
Armou-se em Bras�lia um cerco � Opera��o Lava-Jato, cujas for�as- tarefas de Curitiba, Rio de Janeiro, S�o Paulo e Bras�lia est�o com os dias contados. As pol�micas declara��es do procurador-geral da Rep�blica, Augusto Aras, contra a atua��o de seus integrantes, foram t�o categ�ricas que n�o lhe permitem um recuo sem que se transforme numa esp�cie de rainha da Inglaterra no Minist�rio P�blico Federal (MPF).
Al�m disso, foram coadjuvadas pela proposta apresentada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, que prop�s uma quarentena de oito anos para magistrados e procuradores ingressarem na pol�tica, tema que prontamente o presidente da C�mara, deputado Rodrigo maia (DEM-RJ), se disp�s a p�r em pauta no Parlamento.
Al�m disso, foram coadjuvadas pela proposta apresentada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, que prop�s uma quarentena de oito anos para magistrados e procuradores ingressarem na pol�tica, tema que prontamente o presidente da C�mara, deputado Rodrigo maia (DEM-RJ), se disp�s a p�r em pauta no Parlamento.
� margem da discuss�o sobre os fundamentos jur�dicos e a legitimidade das a��es mais pol�micas da Lava-Jato, � �bvio que o plano de fundo de toda essa discuss�o s�o a lideran�a e a influ�ncia do ex-ministro da Justi�a S�rgio Moro junto �s for�as-tarefas. O ex-juiz de Curitiba se mant�m como potencial candidato a presidente da Rep�blica, mesmo fora do governo Bolsonaro.
Sua passagem pelo Minist�rio da Justi�a pode ter sido um grande erro do ponto de vista de sua trajet�ria como magistrado, se ambicionava uma vaga no Supremo, mas funcionou como a porta de sua entrada na pol�tica, provavelmente sem volta. A pr�pria crise que o levou a desembarcar do governo Bolsonaro faz parte do roteiro de quem transita para o mundo da pol�tica como ela �. Moro � candidat�ssimo e a narrativa da Lava-Jato � o leito natural do rio caudaloso que pode lev�-lo � Presid�ncia.
Sua passagem pelo Minist�rio da Justi�a pode ter sido um grande erro do ponto de vista de sua trajet�ria como magistrado, se ambicionava uma vaga no Supremo, mas funcionou como a porta de sua entrada na pol�tica, provavelmente sem volta. A pr�pria crise que o levou a desembarcar do governo Bolsonaro faz parte do roteiro de quem transita para o mundo da pol�tica como ela �. Moro � candidat�ssimo e a narrativa da Lava-Jato � o leito natural do rio caudaloso que pode lev�-lo � Presid�ncia.
Nesse aspecto, a proposta do ministro Toffoli, que parece estapaf�rdia e foi desdenhada pelo vice-presidente Hamilton Mour�o, mira a candidatura de Moro, sem d�vida. N�o no sentido de tornar ineleg�vel o ex-titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, que condenou o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva no caso do triplex de Guaruj�: qualquer nova lei sobre inelegibilidade para magistrados e procuradores n�o pode ter efeito retroativo. Mas existe, sim, um clima no Congresso para aprova��o de uma lei que tire das elei��es de 2022 magistrados e procuradores da Lava-Jato que vierem a deixar a carreira para mergulhar de cabe�a na luta pol�tica eleitoral.
Assim como o “partido fardado”que emergiu das elei��es de 2018 na garupa do presidente Jair Bolsonaro, at� agora, nada impede que surja um partido togado, “lavajatista”, na express�o de Augusto Aras, para disputar as elei��es de 2022. Seria o caminho natural a tomar por parte dos procuradores da Lava-Jato, se forem desmobilizados e marginalizados pelo procurador-geral da Rep�blica. A Lava-Jato, mesmo que venha a ser desmantelada pela Procuradoria-Geral e o Supremo, continuar� sendo um divisor de �guas na pol�tica brasileira, pelo menos para as atuais gera��es. � muito dif�cil tomar a bandeira da �tica das m�os de seus protagonistas, procuradores e ju�zes que promoveram o maior expurgo de pol�ticos enrolados em esc�ndalos de corrup��o da vida nacional da nossa hist�ria.
Colaterais
O presidente Jair Bolsonaro foi eleito num tsunami eleitoral, na qual a Lava-Jato foi o fator decisivo. Entretanto, o presidente da Rep�blica tomou outro rumo na condu��o de seu governo, desde o rompimento com Moro. Embora n�o se tenha registro de nenhum grande esc�ndalo de corrup��o na administra��o federal, a bandeira da �tica se perdeu com o rompimento com Moro e, sobretudo, por causa do caso Fabr�cio Queiroz, amigo do presidente da Rep�blica e ex-assessor do seu filho mais velho, senador Fl�vio Bolsonaro (Progressistas-RJ), investigado no esc�ndalo das “rachadinhas” da Assembleia Legislativa fluminense.
Consciente da situa��o, Bolsonaro j� opera uma mudan�a de eixo eleitoral, agora estribado na for�a do poder central e nas pol�ticas de transfer�ncia de renda, como ficou evidente, ontem, na viagem ao Piau�, na companhia do senador Ciro Nogueira (PI), presidente do Progressistas e um dos caciques do Centr�o. Por sinal, um pol�tico denunciado pela Lava-Jato.
Um bom term�metro da for�a de in�rcia da quest�o �tica na campanha eleitoral teremos nas elei��es de S�o Paulo, sobretudo na disputa pela Prefeitura da capital. Embora n�o esteja envolvido em nenhum esc�ndalo, o prefeito Bruno Covas, que vem liderando as pesquisas, come�a a ter que p�r no seu planejamento para gest�o de crises os efeitos da Lava-Jato na disputa da Prefeitura de S�o Paulo, em raz�o das den�ncias contra o senador Jos� Serra (PSDB-SP) e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), fundadores e principais l�deres da legenda em S�o Paulo. Alvo de opera��es recentes, os dois est�o sendo investigados por lavagem de dinheiro e uso de caixa dois eleitoral, o que tem um efeito delet�rio para a candidatura � reelei��o do prefeito paulistano.
Extrapolando as elei��es municipais — o que as urnas podem confirmar ou n�o —, � muito prov�vel que o desgaste sofrido pelo PSDB, por causa desses esc�ndalos, venha a criar dificuldades para o governador de S�o Paulo, Jo�o Doria (PSDB), viabilizar sua candidatura a presidente da Rep�blica. Conspiram contra esse projeto a recupera��o de imagem do presidente Bolsonaro e a resili�ncia eleitoral do PT, o que pode levar Doria � op��o pela reelei��o, ou seja, � melhor um Pal�cio dos Bandeirantes nas m�os do que o do Planalto e da Alvorada nos sonhos.