Quando o assunto � gastronomia, o nome do chef Ivo Faria � sempre lembrado por sua trajet�ria. Por duas d�cadas e meia, ele manteve, na Pra�a da Assembleia, o Vecchio Sogno, um dos mais importantes restaurantes da hist�ria gastron�mica da capital mineira. Em entrevista ao Estado de Minas, em janeiro de 2021, Faria recordou com orgulho algumas barreiras quebradas pelo seu empreendimento. “O Vecchio Sogno foi a primeira casa com presen�a marcante do cozinheiro no sal�o. Foi o primeiro restaurante a ter sommelier.” A partir de hoje (6/3), o Instituto Ivo Faria come�a a funcionar na Rua Modesto de Carvalho Ara�jo, 652, no Belvedere. Para os pr�ximos meses, o chef pretende estender a ideia para a periferia de Belo Horizonte, formando m�o de obra especializada para a gastronomia.
Como vai funcionar o Instituto Ivo Faria?
Ser�o dois formatos. O primeiro, no Belvedere, ser� aberto com turmas durante o dia e a noite para o "amador", aquele que n�o sabe cozinhar e quer aprender a fazer suas refei��es ou preparar um card�pio para reuni�es com os amigos. O segundo, um projeto que vai demandar um pouco mais de tempo e parcerias, ser� voltado para forma��o de m�o de obra para o setor da gastronomia com alunos das periferias de Belo Horizonte. Para ser viabilizado, esse formato ainda precisa de apoio financeiro, principalmente. J� tenho algumas pessoas que est�o interessadas em ajudar.
O senhor tem vontade de abrir um restaurante com o mesmo porte do Vecchio Sogno?
Chega! O instituto pode ser grande sem precisar de, por exemplo, ter a mesma dimens�o f�sica do restaurante, porque o objetivo – formar m�o de obra qualificada que venha das periferias da cidade – � muito maior que isso. O instituto quer, entre outras coisas, melhorar o trabalho de quem, por exemplo, produz doces e salgados, mas sem produtividade. Queremos mostrar a essas pessoas como melhorar essa produtividade, como lidar com as finan�as do neg�cio, como unir a produ��o caseira a outras atividades.
Mas o senhor n�o pretende abrir nem mesmo um restaurante menor?
No Belvedere, o instituto poder� funcionar sob reservas para at� 40 pessoas. A ideia com esses eventos � captar recursos para manter o pr�prio Instituto Ivo Faria.
O senhor come�ou a trabalhar com gastronomia aos 14 anos. Hoje, aos 70, o que o levou a pensar na necessidade de forma��o de m�o de obra?
Quando comecei no Senac, at� a passagem de �nibus era subsidiada (Ivo morava no Bairro Primeiro de Maio, Regi�o Norte de Belo Horizonte, e as aulas eram na Rua Tupinamb�s, no Centro). Hoje, n�o h� incentivos para que a pessoa saia de casa para estudar. A maioria das escolas cobram e cobram caro. Est� na hora de transferir conhecimento. Sempre pus a m�o na massa, mas sei que uma andorinha s� n�o faz ver�o. E j� existem pessoas com disposi��o em colaborar com o instituto.
O custo de vida est� realmente muito alto, o que onera a vida das pessoas..
Para tudo voc� tem gastos. Para se locomover at� as escolas, para desenvolver o seu neg�cio...No passado, o Senac garantia at� os deslocamentos. Hoje, voc� n�o tem nem mesmo uma escola de gar�ons.
H� dois anos, o Vecchio Sogno, seu restaurante que fez hist�ria na gastronomia da capital mineira, por 25 anos, encerrou as atividades...
Mas ao longo desses dois anos parei s� mesmo no momento mais cr�tico da pandemia quando todos tamb�m pararam. Depois disso, participei de festivais e eventos. Trabalhei tamb�m com minha filha (Naiara Faria) no La Palma, restaurante que funciona h� 10 anos no Bairro Aeroporto, na Pampulha. L� tem uma cozinha de produ��o usada para atender o card�pio dos meus eventos.