
No �ltimo dia de recesso do Judici�rio, a Opera��o Lava-Jato retomou a iniciativa, com nova den�ncia contra o ex-diretor da Dersa (estatal paulista de rodovias) Paulo Vieira de Souza, pelo Minist�rio P�blico Federal (MPF), por corrup��o, lavagem de dinheiro e fraude de licita��o. Preso em Curitiba, Paulo � apontado como suposto operador financeiro do PSDB e respons�vel pela lavagem de milh�es de reais em favor da Odebrecht.
Paulo Vieira � r�u por suspeita de superfaturamento de uma obra de R$ 71,6 milh�es que foi paga pela estatal Desenvolvimento Rodovi�rio S.A. (Dersa) ao cons�rcio Nova Tiet�, cuja lideran�a pertencia � Delta, empresa de Fernando Cavendish. A den�ncia foi oferecida pelo Minist�rio P�blico do Estado de S�o Paulo, mas enviada � 7ª Vara Federal do Rio em julho de 2016 porque os r�us e os crimes s�o semelhantes aos da Opera��o Saqueador, um desdobramento da Opera��o Lava-Jato.
Embora no Rio de Janeiro, o juiz federal Marcelo Bretas mira os tucanos paulistas. A amplia��o da Marginal Tiet� custou R$ 360 milh�es. As obras foram realizadas entre 2009 e 2011, na gest�o de Jos� Serra (PSDB-SP). Paulo Preto est� sob forte press�o da Lava-Jato para fazer dela��o premiada. Ontem, Cavendish disse ao juiz Bret�s que conheceu Paulo Vieira de Souza em 2008, durante uma reuni�o em S�o Paulo sobre a participa��o da Delta em obras do governo paulista.
O ex-diretor da Dersa teria pedido R$ 8 milh�es em esp�cie para garantir a entrada da empresa carioca nos contratos. Cavendish disse que al�m desse pagamento, depois do in�cio das obras foram feitos outros, no valor de R$ 20 milh�es, ao longo do contrato. O operador financeiro Adir Assad, que tamb�m prestou depoimento, aumentou a carga contra Paulo Vieira: disse que entregou a ele, em m�os, R$ 1,5 milh�o.
Em outra frente de investiga��es, o doleiro Dario Messer foi preso em S�o Paulo, pela Pol�cia Federal. Estava foragido desde maio de 2018, quando foi deflagrada a Opera��o C�mbio Desligo, desdobramento da Lava-Jato no Rio de Janeiro. O doleiro estava no apartamento de uma amiga, Mary Oliveira Athayde, na Avenida Pamplona, nos Jardins. A pris�o foi efetuada durante cumprimento de mandados de pris�o e de busca e apreens�o expedidos por Bretas, com base em informa��es da intelig�ncia da Superintend�ncia PF do Rio de Janeiro.
Lavagem de dinheiro
Messer vivia entre S�o Paulo e o Paraguai. Engenheiro, � citado em inqu�ritos policiais desde os anos 1980, quando foi apontado como operador financeiro do banqueiro de jogo do bicho Waldomiro Paes Garcia, o Miro, ent�o patrono da escola de samba Acad�micos do Salgueiro, que morreu assassinado numa guerra com outros chef�es da contraven��o fluminense. Tamb�m foi o operador do envio irregular de US$ 33 milh�es para o exterior por fiscais da Fazenda do RJ e auditores fiscais. O esc�ndalo ficou conhecido como “Propinoduto”.
No “Mensal�o”, � apontado como respons�vel pelo envio de US$ 1 bilh�o de forma irregular para o exterior e entrega do dinheiro, em reais, no Banco Rural, para integrantes do PT. Al�m de ser dono de uma offshore no Panam� citada no caso do Swissleaks, Messer coleciona cita��es em relat�rios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre opera��es suspeitas, entre 2010 e 2015.
Na opera��o “C�mbio, desligo”, Messer � citado como o “Cagarras”, alus�o ao Arquip�lago das Cagarras, defronte ao qual tem uma cobertura em Ipanema. Os doleiros Claudio Barbosa, conhecido como “Tony” ou “Peter”, e Vinicius Claret, o “Juca Bala”, apontaram Messer como o “doleiro dos doleiros”, por ser dono de um sistema de compensa��o on-line no Uruguai que conectava doleiros de 52 pa�ses e operava contas em 3 mil empresas “offshore” de para�sos fiscais. A expectativa � de que tamb�m fa�a dela��o premiada, como outros doleiros presos pela Opera��o Lava-Jato.
Para completar a ofensiva, foi decretada a pris�o do empres�rio Valter Faria, presidente do Grupo Petr�polis, dono da cerveja Itaipava. Com outros executivos do Grupo Petr�polis, teria atuado na lavagem de cerca de R$ 329 milh�es em contas fora do Brasil. Segundo a Lava-Jato, o presidente do Grupo Petr�polis usou o programa de repatria��o de recursos de 2017 para trazer ao Brasil cerca de R$ 1,4 bilh�o obtidos de forma il�cita.