“Que bom ver esta sala cheia”, disse, com a voz embargada, Daniela Fernandes, na abertura da 23ª edi��o do projeto Curta Circuito, idealizado por ela. At� junho, a mostra apresenta e discute sete filmes nacionais produzidos entre as d�cadas de 1970 e 2010. Todos eles passam pelo eixo tem�tico “amores brasileiros”.
Daniela lembrou que com toda a estrutura pronta em 2020, veio a pandemia e interrompeu tudo. A mostra foi obrigada a adotar o formato h�brido, entre o on-line e apresenta��es presenciais. Mas o Curta Circuito resistiu, e � orgulho do audiovisual brasileiro por ser a mostra mais antiga em atividade no pa�s.
“Somos pequenos, mas o nosso amor pelo cinema � enorme”, afirmou Daniela Fernandes, feliz por ter como filme de abertura “As feras”, do diretor Walter Hugo Khouri (1929-2003), um de seus cineastas preferidos. A coluna acompanha a mostra h� um bom tempo. E sabe que, al�m das surpresas que os filmes revelam – especialmente os dos anos 1970 e 1980 –, atores, diretores e produtores que participam de bate- papo t�m sempre algo novo para revelar.
Modelo nos anos 1980 e um dos nomes mais importantes das passarelas brasileiras, Claudia Liz foi a estrela de “As feras”. No Curto Circuito, ela n�o soube precisar exatamente como chegou ao elenco, mas revelou que foi a primeira vez que viu o filme completo. O motivo foram os sete anos em que lutou contra a depress�o. Antes da doen�a, passou um per�odo em coma ap�s cirurgia de lipoaspira��o. “O lan�amento, n�o sei por que, n�o chegou at� mim. Eu estava muito doente”, comentou.
Bem-humorada, ao subir ao palco, sentando-se ao lado de Donny Correia e do cr�tico Daniel Salom�o, Claudia Liz disse nunca ter feito tanto sexo na vida quanto aparece no longa. Em rela��o � sua atua��o como atriz, brincou que n�o se achou “p�ssima”. Claudia tem talento. Sua performance em “As meninas”, longa baseado no livro de Lygia Fagundes Telles, � sempre lembrada.
Claudia Liz contou que � de Goi�s, de fam�lia muito simples. “Sou da ro�a”, disse, observando que as passarelas lhe abriram “um universo fenomenal”. Hoje, o cinema e a televis�o n�o fazem mais parte da vida profissional dela, que prefere ficar longe dos holofotes. Em sua casa, dedica-se � arte. Um de seus trabalhos mais recentes pode ser visto na “Heart parade”, na Pra�a da Liberdade. Longe das passarelas, ela continua sendo sin�nimo de beleza e eleg�ncia.