
Consta que o general Zenildo Gonzaga Zoroastro de Lucena, ministro do Ex�rcito nos governos Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, que faleceu aos 89 anos, em mar�o de 2017, teria sido o grande respons�vel pela forma��o da atual elite militar do pa�s, pela �nfase que deu ao aperfei�oamento e � forma��o de oficiais superiores, inclusive, estimulando a gradua��o e p�s-gradua��o em �reas civis, como economia e finan�as, administra��o, ci�ncias pol�ticas, comunica��o social, direito etc.
O general assumiu o mais alto posto do Ex�rcito Brasileiro logo ap�s o afastamento do ex-presidente Fernando Collor de Melo, em outubro de 1992, durante a transi��o entre a posse de Itamar Franco e as elei��es de 1994. Ao assumir o cargo de ministro do Ex�rcito, em meio � crise que culminou com o impeachment de Collor, teria atuado para evitar uma interven��o dos militares. Em junho de 1993, por exemplo, rebateu as declara��es do deputado federal e capit�o da reserva Jair Bolsonaro favor�veis ao fechamento do Congresso e � volta do regime de exce��o, garantindo o apoio do Ex�rcito ao governo.
Por causa da perda de privil�gios e do corte de verbas destinados �s For�as Armadas durante o ajuste fiscal do Plano Real, os militares n�o gostam de lembrar dos anos do governo FHC, nos quais houve um grande sucateamento de seus equipamentos. No fundo, foram mais felizes durante o governo Lula, que apostou na cria��o de uma ind�stria nacional de Defesa, com a produ��o de ve�culos de transporte de tropas e carros blindados, lan�a-foguetes, novos ca�as e avi�o cargueiro, e dos novos submarinos, um deles nuclear, al�m articular miss�es internacionais a servi�o da ONU, entre as quais a do Haiti, onde estiveram alguns dos atuais integrantes do governo Bolsonaro.
Os tempos de vacas magras e confinamento nos quart�is, por�m, haviam servido para reconstruir a imagem dos militares perante a sociedade, depois do desgaste causado por 20 anos de ditadura, restabelecendo o prest�gio que se perdera nas d�cadas de 1970 e 1980. Opera��es humanit�rias na Amaz�nia e no Nordeste e de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) nos estados, em momentos de colapso do sistema de seguran�a p�blica, nos anos mais recentes, contribu�ram para essa reconstru��o de imagem.
Entretanto, a militariza��o do governo de Jair Bolsonaro amea�a p�r tudo a perder. A preocupa��o j� tomou conta dos altos-comandos das For�as Armadas, por uma s�rie de epis�dios que colocam em xeque a compet�ncia dos oficiais generais, alguns da ativa, que hoje controlam postos estrat�gicos do governo. � o caso do general de divis�o Eduardo Pazuello, cuja subservi�ncia mascarada de disciplina e respeito � hierarquia fica evidente quando fala besteiras com o claro prop�sito de agradar o presidente Bolsonaro, um negacionista da gravidade da COVID-19, da vacina e do isolamento social.
Nova onda
Ontem, houve mais um desses casos, durante audi�ncia na C�mara, quando o ministro da Sa�de tratou com desd�m e ironia as medidas que est�o sendo adotadas por governadores e prefeitos para conter a segunda onda da pandemia de COVID-19, como acontece em outros pa�ses que enfrentam o problema. Disse que as elei��es demonstram que o isolamento social � desnecess�rio, quando a lota��o das enfermarias nas redes privada e p�blica est�o demonstrando exatamente o contr�rio. Para completar, numa esp�cie de quem manda aqui sou eu, voltou a advertir, sem nenhuma necessidade, que nenhuma vacina ser� aplicada sem autoriza��o da Anvisa, deixando no ar que o governo federal criar� dificuldades para a imediata aplica��o da vacina chinesa Coronavac pelo governo de S�o Paulo.
A sorte do general � que ainda n�o apareceu um novo S�rgio Porto, o cronista Stanislaw Ponte Preta, para reeditar o famoso Febeap� (Festival de Besteira que Assola o Pa�s), uma colet�nea de “causos” de pol�ticos, militares e delegados proeminentes durante o regime militar. O livro foi publicado em 1966, antes do Ato Institucional no. 5, de 13 de dezembro de 1968, que legitimou a censura pr�via e acabou com habeas corpus, entre outras medidas antidemocr�ticas. Sergio Porto morreu tr�s meses antes, aos 45 anos.
O Brasil registrou 669 mortes pela COVID-19 nas �ltimas 24 horas, chegando ao total de 174.531 �bitos desde o come�o da pandemia. A m�dia m�vel de mortes no Brasil nos �ltimos sete dias foi de 533. Desde o come�o da pandemia, 6.436.633 brasileiros j� tiveram ou t�m o novo coronav�rus, com 48.107 desses confirmados no �ltimo dia. A m�dia m�vel nos �ltimos sete dias foi de 38.534 novos diagn�sticos por dia, a maior desde 6 de setembro --quando chegou a 39.356. Isso representa uma varia��o de 35% em rela��o aos casos registrados em duas semanas, o que indica tend�ncia de alta nos diagn�sticos, em onze estados: PR, RS, SC, ES, MS, AC, AM, RO, CE, PE e SE.