
Um dos problemas do governo Bolsonaro � o fato de que o presidente da Rep�blica n�o sabe aproveitar as cr�ticas a seu favor, encara tudo como se fosse ofensa pessoal grave. Foi o caso, por exemplo, das not�cias de que a equipe econ�mica estuda acabar com a estabilidade dos servidores federais, revelada pelo presidente da C�mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), depois de negociar com o pr�prio presidente Jair Bolsonaro uma mudan�a de prioridades nas reformas, trocando a tribut�ria pela administrativa, que seria votada logo ap�s a aprova��o da reforma da Previd�ncia.
O Correio Braziliense noticiou assim o acordo: “O governo encaminhar� ao Congresso, nos pr�ximos dias, o projeto da reforma administrativa, que deve prever o fim da estabilidade para servidores p�blicos.
Em outra proposta, o Executivo vai propor mudan�as na regra de ouro, mecanismo que pro�be o governo de fazer d�vidas para pagar despesas correntes, como sal�rios, benef�cios de aposentadoria, contas de luz e outros custeios da m�quina p�blica. O acerto foi feito ontem entre o presidente da C�mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o presidente Jair Bolsonaro, em um encontro fora da agenda no Pal�cio da Alvorada."
Em outra proposta, o Executivo vai propor mudan�as na regra de ouro, mecanismo que pro�be o governo de fazer d�vidas para pagar despesas correntes, como sal�rios, benef�cios de aposentadoria, contas de luz e outros custeios da m�quina p�blica. O acerto foi feito ontem entre o presidente da C�mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o presidente Jair Bolsonaro, em um encontro fora da agenda no Pal�cio da Alvorada."
Bolsonaro ficou bravo, na manh� de ontem, em entrevista quebra-queixo (aquela de improviso, em que os rep�rteres se amontoam com microfones e celulares nas m�os), acusou o Correio e a Folha de S.Paulo, que tamb�m divulgou a proposta, de publicar mentiras e tentar derrubar seu governo. Segundo ele, a proposta n�o passou pelo seu crivo e n�o se mexe na estabilidade dos servidores. Mais tarde a equipe econ�mica atuou nos bastidores para dizer que a mudan�a atingiria somente os que ingressarem no servi�o p�blico ap�s a sua aprova��o.
Muito pior para o governo, por�m, foi a nota publicada na coluna Esplanada, no Estado de S.Paulo, especulando sobre a poss�vel sa�da do ministro da Economia, Paulo Guedes, o que provocou p�nico no mercado, derrubou a Bolsa de Valores de S�o Paulo (Bovespa), que fechou a menos 1,93%, e provocou alta do d�lar, cotado no fechamento a R$ 4,10.
Uma simples nota especulativa de jornal, por mais credibilidade que tenha uma coluna, s� deixa o mercado em p�nico quando coincide com os rumores que circulam nesse meio. Esses rumores s�o provocados por coment�rios em conversas privadas e declara��es p�blicas intempestivas do ministro Guedes, que j� deu v�rias demonstra��es de insatisfa��o e amea�ou cuidar da vida se as coisas n�o acontecerem como deseja.
Uma simples nota especulativa de jornal, por mais credibilidade que tenha uma coluna, s� deixa o mercado em p�nico quando coincide com os rumores que circulam nesse meio. Esses rumores s�o provocados por coment�rios em conversas privadas e declara��es p�blicas intempestivas do ministro Guedes, que j� deu v�rias demonstra��es de insatisfa��o e amea�ou cuidar da vida se as coisas n�o acontecerem como deseja.
N�o � assim que as coisas funcionam na economia pol�tica. Guedes � homem do mercado financeiro, agora est� tendo que lidar com a pol�tica concreta, que algu�m j� disse que � a economia concentrada. Aproveitando a onda “americanista”oficial, vale lembrar uma frase famosa do presidente Woodrow Wilson, dos Estados Unidos, em seu discurso de posse, em 1913: "Devemos lidar com o nosso sistema econ�mico como ele � e como pode ser modificado, e n�o como se tiv�ssemos uma folha de papel em branco para escrever". Esse parece ter sido o erro do ministro da Economia.
Contrariados
Maia revelou que o governo pretende mexer na regra de ouro do teto de gastos, com gatilhos para controlar as despesas obrigat�rias. Neste ano, a meta s� poder� ser cumprida gra�as a uma autoriza��o extraordin�ria do Congresso para o governo contrair empr�stimos de R$ 249 bilh�es, de modo a n�o suspender programas sociais e subs�dios. O mercado n�o gostou. Tamb�m revelou que foi acertado ainda um novo texto para tratar da partilha dos recursos do megaleil�o do pr�-sal, marcado para 6 de novembro, garantindo a participa��o de 15% dos estados do total arrecadado, e igual fatia para os munic�pios.
A proposta da equipe econ�mica era dividir os R$ 106,5 bilh�es que devem ser arrecadados da seguinte forma: depois do pagamento de R$ 33,6 bilh�es � Petrobras, estados, munic�pios e parlamentares ficariam, cada um, com 10%, o que corresponderia a R$ 7,3 bilh�es. O Rio teria R$ 2,19 bilh�es e a Uni�o, a fatia maior de R$ 48,9 bilh�es. Maia afirmou a Bolsonaro que a proposta da equipe econ�mica n�o tem chance de passar no Congresso. Os governadores, prefeitos e parlamentares n�o gostaram, Bolsonaro recuou e Guedes ficou pendurado no pincel.
Finalmente, a reforma administrativa, que ficaria a cargo da C�mara, acabaria com a estabilidade para a maior parte dos servidores p�blicos, reduziria a quantidade de carreiras, imporia travas a promo��es autom�ticas, avalia��o de desempenho e aproximaria os sal�rios do funcionalismo dos pagos na iniciativa privada. Seria uma esp�cie de plano B em raz�o do fracasso de Guedes na condu��o da reforma tribut�ria, que j� custou a cabe�a do ex-secret�rio da Receita Marcos Coimbra.
A divulga��o da proposta, supostamente sem seu aval, irritou Bolsonaro, porque mexe com corpora��es cujos interesses sempre defendeu. � mais uma fric��o com o ministro da Fazenda, corroborando os boatos de que Guedes estaria quase pedindo o chap�u.
A divulga��o da proposta, supostamente sem seu aval, irritou Bolsonaro, porque mexe com corpora��es cujos interesses sempre defendeu. � mais uma fric��o com o ministro da Fazenda, corroborando os boatos de que Guedes estaria quase pedindo o chap�u.