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Estado de Minas TURISMO E NEG�CIOS

MTur e Embratur: uma compara��o inevit�vel

Em ritmos diferentes, Embratur faz bonito, e Minist�rio do Turismo preocupa


14/02/2023 08:02 - atualizado 14/02/2023 08:38

montagem com foto dos rostos de Marcelo Freixo e Daniela, Ministra do Turismo
(foto: Wikimedia Commons / Ricardo Stuckert)

O primeiro m�s do novo governo federal aponta as movimenta��es das novas lideran�as do turismo. De um lado, temos a nova Ministra do Turismo, Daniela Carneiro (a Dani do Waguinho, de Belford Roxo, no Rio de Janeiro) e do outro, o novo presidente da Embratur, Marcelo Freixo. Um de um lado, e o outro, do outro, porque, pelo menos nesse primeiro m�s, o que se pode ver � uma atua��o estrat�gica da Embratur, e uma atua��o politiqueira e populista do Minist�rio do Turismo. Ali�s, por enquanto, a �nica bola dentro da nova ministra foi a nomea��o de Marcelo Freixo para a Embratur. Por isso, uma compara��o entre Minist�rio do Turismo e Embratur, � inevit�vel � essa altura.

 

Primeiramente, � preciso entender claramente o papel do Minist�rio do Turismo e o da Embratur. L� nos prim�rdios do turismo brasileiro, em 1966, foi criada a Embratur. Naquele momento a Empresa Brasileira de Turismo, que 25 depois virou Instituto Brasileiro de Turismo, era respons�vel por comandar as pol�ticas p�blicas de turismo no Brasil e a promo��o do pa�s. Sim, aquelas propagandas horrendas de uma on�a pulando da selva e uma transi��o para uma mulher seminua sambando, era obra da Embratur. Que hoje, como ag�ncia do governo, trabalha arduamente (tal como todos n�s brasileiros), para tirar do imagin�rio estrangeiro que o Brasil � uma selva perigosa, com praias e mulheres lindas dispon�veis.

Nesse sentido, estamos fazendo o dever de casa. Essa imagem brasileira est� cada vez mais dissipada, e temos conseguido mostrar que temos muito a oferecer aos turistas, de maneira profissional, alegre e sem apresentar um pa�s caricato. Nesta evolu��o, em 2003, o governo Lula deu um grande passo, e criou o Minist�rio do Turismo. Foi ent�o que pudemos ver o turismo avan�ar a passos largos. O Minist�rio do Turismo (MTur) assumiu a proposi��o e diretrizes da pol�tica p�blica do turismo, e a Embratur, desde ent�o, respons�vel apenas pela promo��o internacional do Brasil. Em 2006, foi lan�ado Programa de Regionaliza��o do Turismo, quando em pouco tempo e uma super equipe t�cnica, o MTur conseguiu chegar em todos os estados, de maneira t�cnica.

 

As diretrizes do MTur nesse per�odo fizeram, n�o s� muito estados, mas muitos destinos, darem um verdadeiro salto. Parcerias com competentes empresas de consultoria e especialmente, o Estudo de Competitividade do Turismo, desenvolvido e conduzido pela Funda��o Get�lio Vargas, nos deram uma nova percep��o t�cnica da gest�o do turismo no pa�s. Era um raio X do setor em alguns munic�pios, e tinha (ali�s, deveria ter tido) uma s�rie hist�rica. Hoje, ter�amos 15 anos de dados colhidos e sistematizados, em uma metodologia. Mas, ainda no governo Dilma, o estudo foi descontinuado, e depois do caos pol�tico que o Brasil vem sofrendo desde 2016, nossas pol�ticas p�blicas de turismo foram s� ladeira abaixo.

 

A entrada do governo Bolsonaro, com ministros que nada fizeram, e a fus�o do Minist�rio do Turismo e da Cultura, resultaram em um grande nada para os dois setores nos �ltimos anos. Sem estrat�gia, pudemos assistir alguns poucos t�cnicos do MTur nadando contra a correnteza, tentando manter um m�nimo de argumento t�cnico, que ou bem ou mal, deixaram a fa�sca acesa. A Embratur, sem estrat�gia de promo��o internacional, nem interlocu��o com o exterior, participou de algumas feiras, para “cumprir tabela”. A pandemia, foi o pano de fundo e o argumento para que nada fosse feito. E assim, chegamos em 2023.

 

Na esperan�a da retomada do turismo, j� sofremos o primeiro susto. No finalzinho de 2022, foi anunciada a nova Ministra do Turismo, Daniela Carneiro. Sem entrar nas quest�es das p�ginas policiais que n�o me competem, ela chega sem hist�rico nenhum no setor do turismo. A� vem a pontinha de esperan�a: “quem sabe ela n�o estrutura uma equipe t�cnica competente”. Ainda n�o vimos nada de relevante. Muitas reuni�es e fotos ap�s o primeiro m�s, recebemos a diretriz para os primeiros 100 dias. 5 eixos aleat�rios para fazer os leigos escutarem o que todos gostariam que fosse verdade, mas que na pr�tica, n�o passa de um discurso populista.

 

O primeiro eixo � o di�logo. O di�logo deve permear toda a gest�o, n�o � (ou n�o deveria ser) um eixo estrat�gico, mas sim uma condi��o para que as pol�ticas p�blicas fluam. Di�logo � meio, e n�o fim. O segundo eixo � a “sustentabilidade e as mudan�as clim�ticas”, que ser� a cria��o de uma coordena��o espec�fica na estrutura do MTur para estes temas, que segundo a ministra existir� “para demonstrar a import�ncia desse tema”. Isso � o quer quer�amos ouvir? Sim! Afinal, essa abordagem est� na moda. Inclus�o, combate � explora��o sexual e clima. Mas, o caminho n�o parte do discurso. A nova pol�tica do MTur deveria direcionar para esses temas t�o importantes, e n�o ao contr�rio.

 

O terceiro eixo � o “Carnaval”. A pauta do momento. Nosso eterno “p�o e circo”. Aqui pulamos de um eixo que depende de longo prazo, pois envolve articula��o com diversos entes e mudan�a de comportamentos, e at� mesmo de cultura organizacional, para um eixo que acontece em 4 dias. Vamos amenizar, e falar de 30 dias, incluindo planejamentos e resultados posteriores do carnaval. O quarto eixo � a “estrutura��o de destinos”, com a retomada de obras que estavam paralisadas, o fortalecimento do empreendedorismo feminino com foco no microcr�dito, a qualifica��o profissional e a retomada de inciativas voltadas para o turismo acess�vel, e junto com a Embratur ampliar o n�mero de turistas estrangeiros. Obviamente que todas as iniciativas s�o de extrema import�ncia. Mas a estrutura��o de destinos, n�o pode ser assim, apenas elencada. O turismo funciona em cadeia, por isso, essa estrutura��o deve compor uma pol�tica p�blica mais robusta. E, lamento dizer, mas nem se constr�i uma estrat�gia dessa em 100 dias.

 

E por fim, o �ltimo eixo que diz que “passagem barata = turista feliz”, batizado de “pre�o das passagens a�reas”. A gente bem que sonha em voltar a entrar no site das companhias a�reas e achar aquela passagem de R$50,00. Mas, esse � outro assunto de extrema complexidade. A constru��o de uma tarifa a�rea � baseada em muitas vari�veis, e poucas estariam em condi��es de negocia��o por parte do poder p�blico, como a tributa��o e talvez, a atra��o de novas companhias a�reas para o pa�s. E de prefer�ncia as “low cost”. No nosso Brasil continental temos apenas 3 companhias a�reas. Sem concorr�ncia, dificilmente essas tarifas baixam. Mas se ela conseguir, especialmente em 100 dias, eu volto para me redimir. Ali�s, tor�o por isso!

 

Do outro lado, temos a Embratur. Sob a gest�o de Marcelo Freixo, que tem dado um verdadeiro show. Confesso que tem sido um alivio em meio a esses disparates do Minist�rio do Turismo. No primeiro m�s, ele fez reuni�es estrat�gicas, e pelo o que temos visto, bastante produtivas. Trouxe uma equipe t�cnica, conhecida e reconhecida pelo setor do turismo. Nomes que j� provaram que s�o de extrema capacidade e compet�ncia. Hoje, dia 14 de fevereiro, j� temos um dia hist�rico para a Embratur e para os brasileiros. A nova “Marca Brasil” ser� relan�ada, em Bras�lia. Relan�ada, porque aquela marca linda, do Brasil com “s”, colorida em formato aquarela, foi atualizada e volta a ser a “nossa cara”. O turismo brasileiro volta a ser apresentado de maneira alegre, divertida e cheia de cores. O mercado internacional poder� enxergar o Brasil, novamente, como um destino bem posicionado.

 

Mas, fica a preocupa��o. Conseguir� o Minist�rio do Turismo acompanhar a competente Embratur? Conseguir� a Embratur fazer promo��o internacional, sem a retaguarda estrat�gica do Minist�rio do Turismo? Vamos aguardar, acompanhar, e esperar que o trade, p�blico e privado, saiba se posicionar e cobrar. Os turistas agradecem. Os estrangeiros e os brasileiros. 

 

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