
L�, l�, l�, l�, la, l�, �s v�speras do carnaval, lembrar de uma marchinha � quase inevit�vel. De autoria de Humberto Silva e Paulo Sette, a marcha rancho At� quarta-feira estourou no carnaval de 1968, na voz de Marcos Moran. Capixaba de Alegre, influenciado inicialmente pela bossa nova, o cantor despontou naquele carnaval, depois de enveredar pela black music, e acabou um disputado puxador de sambas, inicialmente na Portela, passando depois pelo Imp�rio Serrano, pela Vila Isabel e por outras escolas.
Mas nenhum samba fez mais sucesso do que a marcha rancho que marcou o carnaval daquele “ano que n�o terminou”, como diria Zuenir Ventura: “Este ano n�o vai ser,/Igual aquele que passou/ Eu n�o brinquei,/Voc� tamb�m n�o brincou,/Aquela fantasia,/Que eu comprei ficou guardada,/E a sua tamb�m, ficou pendurada/ Mas este ano est� combinado,/N�s vamos brincar separados (bis).”
A marchinha � sob medida para resumir a semana pol�tica, marcada por um esgar�amento na rela��o entre o Pal�cio do Planalto e o Congresso: “Se acaso meu bloco,/Encontrar o seu,/N�o tem problema,/Ningu�m morreu,/S�o tr�s dias de folia e brincadeira,/Voc� pra l� e eu pra c�,/At� quarta feira”. Por muito pouco, por�m, o senador Cid Gomes (PDT-CE) escapou da morte na quarta-feira, em Fortaleza, ao lan�ar uma retroescavadeira sobre o port�o de um quartel da Pol�cia Militar ocupado por grevistas encapuzados, todos policiais militares amotinados. No ato tresloucado, o ex-governador foi apedrejado e baleado no peito por um dos grevistas.
O resultado do conflito foi mais uma opera��o de Garantia da Lei e da Ordem, decretada ontem pelo presidente Jair Bolsonaro a pedido do governador do Cear�, o petista Camilo Santana, para enfrentrar o motim na corpora��o. O presidente Bolsonaro aproveitou pra defender a aprova��o do chamado “excludente de ilicitude” pelo Congresso. Trata-se do Projeto de Lei 882/19, apresentado � C�mara pelo presidente Jair Bolsonaro como parte do pacote anticrime do ministro da Justi�a, S�rgio Moro, pelo qual “o juiz poder� reduzir a pena at� a metade ou deixar de aplic�-la se o excesso decorrer de escus�vel medo, surpresa ou violenta emo��o.”
Bolsonaro joga para arquibancada, enquanto os governadores enfrentam a crise na seguran�a p�blica. A situa��o � grave em v�rios estados, com desdobramentos ainda imprevis�veis, por causa das amea�as de greve de policiais civis e militares. Em Minas, para evitar uma greve, aprovou-se um aumento salarial impag�vel para os servidores, que pode resultar no colapso do governo estadual, na contram�o de tudo o que o governador Romeu Zema (Novo) pregava na campanha.
Os reajustes chegam a at� 41,47%, no caso dos policiais militares e bombeiros, escalonados at� dezembro de 2022. Uma emenda apresentada pela oposi��o estendeu a corre��o para as outras categorias de funcion�rios p�blicos, elevando em mais R$ 20 bilh�es o impacto nos cofres mineiros. O porcentual � de 28, 82% para 13 categorias. O or�amento de Minas para 2020 prev� d�ficit fiscal, ou seja, despesas superam as receitas de R$ 13,3 bilh�es.
Vetos
A situa��o financeira dos estados � uma das raz�es do conflito entre o presidente Jair Bolsonaro e maioria dos governadores, principalmente depois que o presidente da Rep�blica desafiou-os a reduzirem a cobran�a de ICMS sobre os combust�veis, prometendo fazer a mesma coisa. Foi uma jogada para agradar os caminhoneiros, que amea�avam fazer uma greve por causa da tabela do frete. O epis�dio agastou as rela��es entre Bolsonaro e alguns governadores, entre os quais Ibaneis Rocha, do Distrito Federal, e Jo�o Doria, de S�o Paulo.
Voltando ao tema das rela��es com o Congresso, o ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a tratar do veto do presidente Bolsonaro �s emendas impositivas ao Or�amento da Uni�o. Disse que a fric��o entre os dois poderes � normal, tecendo coment�rios sobre suas rela��es com os parlamentares. O pomo da disc�rdia s�o emendas impositivas da ordem de R$ 32 bilh�es, aprovadas pelo Congresso, que Bolsonaro vetou. Na verdade, o governo comeu mosca nas negocia��es com o Congresso, uma das raz�es da queda do ex-ministro da casa Civil Onix Lorenzoni.
Um novo acordo foi negociado pelo pr�prio ministro Paulo Guedes para que a C�mara devolva em torno de R$ 11 bilh�es para o Tesouro, com aval de Bolsonaro, mas depois o governo tentou voltar atr�s. O veto n�o foi votado ainda, mas o acordo praticamente implodiu, depois das declara��es do general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Seguran�a Institucional (GSI), acusando os parlamentares de chantagear o governo, o que foi interpretado como uma agress�o ao Congresso.