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Estado de Minas ENTRE LINHAS

Luciano Huck: Um candidato no telhado

Apresentador parecia realmente disposto a largar o mundo do entretenimento e ingressar na pol�tica. Mas a aposentadoria de Faust�o pode mudar suas perspectivas


07/02/2021 04:00 - atualizado 07/02/2021 07:34

(foto: Paulo Belote/TV Globo/Divulgacão)
(foto: Paulo Belote/TV Globo/Divulgac�o)
Desculpem-me o trocadilho com a inspiradora hist�ria do leiteiro Tevje e sua fam�lia, na pequena aldeia russa de Anatevka, um conto de autoria de Scholem Aleichen, o grande escritor �diche, a l�ngua falada pelos judeus da Europa Central e Oriental. Com sua esposa Golde, ele tenta criar as filhas Tzeitel, Hedel, Chava, Shprintze e Bielke na melhor tradi��o judaica. Tevje e sua can��o Se algum dia eu ficasse rico bombaram na estreia do musical Um violinista no telhado (Anatevka) na Broadway, em setembro de 1964.

Foi um verdadeiro espanto � �poca, porque o musical era em �diche, uma mistura de alem�o, hebraico e l�nguas eslavas, e lotou as sess�es do Teatro Imperial da Broadway. O t�tulo original da adapta��o � Fiddler on the roof (Um violinista no telhado). “Parece loucura, n�o �? Mas no nosso lugarejo, Anatevka, � assim. Cada um de n�s � um violinista no telhado. Ficamos aqui, porque Anatevka � a nossa terra natal. E o que traz equil�brio � nossa mente pode ser resumido numa palavra: tradi��o”, esclarece o protagonista da pe�a. Dirigida por Norman Jewison, com roteiro de Joseph Stein, a vers�o para o cinema, lan�ada em 1971, tamb�m fez grande sucesso e ganhou quatro Oscar: fotografia, som, dire��o de arte e trilha sonora.

O filme, uma com�dia dram�tica, � boa pedida para o doming�o. Religioso, Tevje imagina que suas cinco filhas dever�o pouco a pouco seguir o caminho em dire��o ao “porto seguro” do casamento. Pobre, tenta, com a ajuda de sua mulher, Golde, casar a filha mais velha com o a�ougueiro Lazar Wolf, bem mais velho e endinheirado. O casamento de conveni�ncia � frustrado pela personalidade teimosa da filha Zeitel, que se apaixona pelo pobre alfaiate Mottel.

Para desespero do casal, a segunda filha se apaixona pelo estudante revolucion�rio Perchik, tomando a decis�o de segui-lo at� a Sib�ria, para onde ele havia sido banido pelo regime czarista. Como se n�o bastasse, a terceira filha, Chava, ultrapassa os limites da toler�ncia de Tevje ao casar-se com o crist�o Fedja, o que o pai considera uma trai��o. Entretanto, um pogrom iminente no vilarejo no qual conviviam judeus e crist�os ortodoxos for�a Tevje, Golda e suas duas filhas mais novas a emigrar para os Estados Unidos.

Caldeir�o

Na pol�tica, quem subiu no telhado nas elei��es de 2018, quando o cavalo passou arreado, e nunca mais desceu foi o apresentador Luciano Huck. Jovem, rico, bem-informado, carism�tico, bem-assessorado — o ex-governador Paulo Hartung e o economista Arm�nio Fraga s�o seus principais conselheiros —, o comunicador conhece o Brasil de ponta a ponta e tem perfil de filantropo, sinceramente empenhado em melhorar a vida das pessoas. No seu caldeir�o, conseguiu a proeza de fundir o entretenimento despretensioso com o fomento do empreendorismo.

Aos interlocutores, Huck tem revelado o desejo de se candidatar � Presid�ncia da Rep�blica. Tem seus motivos: acredita que pode atrair para a pol�tica jovens lideran�as da sociedade, v� nela uma maneira de melhorar a vida das pessoas no atacado, e n�o deseja passar toda a vida repetindo o que j� faz, embora seu programa de TV tenha acompanhado a metamorfose da vida pessoal de seu criador.

Nos �ltimos meses, Huck parecia realmente disposto a largar o mundo do entretenimento e ingressar na pol�tica. Seguia um roteiro mais ou menos previs�vel. Em junho, teria que deixar a TV Globo, por exig�ncia da pr�pria empresa. Como todo outside da pol�tica, com base na legisla��o eleitoral, teria at� 4 de abril de 2022 para escolher um partido. Obviamente, escolheria o que lhe oferecesse mais garantias de legenda e melhores condi��es pol�ticas para concorrer. Mesmo assim, ainda teria at� 15 de agosto para registrar a candidatura. O problema � que, na pol�tica, o tempo n�o � igual para todos. Huck precisa descer do telhado.

O DEM se colocava como boa alternativa, saiu for- talecido das elei��es municipais, tinha um n�cleo dirigente jovem e uma imagem de partido liberal consolidada. Entretanto, alinhou-se com o presidente Jair Bolsonaro e catapultou o principal interlocutor de Huck na legenda, o ex-presidente da C�mara Rodrigo Maia (RJ), para fora do partido. O PSDB, cada vez mais liberal e menos social-democrata, tamb�m n�o � alternativa, embora o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso goste de Huck, porque o governador Jo�o Doria (SP) d� demonstra��es efetivas de que vai disputar a Presid�ncia da Rep�blica.

Restam o Cidadania, com tr�s senadores e sete deputados, cujo presidente, o ex-deputado Roberto Freire, � um entusiasta de sua candidatura, e o Podemos, liderado pela deputada Renata Abreu, com nove senadores e 10 deputados, que namorava o ex-juiz S�rgio Moro, que optou pela advocacia empresarial. Os dois partidos, como a fam�lia de Tejve, correm risco de di�spora; precisam de um candidato para chamar de seu e, com isso, ultrapassar a cl�usula de barreira. Entretanto, podem ficar a ouvir o violinista no telhado, porque a aposentadoria do apresentador Faust�o abriu a possibilidade de Huck se tornar o dono das tardes de domingo na TV Globo.
 

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