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Estado de Minas Entre linhas

A situa��o do ministro Paulo Guedes no governo � cada vez mais surreal

Titular da Economia desmente o pr�prio governo e descarta uso de precat�rios no programa Renda Cidad�


01/10/2020 04:00 - atualizado 01/10/2020 07:23

Ministro Paulo Guedes fez pronunciamento para negar uso de dívidas judiciais do governo no programa federal (foto: Marcos Correa/PR)
Ministro Paulo Guedes fez pronunciamento para negar uso de d�vidas judiciais do governo no programa federal (foto: Marcos Correa/PR)


Ontem foi um dia de mais confus�o na �rea econ�mica. O ministro da Economia, Paulo Guedes, recha�ou a proposta de utiliza��o dos recursos destinados aos precat�rios para viabilizar o programa Renda Cidad�, muito criticada pelos especialistas, como se nada tivesse a ver com ela. A medida foi anunciada pelo relator da PEC Emergencial, senador M�rcio Bittar (MDB-AC), depois de ter sido aprovada pelo presidente Jair Bolsonaro e, pasmem, o pr�prio Guedes. O ministro da Economia tamb�m estava com Bolsonaro e os l�deres do governo no Congresso quando a proposta foi anunciada.

“Um projeto dessa magnitude jamais seria apresentado se n�o tivesse o conhecimento e a aprova��o do presidente da na��o e o carimbo de OK do ministro da Economia”, disse Bittar, segundo o qual Guedes havia dado uma demonstra��o cabal de que concorda com a proposta,  durante a sua reuni�o com Bolsonaro. Na manh� de ontem, por�m, Guedes disse que o gasto com precat�rio estava sendo examinado com foco no controle de despesas e que n�o era “uma fonte saud�vel, limpa, permanente, previs�vel” para financiar a nova pol�tica de transfer�ncia de renda do governo. Ou seja, detonou a proposta de Bittar. Na ter�a-feira, apesar das cr�ticas, o l�der do governo na C�mara, Ricardo Barros, tamb�m havia anunciado que o Pal�cio do Planalto n�o recuaria da proposta.

A grande interroga��o � se a postura de Guedes teve aval do presidente Jair Bolsonaro, que gosta desse faz que vai mas n�o vai, ou o ministro da Economia se encheu de brios e resolveu marcar posi��o mais respons�vel sobre a quest�o fiscal. A primeira hip�tese � mais prov�vel, por�m, outra declara��o pol�mica de Guedes levanta suspeitas de que pode ser a segunda. O ministro da Economia acusou o presidente da C�mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de ter feito um acordo com a esquerda para n�o aprovar as privatiza��es.

“N�o h� raz�o para interditar as privatiza��es. H� boatos de que haveria acordo entre o presidente da C�mara e a esquerda para n�o pautar as privatiza��es. Precisamos retomar as privatiza��es, temos que seguir com as reformas e temos que pautar toda essa transforma��o que queremos fazer. A retomada do crescimento vem pela acelera��o de investimentos em cabotagem, infraestrutura, log�stica, setor el�trico, das privatiza��es, Eletrobr�s, Correios... Estamos esperando", disparouGuedes, que aproveitou a divulga��o de dados do Caged sobre gera��o  de empregos para provocar o presidente da C�mara, com quem vive �s turras. Em resposta, Maia disse que Guedes “est� desequilibrado” e sugeriu ao ministro que assistisse o filme “A Queda”, que narra os �ltimos dias de Adolf Hitler e do Terceiro Reich.

Jogada de risco


� surreal o que est� acontecendo, �s v�speras da discuss�o no Congresso de uma proposta que � considerada a principal bandeira social do presidente Jair Bolsonaro para sua campanha de reelei��o.  Al�m disso, o governo precisa aprovar uma s�rie de medidas para enfrentar a recess�o e tamb�m mitigar outros efeitos da pandemia, a maioria na �rea do ministro da Economia. A troca de acusa��es entre Guedes e Maia � sinal de que a rela��o entre ambos se deteriorou de tal forma que o di�logo ser� quase invi�vel. Quem mais perde com isso � a sociedade. O governo precisa aprovar um Or�amento de 2021 exequ�vel, para evitar a degringolada da economia.

N�o faz sentido o ataque de Guedes a Maia. O presidente da C�mara � um pol�tico liberal, nunca foi de esquerda. Para ele, por�m,  com a esquerda � t�o importante quanto ter o apoio do Centr�o para o bom funcionamento da Casa, isso possibilita acordos que garantem as vota��es e o avan�o do trabalho legislativo. Maia foi o grande art�fice da reforma da Previd�ncia. Se disp�e a ter mesmo papel nas reformas tribut�ria e administrativa, mas h� diverg�ncias de fundo entre o presidente da C�mara e Guedes, principalmente sobre o novo imposto sobre opera��es financeiras, que Maia n�o aceita. Com o bate-boca de ontem, um dos dois tem que recuar para o processo andar.

Entretanto, pode-se imaginar que Guedes aguarda o fim do mandato de Maia e aposta num presidente da C�mara alinhado com Bolsonaro: Arthur Lyra (PP-AL), por exemplo, o l�der do Centr�o mais alinhado com o governo. Mas essa � uma jogada de alto risco, porque o governo perde tempo e nada garante que o sucessor de Maia ser� um pau mandado do presidente da Rep�blica. A outra possibilidade, j� aventamos aqui: Guedes est� se reposicionando como quem pretende marcar posi��o e sair do cargo em grande estilo. O desgaste do ministro da Economia s� aumenta junto aos agentes econ�micos, seu prest�gio com os pol�ticos nunca esteve t�o por baixo. Ambos farejaram o cheiro de animal ferido na floresta. Guedes, o superministro, era o Posto Ipiranga de  Bolsonaro. N�o � mais.


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