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Estado de Minas ENTRE LINHAS

Manchas de �leo amea�am santu�rio de Abrolhos

Entre suas esp�cies destacam-se as baleias franca e jubarte, o tubar�o-lim�o, tartarugas, a an�mona gigante, a gorg�nia; atob�s brancos e marrons, grazinas, fragatas e beneditos


postado em 24/10/2019 06:00 / atualizado em 24/10/2019 08:17

Região no Sul da Bahia abriga cinco ilhas e banco de coral com a maior diversidade do Atlântico Sul.(foto: Prefeitura de Caravelas/Divulgação - 8/1/16)
Regi�o no Sul da Bahia abriga cinco ilhas e banco de coral com a maior diversidade do Atl�ntico Sul. (foto: Prefeitura de Caravelas/Divulga��o - 8/1/16)

A not�cia de que as manchas de �leo que est�o chegando �s praias do Nordeste desde o in�cio de setembro j� se aproximam de Abrolhos, no Sul da Bahia, � um espanto. O arquip�lago det�m os bancos de corais de maior diversidade do Atl�ntico Sul, protegidos pelo Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, a primeira unidade de conserva��o marinha do Brasil, um santu�rio para a reprodu��o das baleias franca e jubarte, cuja passagem pela costa brasileira do Sul e Sudeste s�o uma atra��o � parte. Em Vit�ria, por exemplo, h� passeios tur�sticos de barco para ver a dan�a das baleias.

O Arquip�lago de Abrolhos � formado por cinco ilhas, distantes 75 quil�metros da costa de Caravelas. Foi visitado por Charles Darwin em 1832, a bordo do veleiro HMS Beagle. Desde essa aventura cient�fica, Abrolhos � uma refer�ncia para o estudo de biologia e da reprodu��o dessa esp�cie mam�fera. A Ilha de Santa B�rbara, onde est� o farol da Marinha, � a �nica habitada. As outras quatro s�o �reas proibidas. As ilhas ocupam 913 quil�metros quadrados (km2). Conheci o arquip�lago num dos raros carnavais nos quais n�o sai no bloco carioca Simpatia � Quase Amor, do qual sou foli�o desde o primeiro desfile, sempre na bateria.

Conheci Abrolhos gra�as a um convite do meu falecido amigo Bruno Fernandes, arquiteto e velejador, que me ligou do cabo de S�o Tom� para pedir uma orienta��o de como proceder diante do forte vento Nordeste que sopra naquela regi�o da costa fluminense. A 40 quil�metros a sudeste da cidade de Campos dos Goytacazes, a pen�nsula � formada por sedimentos depositados pelo Rio Para�ba do Sul. Foi avistada pela primeira vez em 1501 e perturba a vida dos velejadores que tentam atravess�-lo a meia dist�ncia da costa, por causa das ondas e do bordo negativo que torna infind�vel a travessia.

A melhor sa�da � fazer a travessia a motor entre a praia e o banco de areia, quando o tempo est� bom, ou rumar para o alto-mar. � noite, a refer�ncia � o Farol de S�o Thom�, localizado na Praia do Farol, em Campos, projetado pelo engenheiro franc�s Gustave Eiffel, o mesmo da constru��o da Est�tua da Liberdade, em Nova York (1888), e da Torre Eiffel, em Paris (1889). Tem 45 metros de altura e 216 degraus. Constru�do por uma empresa francesa, foi inaugurado em 1882, no anivers�rio da Princesa Isabel.

T�o logo chegou a Vit�ria, com Luciene Ruiz, arquiteta e velejadora como ele, Bruno me convidou para ir a Abrolhos, no veleiro Bar a Vento, um Bras�lia de 32 p�s. Fui com meus filhos Rodrigo e Andr�, uma velejada inesquec�vel. Depois, o casal rec�m-casado seguiu viagem, num p�riplo transatl�ntico que durou alguns anos.

Abrolhos tem esse nome porque era um local trai�oeiro para os navegantes. � conhecido pelos navegadores portugueses desde o s�culo 16: “Quando te aproximares de terra, abre os olhos…” j� alertavam aos desavisados, para que, quando avistassem as ilhas do Arquip�lago, abrissem bem os olhos para os seus recifes, que s�o um grande perigo para a navega��o no local. Em 1631, a �rea foi palco da Batalha de Abrolhos, em que a esquadra luso-espanhola venceu os holandeses. Em 1861, ainda na �poca do imp�rio, Santa B�rbara, a maior ilha, recebeu o Farol de Abrolhos. Administrada pela Marinha, a ilha � �rea de seguran�a nacional.

Santu�rio

Entre 1865 e 1867, os cientistas Louiz Agassiz, Charles Frederick Hartt e outros realizaram estudos geol�gicos em Abrolhos e seus recifes, publicados em 1870. Entre as esp�cies marinhas encontradas em Abrolhos destacam-se a baleia franca, o tubar�o-lim�o, tartarugas, a an�mona gigante, a gorg�nia, entre outras. V�rias esp�cies de aves habitam as ilhas, como atob�s brancos e marrons, grazinas, fragatas e beneditos. � permitido o desembarque nas ilhas Siriba, que possui uma trilha ecol�gica de 1,6 quil�metro, uma pequena praia com muitas conchas e piscinas naturais onde se observam peixes coloridos e outras esp�cies marinhas.

Na ilha de Santa B�rbara, � poss�vel conhecer o Farol de Abrolhos. As baleias chegam para acasalamento no per�odo de julho a novembro. O mergulho nas �reas de corais e naufr�gios � um luxo, pois � o local de maior variedade da biodiversidade marinha encontrada no Atl�ntico Sul. As visitas s�o controladas pelo Instituto Chico Mendes de Conserva��o da Biodiversidade ICMBio e o Centro de Visitantes de Abrolhos, que ficam na Praia do Kitongo, em Caravelas, no Sul da Bahia.

N�o por acaso, o plano estrat�gico da Marinha do Brasil se intitula Amaz�nia Azul. Com cerca de 5,7 milh�es de km2, equivalentes a metade da nossa massa continental, das �guas territoriais brasileiras s�o retirados 85% do petr�leo, 75% do g�s natural e 45% do pescado produzido no pa�s. A rica biodiversidade do nosso litoral, por�m, � um tesouro inexplorado. No Nordeste, est� sendo agredida por essa trag�dia que exp�e o descaso e a incompet�ncia do governo na quest�o ambiental.
 

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