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Estado de Minas ENTRE LINHAS

Coaf era usada para 'achacar' investigados da Lava-Jato

Ex-supervisor da Receita preso seria o respons�vel pela investiga��o ilegal de cerca de 134 autoridades, entre as quais o presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli


postado em 04/10/2019 06:00 / atualizado em 04/10/2019 12:42

PF prende 12 suspeitos de participar de esquema de extorsao dentro da Receita Federal(foto: Reproducao /TV Globo)
PF prende 12 suspeitos de participar de esquema de extorsao dentro da Receita Federal (foto: Reproducao /TV Globo)

�s vezes, quem pensa que enxerga tudo, descobre que est� como os prisioneiros da caverna de Plat�o, a f�bula famosa sobre os sentidos e a raz�o. Disc�pulo de S�crates, o fil�sofo grego separava o mundo sens�vel, onde residia a falsa percep��o da realidade, do mundo intelig�vel, alcan�ado pela raz�o. A f�bula serve para agu�ar nosso olhar sobre o vale-tudo no qual mergulhou a for�a-tarefa da Lava-Jato e que, agora, coloca em xeque o seu futuro, pela rea��o que enfrenta no Congresso, no Supremo Tribunal Federal (STF) e, agora, na pr�pria Procuradoria-Geral da Rep�blica.

Na f�bula de Plat�o, havia um grupo de pessoas que viviam numa grande caverna, com seus bra�os, pernas e pesco�os presos por correntes, for�ando-os a olharem unicamente para a parede do fundo da caverna. Atr�s dessas pessoas existia uma fogueira e outros indiv�duos, que transportavam ao redor da luz do fogo objetos e seres, cujas sombras eram projetadas na parede. Os prisioneiros viam apenas as sombras das imagens, confundindo-as com a realidade. Entretanto, uma das pessoas conseguiu se libertar das correntes e saiu para o mundo exterior.

A princ�pio, a luz do sol e as cores cegaram o ex-prisioneiro, que se assustou. Assim, quis voltar para a caverna e compartilhar com os outros prisioneiros todas as informa��es e experi�ncias que viveu, mas ningu�m acreditava no que relatava e o taxaram de louco. Para evitar que suas ideias atra�ssem outras pessoas para os “perigos da insanidade”, os prisioneiros mataram o fugitivo. A hist�ria tem a ver com o destino de S�crates, que foi morto pelos atenienses porque suas ideias eram consideradas subversivas.

A realidade somente � compreendida a partir do pensamento cr�tico e racional. Essa � a moral da hist�ria. Ontem, o Banco Central informou ao juiz Marcelo Bretas que o auditor-fiscal Daniel Gentil e sua m�e, Sueli Gentil, presos na Opera��o Armadeira, t�m R$ 13,9 milh�es depositados em 11 contas banc�rias, dos quais R$ 10,9 milh�es foram encontrados na conta materna.

A fam�lia Gentil � apontada pelo Minist�rio P�blico Federal como a respons�vel pelo esquema de lavagem de dinheiro de suspeitos, entre os quais Marco Aur�lio Canal, supervisor nacional da Equipe Especial de Programa��o da Lava-Jato, o grupo respons�vel por aplicar multas aos acusados da opera��o por sonega��o fiscal. Daniel Gentil era subordinado a esse setor.

Dela��o


A investiga��o n�o s� confirma as den�ncias de que informa��es da antiga Comiss�o de Controle de Opera��es Financeiras (Coaf), tratada como intoc�vel pela for�a-tarefa da Lava-Jato, estavam sendo utilizadas em investiga��es ilegais, como revela que o objetivo dos investigadores n�o era dar mais efici�ncia e celeridade ao combate � lavagem de dinheiro, mas achacar os investigados. Em troca, eles anulariam multas por sonega��o fiscal decorrentes de fatos descobertos pela opera��o.

Canal � suspeito de ter atuado na cobran�a de propina de R$ 4 milh�es junto � Fetranspor (federa��o das empresas de �nibus do Rio de Janeiro) e no recebimento de 50 mil euros de Ricardo Siqueira Rodrigues, acusado na Opera��o Rizoma, mas esse � apenas um ponto de partida. Com as investiga��es em curso ser� poss�vel saber qual a verdadeira extens�o da atua��o da quadrilha de auditores-fiscais, inclusive no �mbito da Lava-Jato.

Segundo o Minist�rio P�blico Federal, bens usados pela fam�lia de Canal est�o em nome de empresas ligadas a outros auditores, especialmente Daniel Gentil. � o caso da cobertura em que sua fam�lia mora, na avenida L�cio Costa, orla da Barra da Tijuca, que est� em nome da empresa B. Magts, cuja �nica s�cia � Sueli, que nunca teria recebido pagamento de aluguel.

Tamb�m est�o em nome da empresa o Honda Fit e o Mitsubishi Outlander usados pela filha e pela mulher de Canal, respectivamente. O Volkswagen Golf do ex-supervisor da Receita est� em nome da empresa de outro amigo. Canal teria lavado dinheiro na constru��o de um shopping em Itagua�, munic�pio vizinho � capital fluminense, na qual uma empresa em nome de sua mulher tem participa��o.

Canal foi personagem central do duro ataque � for�a-tarefa da Lava-Jato feito pelo ministro Gilmar Mendes, na quarta-feira, em seu voto no julgamento do habeas corpus do ex-gerente da Petrobras M�rcio de Almeida, que foi concedido. O ex-supervisor da Receita seria o respons�vel pela investiga��o ilegal de cerca de 134 autoridades, entre as quais o presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli, e os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da C�mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Sua pris�o ter� impacto no julgamento, pelo plen�rio do Supremo, da pol�mica liminar concedida pelo presidente da Corte, Dias Toffoli, ao senador Fl�vio Bolsonaro (PSL-RJ), suspendendo todas as investiga��es com base em dados do Coaf obtidos sem autoriza��o judicial. Por essas voltas que o mundo d�, Canal pode fazer uma “dela��o premiada” e contar tudo que sabe.

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