho e Teatro Anhembi-Morumbi.

» No Rio, o “Esp�rito” tamb�m fez sucesso no Teatro das Artes, Vanucci, Teatro Leblon, Grandes Atores e Ipanema.

» Recordista de p�blico no Projeto Pe�a Bis, no Teatro Alterosa.

» Recebeu convite para ser encenada nos EUA, em 2020.

» H� 16 anos participa do projeto Coopencena, com apresenta��es em a��o beneficente; mais de 128 mil quilos de alimentos arrecadados em 147 cidades.

» S�o tr�s cen�rios ativos e eventualmente montados ao mesmo tempo para atender a demanda de apresenta��es.

» Em 1999, no Pr�mio Sinparc, Ilvio Amaral ganhou pr�mios de melhor ator e melhor ator comediante; e a pe�a levou o pr�mio de maior p�blico do ano.

» Ganhou o t�tulo de Honra ao M�rito da C�mara Municipal de BH, como de interesse p�blico.

» Trof�u JK de Cultura e Desenvolvimento de MG.

» Um dos espet�culos h� mais tempo em cartaz no Brasil.

» Primeiro espet�culo teatral a participar da Campanha de Populariza��o do Teatro em mais de uma edi��o. Anteriormente, s� se participava uma vez. A partir de ent�o, as regras de participa��o mudaram.

» A pe�a deu o pontap� na carreira de muitos atores estreantes. 

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