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Estado de Minas ENTRE LINHAS

Equipamento de prote��o � ponto fraco na rede hospitalar

Mesmo os hospitais de refer�ncia est�o tendo problemas. Os hospitais Albert Einstein e S�rio-Liban�s j� afastaram 452 funcion�rios; o Hospital das Cl�nicas, 125 profissionais


postado em 02/04/2020 04:00 / atualizado em 02/04/2020 08:35

A proteção de profissionais e pacientes ainda é desafio nos hospitais (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press 17/3/20)
A prote��o de profissionais e pacientes ainda � desafio nos hospitais (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press 17/3/20)

Enquanto a maioria esmagadora da sociedade v� a epidemia de coronav�rus como uma terr�vel amea�a, a aposta do presidente Jair Bolsonaro foi de que era uma oportunidade de encurralar os advers�rios pol�ticos, principalmente os governadores de S�o Paulo, Jo�o Doria (PSDB); do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC); e do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), que enfrentam mais dificuldades na crise. Fez um movimento de alt�ssimo risco: responsabiliz�-los pela paralisia da economia, que entraria em recess�o inevitavelmente, at� porque a retra��o � global. Para isso, por�m, Bolsonaro se lan�ou contra a pol�tica de distanciamento social e conclamou comerciantes, ambulantes, diaristas e outros trabalhadores informais a sa�rem da quarentena, entrando em choque aberto com a pol�tica de seu pr�prio ministro da Sa�de, Luiz Henrique Mandetta.
 
Bolsonaro cometeu um crasso erro, se aventurar num terreno que n�o conhece, a sa�de p�blica. N�o percebeu que a gravidade da situa��o estava acima de suas disputas pol�ticas e fez uma aposta no ponto futuro, a retomada da economia, que n�o ser� nada f�cil, outro assunto que n�o domina. Se isolou dentro do pr�prio governo, porque os generais que hoje formam seu estado-maior administrativo n�o concordaram com essa estrat�gia de alto risco, bem como os ministros da Justi�a, S�rgio Moro, e da Economia, Paulo Guedes. Enquanto o primeiro barrou qualquer possibilidade institucional de confronta��o com os governos estaduais, o segundo deu um salto triplo carpado na pol�tica econ�mica: abandonou as reformas ultraliberais e abriu os cofres da Uni�o para atender aos trabalhadores que ficaram sem nenhuma fonte de renda por causa do confinamento.
 
O n�cleo pol�tico que assessora Bolsonaro, liderado pelos filhos e pela equipe de comunica��o do Planalto, tentou uma rea��o, mas fracassou. O apoio a Bolsonaro nas redes sociais est� sendo volatilizado e o presidente da Rep�blica passou a ser cobrado pela demora na libera��o dos recursos, que exigem uma agilidade da administra��o federal que at� agora n�o foi revelada. Tanto os governadores como o Congresso passaram a cobrar do governo que os recursos fossem repassados imediatamente para a popula��o, enquanto a for�a tarefa de ministros formada para gerenciar a crise, coordenada pelo ministro-chefe da Casa Civil, general Braga Netto, passou a ser uma esp�cie de fiadora da pol�tica de Mandetta no governo. Para se fragilizar ainda mais, Bolsonaro demorou a sancionar a lei que concedeu uma ajuda de R$ 600 aos sem nenhuma atividade econ�mica, o chamado “corona voucher”.
 
Enquanto Bolsonaro sa�a �s ruas no Sudoeste, em Ceil�ndia e em Taguatinga, em Bras�lia, para estimular que comerciantes e ambulantes mantivessem suas lojas funcionando, a maioria da popula��o preferiu seguir a orienta��o do Minist�rio da Sa�de, dos governadores e dos prefeitos e se manteve dentro de casa, se resguardando da epidemia. A ades�o da sociedade ao isolamento social � o ponto forte na crise. Mesmo assim, os n�meros est�o dobrando a cada tr�s dias. No balan�o de ontem, j� eram 241 mortes e 6.836 casos confirmados, a uma taxa de 3,5% de letalidade. Na ter�a-feira, eram 201 mortes e 5.717 casos confirmados infectados pelo novo coronav�rus, o que aumentou a tens�o entre os profissionais de sa�de. Como h� escassez de testes, o n�mero de �bitos e casos confirmados est� subnotificado. O pr�prio ministro Mandetta admitiu ontem que pode ser muito maior o contingente de infectados.

Equipamentos

O ponto fraco do sistema, por ora, n�o � a falta de leitos, � de equipamentos de prote��o para o pessoal da sa�de. O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) j� registrou 2.600 den�ncias de falta, escassez e restri��o de equipamentos de prote��o entre enfermeiros, t�cnicos e auxiliares de enfermagem. As den�ncias v�o desde relatos de proibi��o de uso do material existente na institui��o para n�o instaurar p�nico na popula��o atendida � falta de equipamentos b�sicos. Entre aqueles que fizeram as den�ncias, 87% relatam a falta de m�scaras do tipo N95 ou PF2, indicadas para o atendimento de casos da doen�a, e a falta do �lcool em gel com 70% de �lcool em 28% das den�ncias. Al�m disso, em 51% dos locais denunciados, faltam de quatro a sete tipos diferentes de materiais, como luvas, gorro e �lcool.
 
Mesmo os hospitais de refer�ncia est�o tendo problemas. O Hospital Albert Einstein e S�rio-Liban�s j� afastaram 452 funcion�rios. No Hospital das Cl�nicas da Faculdade de Medicina da Universidade de S�o Paulo (HC-FMUSP), 125 funcion�rios foram afastados por contamina��o. O hospital utiliza em m�dia 5.700 m�scaras. Com o coronav�rus, passaram a ser 40 mil m�scaras. O consumo de �lcool em gel passou de 1.330 litros para 6.700 litros mensais; aventais, de 15 para 45 mil, e toucas, de 105 mil para 211 mil. Esse � o cen�rio mais delicado no momento. � grande o risco de o sistema de sa�de entrar em colapso por causa do n�mero de casos da epidemia, da� a import�ncia do confinamento. 
 
H� que se considerar sobretudo a situa��o dos m�dicos e enfermeiros, principalmente intensivistas e infectologistas. Ontem, por exemplo, o infectologista H�lio Bacha, de 70 anos, do Alberto Einstein, confirmou que est� com coronav�rus.

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