'Quando digo n�s, falo das favelas, mas n�o s�. Falo de todos que, independentemente da origem, trabalham e acreditam no poder da coletividade'
Caio Ronin, artista pl�stico
Caio Ronin foi homenageado com a Comenda Ant�nio de Castro Silva, concedida pela Prefeitura de Santa Luzia. Natural de Contagem, o artista, que aos 7 anos se mudou para a cidade da Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, criou o movimento filantr�pico FloreSer, que tem como pilares a caridade, a fraternidade e o esclarecimento.
“Disponibilizo pequena biblioteca, promovo a entrega de cestas b�sicas para fam�lias da comunidade em situa��o vulner�vel e de refei��es a pessoas em situa��o de rua. Tamb�m realizo exposi��es gratuitas na cidade, pois entendo a import�ncia da arte na vida do ser humano”, afirma.
Caio Ronin assina cerca de 100 murais e grafites nos principais bairros e comunidades de Santa Luzia – entre eles, Palmital A, Palmital B, Cristina C, S�o Benedito, Frimisa e Duquesa. Nesta entrevista, ele fala da import�ncia da homenagem, defendendo a valoriza��o da popula��o da periferia e suas manifesta��es art�sticas.
O que a comenda representa para voc�?
Que sou “gigante”, porque represento a multid�o. A premia��o � conquista coletiva, venho de um lugar em que acreditamos que onde um de n�s est�, todos est�o. Quando digo n�s, falo das favelas, mas n�o s�. Falo de todos que, independentemente da origem, trabalham e acreditam no poder da coletividade. Quando recebi o pr�mio, eu era a voz, os olhos, o corpo, as mem�rias, os sonhos e a coragem de todas aquelas pessoas.
Em seu discurso, voc� se referiu � vit�ria coletiva. Por qu�?
Agradeci a minhas maiores refer�ncias: minha m�e, Katiana Pereira do Carmo, minha av� Clem�ncia e meu pai, Marcelo Augusto da Silva, pela base que me deram. Falei sobre cinco minutos serem pouco quando voc� fala em nome da multid�o silenciada, reprimida, subjugada pela sua cor, f� e local de origem, mas, ao mesmo tempo, � uma vit�ria ocuparmos aquele palco. Convidei os �rg�os p�blicos a atualizarem o olhar para as manifesta��es art�sticas locais como grafite, breaking, rap e funk, que v�m ganhando lugar de destaque no Brasil e no mundo. Encerrei o depoimento saudando meus guias espirituais e meus ancestrais, que foram escravizados e for�ados a erguer esta cidade. A medalha � tamb�m em honra deles.
Voc� fez uma “vaquinha” para conseguir transporte para as crian�as participarem da solenidade no teatro municipal...
Sim, foi uma correria doida! N�s atendemos crian�as e jovens no projeto FloreSer. Queria muito que pudessem presenciar algu�m que � refer�ncia para elas ganhar uma premia��o como esta. Penso no impacto positivo que a experi�ncia pode causar nas escolhas e caminhos que as crian�as seguir�o na vida. Levei essa vontade para as redes sociais e comecei a me movimentar para conseguir uma van para lev�-las. O motorista cobrou R$ 250. Eu n�o tinha condi��es de pagar, ent�o desci o morro e bati de porta em porta dos com�rcios pedindo ajuda. Rapidinho, consegui ajuda de tr�s: Dep�sito Real Bueno, Eubi Ra��es e Gal Farma. Faltavam R$130 para completar o valor da van. Fiz um story em tempo real, atualizando meus seguidores sobre as doa��es. Quando viram que faltava R$ 130, a B�rbara e a Amanda Soares completaram a doa��o. Foi uma �tima oportunidade de mostrar na pr�tica o que � o projeto FloreSer.