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Estado de Minas

O que est� por tr�s da crise do petr�leo

A conjuntura econ�mica mundial mudou radicalmente com a crise do principal combust�vel do planeta


postado em 10/03/2020 04:00 / atualizado em 10/03/2020 07:41

Jair Bolsonaro ainda não percebeu a verdadeira dimensão do problema(foto: Zak BENNETT /AFP)
Jair Bolsonaro ainda n�o percebeu a verdadeira dimens�o do problema (foto: Zak BENNETT /AFP)

 “Aquele que n�o sabe adaptar-se �s realidades do mundo sucumbe infalivelmente aos perigos que n�o soube evitar (...) Aquele que n�o prev� as consequ�ncias de seus atos n�o pode conservar os favores do s�culo” (As mil e uma noites). Desde a d�cada de 1970, a Ar�bia Saudita manipula o fato de que o petr�leo n�o tem uma fonte renov�vel, virando a mesa na rela��o com as grandes pot�ncias. O desenvolvimento da economia do carbono, com a industraliza��o e a amplia��o do consumo, somente aumentou seu poder de barganha, liderando a Organiza��o dos Pa�ses Exportadores de Petr�leo (Opep). Foi-se o tempo em que as chamadas “Sete Irm�s” ( Standart Oil, Royal Dutch Shell, M�bil, Gulf, BP e Standart Oil da Calif�rnia) controlavam os pre�os do mercado.

 

A primeira crise do petr�leo ocorreu em 1956, quando o Egito nacionalizou o Canal de Suez, que era de propriedade anglo-francesa. A medida fez com que o abastecimento de produtos nos pa�ses ocidentais fosse interrompido, o que causou aumento dos pre�os do petr�leo. O segundo momento foi em 1973, em protesto ao apoio que os Estados Unidos deram a Israel durante a Guerra do Yom Kipur: os pa�ses-membros da OPEP novamente supervalorizaram o pre�o do petr�leo. Entre outubro daquele ano e mar�o de 1974, ou seja, em cinco meses, aumentou 400%, com reflexos nos Estados Unidos e na Europa, e desestabilizou a economia mundial.

 

Essa crise foi um fator decisivo para o colapso do chamado “milagre brasileiro”, durante o governo de Ernesto Geisel, o que colocou em xeque o regime militar. A resposta do governo foi criar o programa do �lcool e iniciar a busca de petr�leo no mar, para reduzir a depend�ncia. S� recentemente o Brasil passou a ser autossuficiente na produ��o de petr�leo.

 

Nova crise ocorreu ap�s a Revolu��o do Ir�, cuja guerra com Iraque reduziu a produ��o de petr�leo, eram os dois maiores produtores e a oferta do petr�leo foi bastante reduzida no mercado mundial. Em 1991, a Guerra do Golfo gerou outra crise. O Kuwait foi invadido pelo Iraque, os Estados Unidos intervieram no conflito e expulsaram os iraquianos do Kuwait, que ao sair incendiaram po�os de petr�leo.

 

Na crise financeira de 2008, iniciada no mercado imobili�rio dos Estados Unidos, movimentos especulativos de escala global fizeram com que o pre�o do petr�leo subisse 100% entre os seis primeiros meses do ano. Agora, estamos diante de nova crise, provocada pela Ar�bia Saudita, num cen�rio em que os pre�os do petr�leo j� estavam em baixa, por causa da epidemia de coronav�rus, que desacelerou a economia global e afetou a demanda por energia. Os membros da Opep ainda s�o os maiores produtores de petr�leo do mundo, juntos somam 27,13% da produ��o mundial. 

 

DESABANDO

 

Na sexta-feira, a Organiza��o dos Pa�ses Exportadores de Petr�leo (Opep) sugeriu a diminui��o da produ��o, estabilizando os pre�os da commodity. Mas a Ar�bia Saudita, maior exportador de petr�leo do mundo, condicionou o corte � colabora��o da R�ssia, que n�o faz parte da OPEP e rejeitou a medida. No domingo, a Ar�bia Saudita, em retalia��o, anunciou uma redu��o no pre�o de venda e um aumento na produ��o a partir de abril, o que provocou uma nova crise. Ontem, os pre�os do petr�leo, desabaram cerca de 25%, para perto de US$ 30, na maior queda di�ria desde a Guerra do Golfo. As bolsas de valores derreteram, inclusive a de Nova York.

 

No Brasil, a Bovespa desabou 12,16%, sua maior queda em mais de 20 anos. Voltou ao patamar de 27 de dezembro de 2018, quando marcou 85.460 pontos. Logo na abertura da sess�o, o �ndice despencou 10%, atingindo m�nimas em mais de 1 ano, o que provocou a interrup��o das negocia��es (circuit breaker). �s 10h32, o �ndice registrou queda de 10,02%, recuando a 88.178 pontos, quando as negocia��es foram interrompidas por 30 minutos. O Banco Central (BC) teve que intervir no c�mbio, vendendo d�lar, torrando R$ 3 bilh�es em reservas. A Petrobras perdeu R$ 91 bilh�es em valor de mercado, avaliada em R$ 215,8 bilh�es, contra um valor de R$ 306,9 bilh�es no fechamento dos mercados na sexta-feira.

 

Com o PIB de 1,1% de 2019, o Brasil j� estava em marcha lenta, correndo risco de desacelera��o, por causa do impacto no coronav�rus na economia mundial, principalmente a chinesa. Com a nova crise petr�leo, a conjuntura econ�mica mudou completamente, mas parece que o presidente Jair Bolsonaro ainda n�o percebeu a verdadeira dimens�o do problema. Briga com aqueles com os quais precisa contar para enfrentar o cen�rio mundial, sobretudo o Congresso. Precisa se dar conta das mudan�as em curso e da gravidade do momento que o pa�s atravessa. Os principais problemas do pa�s s�o de ordem objetiva, ou seja, n�o se resolvem com narrativas ideol�gicas, num jogo de perde-perde.

 

 

 

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