T�cnicos e jogadores donos da verdade no futebol

T�cnico e jogadores no Brasil querem determinar o que a imprensa deve ou n�o perguntar, se acham no direito de desmentir os profissionais ao vivo e parece que s�o os "donos da verdade". Ao fim de todos os jogos, as entrevistas de alguns treinadores e jogadores s�o ca�ticas e perigosas.

A mais recente aconteceu no Maracan�, na quinta-feira, quando Gabigol, perguntado pelo rep�rter da TV Globo Eric Faria sobre a crise de relacionamento no grupo, o desmentiu e disse que aquilo n�o � Big Brother, onde o jogo de intrigas � comum. Disse ao rep�rter que o viu falando sobre um poss�vel racha entre ele e Davi Luiz e saiu de campo abra�ado ao zagueiro. 

Meus caros amigos, sou da �poca de um jornalismo s�rio, em que voc� fazia mat�rias exclusivas com os jogadores, que eram verdadeiros. Certa vez, entrevistei Rom�rio, que veio da Holanda para um jogo do Brasil, em Porto Alegre, e Zagallo o colocou no banco.

Perguntei ao Baixinho o que ele achava da situa��o e ele respondeu: "O Zagallo s� pode estar delirando, me tirar da Holanda para ficar no banco aqui". Zagallo veio questionar, e Rom�rio confirmou o que havia me dito. O Baixinho sempre foi muito homem, de personalidade forte e grande car�ter.

Abel Ferreira chegou ao ponto de tomar, na m�o grande, o celular de um produtor de TV Globo, no Mineir�o. Apropria��o ind�bita � roubo. � um dos artigos do C�digo Penal. Mas ele � rico e famoso, e no Brasil n�o h� cadeia para essa gente. Os p�ssimos exemplos se sucedem, e a coisa vai ficando pior, pois t�cnicos e jogadores jogam os torcedores contra a imprensa s�ria. 

Claro que h� os puxa-sacos dos clubes, os tais youtubers que s�o torcedores e n�o jornalistas. Alguns at� s�o formados, mas n�o passam de torcedores fan�ticos, que atrapalham o trabalho dos jornalistas s�rios. As perguntas s�o sempre "alisando" jogadores e treinadores. Vivemos um mundo perigoso, de �dio, de guerra entre fac��es de torcedores, e isso � muito triste. 

Outro fator que pesa � o fato de o Congresso Nacional ter acabado com a exig�ncia do diploma para jornalistas. O sindicato da categoria luta, bravamente, para que tal exig�ncia volte a funcionar. Foi um descalabro do governo petista.

Vimos tamb�m o �ltimo governo jogando a popula��o contra a Rede Globo, principalmente. Isso n�o � democracia e, sim, irresponsabilidade. 

O Brasil � o pa�s onde o "poste mija no cachorro". Receber um ditador, acusado de crimes contra a humanidade � o fim do mundo. Seja qual presidente for, ele n�o tem o direito de fazer o povo brasileiro passar por essa humilha��o. 

Os dirigentes do futebol, os t�cnicos e jogadores devem ter responsabilidade maior, pois alguns comandam verdadeiras massas. O Flamengo, por exemplo, tem 50 milh�es de torcedores. Gabigol jogou essa gente contra Eric Faria, que na verdade fez excelente trabalho e perguntou aquilo que um rep�rter de verdade tem que preguntar. Ele n�o est� ali para "passar pano."

Quem "passa pano" � youtuber torcedor do clube. Claro que h� alguns s�rios, como o Paparazzo Rubro-negro, que � jornalista formado, e o Flazoeiro, que � um cara �tico e que critica e elogia no mesmo tom. Como hoje qualquer um tem canal no YouTube, � preciso separar o joio do trigo.

Vimos tamb�m uma pergunta de um rep�rter da Itatiaia ao t�cnico Eduardo Coudet, que logo o reprimiu, dizendo que aquela n�o era a pergunta, como se coubesse a ele pautar o jornalista. A pergunta era pertinente e inteligente. O treinador pode se dar ao direito de responder ou n�o, mas querer determinar o que deve ser perguntado � demais. 

Hoje os jornalistas n�o veem mais os treinamentos, e os clubes escolhem quem vai falar na coletiva. Mat�rias exclusivas acabaram, tudo piorou. Est�o copiando a Europa nisso, mas deveriam entregar um futebol em n�vel do Velho Mundo. J� que impedem a imprensa de fazer tudo, que possam melhorar o n�vel t�cnico dos jogos, o tempo de bola rolando, dirigentes mais bem preparados, t�cnicos competentes e por a� afora. 

Quem exige tem que dar contrapartida, e o que temos visto no Brasil s�o treinadores despreparados, nenhum craque, dirigentes passionais e fracos, �rbitros que d�o vergonha e VAR que n�o tem crit�rio. Esse � o futebol brasileiro no pa�s da mentira, da falcatrua e da viol�ncia em n�veis inaceit�veis. 

Acho curioso que, para uma passeata gay para acabar com a homofobia, o que � justo e correto, o povo brasileiro p�e 2 milh�es de pessoas. Mas para protestar contra pol�ticos corruptos, ladr�es e contra os desmandos do congresso, de forma ordeira e pac�fica, n�o temos nem 100 mil pessoas. Se o povo est� conformado com essa viol�ncia e matan�a de inocentes no pa�s, � realmente de doer.

Dizem que cada povo tem o governo que merece, mas n�o penso assim. O brasileiro, em sua esmagadora maioria, � um povo ordeiro, de car�ter, lutador e que n�o merece de jeito nenhum governantes corruptos e sem compromisso com a sociedade.

Enquanto a maioria do povo vive com o sal�rio-m�nimo de fome, os governantes est�o viajando em avi�es maravilhosos, frequentando pal�cios, comendo caviar e tomando os melhores vinhos do mundo.

Peguem a vida de alguns pol�ticos e percebam o que tinham antes de entrar no parlamento e o que t�m hoje. A maioria enriqueceu assustadoramente. Contra fatos n�o h� argumentos. Temos sim uma minoria s�ria e dedicada �s causas da popula��o, mas uma minoria mesmo, bem pequena. Pobre Brasil, t�o maltratado nas m�os de oportunistas e demagogos.

Na coluna de quarta-feira, sobre a Copa do Brasil, falei de Atl�tico Mineiro e Cruzeiro, ambos eliminados, e me esqueci do Am�rica, �nica equipe mineira que avan�ou �s quartas de final. Pe�o desculpas aos americanos, pelo esquecimento. O Coelho, que vai muito mal no Brasileir�o, correndo o risco de voltar � S�rie B, fez uma partida de garra e ra�a com o Internacional, depois de levar 3 a 0 no primeiro tempo.

O gol salvador de Juninho levou a decis�o para as penalidades, e Maidana selou a classifica��o do Coelho. Agora � aguardar o sorteio e torcer para o Am�rica pegar Bahia ou Athletico-PR, equipes m�dias, j� que Palmeiras, Corinthians, Flamengo, S�o Paulo e Gr�mio s�o gigantes.