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A sa�da de Pedro Louren�o do Cruzeiro � emblem�tica

O N�cleo Dirigente Transit�rio, que surgiu sob o signo da uni�o para salvar o Cruzeiro, n�o teve solidez para suportar um m�s de realidade futebol�stica


postado em 10/01/2020 04:00 / atualizado em 10/01/2020 21:30

Empresário mineiro Pedro Lourenço, que estava responsável pelo futebol celeste, pediu, nessa quinta-feira, afastamento da gestão(foto: Paulo Galvão/EM/DA Press)
Empres�rio mineiro Pedro Louren�o, que estava respons�vel pelo futebol celeste, pediu, nessa quinta-feira, afastamento da gest�o (foto: Paulo Galv�o/EM/DA Press)

 

Quando o Cruzeiro foi derrotado pelo Palmeiras (2 a 0), em 8 de dezembro, no Mineir�o, muita gente imaginou que a queda para a S�rie B do Campeonato Brasileiro seria o �pice da desgra�a, o fundo do po�o. Que nada de pior poderia acontecer com a Raposa depois de decretado o in�dito rebaixamento para a Segunda Divis�o. Pois passado um m�s daquilo que se configurava como o maior pesadelo para o torcedor celeste, vem a realidade, muito mais cruel: ainda n�o � poss�vel determinar qu�o fundo � o po�o cruzeirense. H� mais espa�o para descer, e n�o apenas esportivamente falando.

 

A sa�da de figuras importantes do grupo que vem gerindo o clube desde 23 de dezembro � sintom�tica. Mais do que isso: um grande sinal de alerta que precisa ser levado muito a s�rio por quem ainda est� no barco. O movimento, que surgiu sob o signo de uma pretensa uni�o para salvar o Cruzeiro, n�o teve solidez suficiente para suportar nem um m�s de realidade futebol�stica.

 

Dentro de um ambiente contaminado, os rachas come�aram a aparecer. O fato em si n�o surpreende – a grande surpresa � a velocidade com que o projeto come�ou a ruir. Mas, para quem acompanha h� alguns anos os meandros do futebol, n�o � dif�cil compreender. O ambiente do esporte bret�o, por si s�, n�o � profissional. E quando o cen�rio est� totalmente desarticulado, como no Cruzeiro, esse abismo se agiganta. Os problemas n�o se resolvem com medidas meramente racionais. Como o po�o, o buraco � mais embaixo.

 

Encabe�ado por empres�rios, o N�cleo Dirigente Transit�rio do Cruzeiro apostou em ferramentas do mundo dos neg�cios para tentar recolocar o clube em condi��es minimamente administr�veis no menor prazo poss�vel. Choque absoluto de gest�o. Redu��o de gastos baseada em demiss�es, diante de um quadro de funcion�rios inflado, e defini��o de teto salarial para se adequar a uma realidade financeira sombria. As decis�es envolviam t�o somente n�meros, ignoravam nomes. As inten��es eram boas. Mas da� � pr�tica h� um caminho a se percorrer. E em clube de futebol ele � um pouco mais longo e tortuoso. N�o se resume a n�meros.

 

Isso porque fazem parte da estrutura de um clube vari�veis como influ�ncia pol�tica, amizades, vaidades, potencial financeiro para investir (ou, no caso celeste, socorrer) e troca de favores. E quando os bastidores est�o inflamados como no Cruzeiro a concili��o de ideias � muito mais dif�cil. As diferentes correntes que se solidificaram desde a �ltima elei��o para a presid�ncia s�o causa e consequ�ncia do que est� ocorrendo agora. � cada um querendo puxar a corda para o seu lado. Olhando para o seu quadrado e desprezando o que realmente importa: o Cruzeiro Esporte Clube enquanto institui��o.

 

� poss�vel fazer uma analogia com o meio empresarial, de onde saiu a maioria dos conselheiros que se colocaram nessa empreitada. Nas empresas de fam�lia, sobretudo, que como clubes de futebol carregam a paix�o incrustada no emblema. Se quem faz parte do grupo se preocupa com o pr�prio umbigo e n�o com a estrutura geral, n�o tem como dar certo. � sinal evidente de derrocada quando cada v�rtice pensa apenas em si e n�o se importa que o restante se exploda – esquecendo-se que ele tamb�m � parte desse restante.

 

Enquanto tudo est� bem, est�o todos bem. No Cruzeiro, enquanto os t�tulos brotavam, estava tudo bem. Torcedor n�o se importava com endividamento. Conselho n�o fiscalizava contrata��o, desvio de dinheiro... Por tr�s da cortina, no entanto, a d�vida crescia, as negociatas se multiplicavam, o solo se tornava cada vez mais f�rtil para os desmandos. Tipo nas empresas: enquanto o pro-labore est� saindo, n�o h� desaven�a. Os problemas ficam debaixo do tapete. O est� por tr�s desse cen�rio aparentemente harmonioso? A hipocrisia de uma realidade falsamente pac�fica.

 

Uma vez que a crise bate � porta, v�m � tona o lodo. E se algu�m se habilita a mexer no vespeiro, adotando pulso firme para resetar o programa e reiniciar tudo, quem estava confort�vel em meio ao caos d� o grito. N�o � qualquer pessoa que est� disposta a se sacrificar em nome da coletividade.

 

Pedro Louren�o, que acima de tudo era uma salvaguarda financeira para o Cruzeiro, n�o suportou esse ambiente contaminado. Pediu o bon� ontem. A sa�da dele � emblem�tica. E n�o dever� ser a �ltima.

 

 

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