
O futebol caminha mesmo para um buraco sem fundo. Dirigentes fazendo m�dia com os torcedores, os chamando de palha�os, sem que eles percebam. Eles n�o se preocupam com 50 mil mortos at� agora por COVID-19, pois num pa�s onde se matam 50 mil pessoas ao ano por arma branca ou arma de fogo parece que isso virou uma coisa normal. Os dirigentes se acham donos dos clubes e os torcedores s�o seus “s�ditos”. V�o do c�u ao inferno do dia para a noite, e vice-versa. A turma do robozinho trabalha para a pol�tica, para o futebol, para quem pagar mais. E alguns querem se iludir achando que rob�s votam de verdade. Que pena! Felizes s�o os torcedores que comemoram ta�as e t�tulos, n�o outras coisas. No Rio, a bagun�a continua. O prefeito, aquele da igreja que passa a sacolinha, diz que o futebol est� suspenso. Os clubes peitam e dizem que v�o jogar. Enquanto isso, no Maracan�, o hospital de campanha tenta salvar as v�timas do coronav�rus. Tudo num espa�o bem pr�ximo. O som dos jogadores batendo � bola ecoa no hospital vizinho. Como n�o h� torcida no Est�dio do Maracan�, pode-se ouvir o que ocorre no gramado a dist�ncia. Pobre humanidade, gananciosa, achando que o dinheiro est� acima do bem e do mal. Fico feliz de ter tanta gente copiando a frase que ouvi de Arrigo Sacchi, em 1994, na final do Mundial, quando ele disse que “O futebol � a coisa mais importante entre as menos importantes da vida”. Sempre dei cr�dito ao t�cnico italiano e gravei essa frase para a minha vida toda. Por�m, tem gente que fala a frase como se fosse dela. Outro dia, vi um cronista de S�o Paulo p�r isso no seu blog como se fosse dele, sem aspas, e sem citar Sacchi. Deve ser da turma dos rob�s.
O dia em que o torcedor entender que dirigentes de clubes s�o seus empregados, pois a raz�o da exist�ncia de um clube � a torcida, a coisa muda de figura no Brasil
Mais triste � saber que h� gente reclamando que a pandemia o deixou sem emprego, outros que suas empresas quebraram. Mas dinheiro para bobagens eles conseguem. O dia em que o torcedor entender que os presidentes de clubes s�o seus empregados, pois a raz�o da exist�ncia de um clube � a sua torcida, a coisa vai mudar de figura no Brasil. Ou n�o, pois um povo que gosta e se acostumou com p�o e circo aceita qualquer coisa. Por isso sou saudosista, adoro os grandes dirigentes, estadistas, gente que sabe qual � o seu papel. Numa coisa o torcedor n�o � bobo: ele sabe quem � vencedor e quem � perdedor. Os amigos viram inimigos com as cr�ticas, pois a grande maioria n�o sabe conviver com elas. Nem mesmo aqueles que usaram voc� para chegar ao clube e que se esqueceram disso. Gente mesquinha, que n�o vale o prato de comida que come. Os traidores de hoje ser�o os tra�dos de amanh�. N�o tenham d�vida disso. Quem manda � quem tem dinheiro e poder. Vaquinhas de pres�pio existem aos montes. Elas pensam que mandam, mas, na verdade, s� obedecem � ordem do chefe.
O “genoc�dio” que estamos vendo por parte de alguns governantes ser� cobrado pela Hist�ria. Vidas n�o voltam. J� vimos guerras, pandemias e trag�dias que foram vencidas pela humanidade, que reconstruiu, ainda que lentamente, suas economias. Num passado n�o muito distante, uma vida valia muito. Hoje, pelo que temos visto, para muita gente n�o vale nada. Que mundo cruel! O futebol n�o pode ficar impune aos desmandos de seus dirigentes. Se n�o pagarem aqui nessa vida terrena, pagar�o em outro plano, n�o tenho d�vidas disso. O que leva uma pessoa a ponto de se achar acima do bem ou do mal s� porque � presidente de um clube? S� mesmo sua pequenez, baixa autoestima e vaidade. Dirigir “a coisa mais importante entre as menos importantes da vida”, para alguns, � o m�ximo que podem atingir. J� outros, que nunca se importaram com o cargo, tornam-se gigantes diante de uma torcida reconhecida e apaixonada. Cada um colhe o que planta! E “assim caminha a humanidade, com passos de formiga e sem vontade”, como diria o poeta e m�sico Lulu Santos.
N�o sei se a bola vai voltar a rolar ou n�o no Campeonato Carioca. Mas sei que torcedor nenhum que seja humano e temente a Deus ir� comemorar qualquer conquista ou quem seja o conquistador. Dever�amos estar comemorando cada vida salva por m�dicos, enfermeiros e todos que est�o na linha de frente no combate � COVID-19. Ali�s, gente que nunca foi valorizada. Os garis, por exemplo, sempre foram tratados com desprezo, mas s� agora tiveram seu valor reconhecido por alguns. Na Fran�a e na Holanda, declararam-se os campe�es com a paralisa��o das competi��es. No Brasil eles est�o brigando para terminar os estaduais, competi��es falidas e ultrapassadas que podem servir como �nica chance de os fracassados porem um t�tulo no curr�culo. Enquanto isso, os torcedores, considerados palha�os por alguns dirigentes, v�o ao circo, na esperan�a do grito de “� campe�o”, quando deveriam estar gritando contra a fome, a mis�ria, a desigualdade social. Deveriam gritar contra vidas perdidas em cada estado, munic�pio, cidadezinha do Brasil. A conta vai chegar para todos, principalmente para os desalmados, covardes, que se aproveitam da fragilidade e do momento pelo qual as pessoas est�o passando. Um futebol falido, tecnicamente fraqu�ssimo, com v�rios ex-jogadores em atividade, � o que temos. E � esse futebol que esses dirigentes est�o sobrepondo �s vidas. Tristeza � a palavra certa. Estou aqui para aplaudir quem salva vidas. Os outros, os oportunistas, a vida se encarregar� deles!