
N�o foi por falta de aviso, a pandemia de COVID-19 no Brasil virou um problema do mundo. Todos os pa�ses importantes do globo, seja pelo seu poder econ�mico, militar e dimens�es demogr�ficas, est�o domando a pandemia, com cuidados pessoais, medidas de isolamento social, testes em massa, cuidados m�dicos e, finalmente, vacinas.
Menos o Brasil, que registra quase 4 mil mortos por dia e, no embalo que vai, pode ultrapassar em muito os 400 mil mortos nos pr�ximos tr�s meses. Os problemas da economia – recess�o, crise fiscal, desemprego etc. – s�o consequ�ncia. E podem se agravar ainda mais, com as medidas que est�o sendo tomadas por outros pa�ses para confinar o Brasil, em raz�o das novas variantes do coronav�rus que est�o surgindo por aqui.
O presidente Jair Bolsonaro fez todas as apostas erradas. Apostou que a COVID-19 era s� uma gripezinha; que a segunda onda n�o existia. Imaginou que defendendo a manuten��o da atividade econ�mica teria uma luz no fim do t�nel da recess�o, n�o levando em conta que os problemas estruturais da nossa economia antecedem a pandemia.
Acreditou que o Brasil poderia fazer um leil�o para comprar as vacinas mais baratas quando elas ficassem prontas, em vez de investir em uma delas quando ainda estavam em fase de testes, para ter a op��o de compra quando fossem liberadas para aplica��o em massa. Perdeu todas.
Gostem ou n�o, quem se precaveu e apostou no planejamento para enfrentar a pandemia foi o governador de S�o Paulo, Jo�o Doria (PSDB), que enfrenta o epicentro da segunda onda, mesmo sendo o estado com o melhor sistema de sa�de p�blica e o maior poder econ�mico da Federa��o.
S�o Paulo j� entregou ao Minist�rio da Sa�de 36 milh�es de doses da vacina produzida pelo Butantan em parceria com os chineses, a CoronaVac, das quais 3,4 milhoes na quinta-feira. Vejam bem, com uma popula��o estimada em 45 milh�es de pessoas, com o que j� produziu poderia ter vacinado 80% da popula��o paulista e controlado a pandemia, mas est� carregando o Plano Nacional de Imuniza��es nas costas.
At� agora, a Fiocruz s� conseguiu produzir 4 milh�es de vacinas da Oxford/AstraZeneca. Est� atrasada por culpa do presidente Jair Bolsonaro, que contingenciou como p�de a produ��o das vacinas na gest�o do ex-ministro da Sa�de Eduardo Pazuello.
� o resultado dos ataques � China, no bojo de uma pol�tica externa desastrada, que tamb�m nos colocou em rota de colis�o com o novo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Entretanto, fa�a-se a ressalva, o que ainda existe de planejamento no governo federal para o combate � pandemia deve-se � Fiocruz, cujos cientistas est�o na linha de frente do monitoramento e do esclarecimento da popula��o sobre a pandemia e t�m um papel estrat�gico no Sistema �nico de Sa�de (SUS).
Governan�a
Todas as tentativas feitas para coordenar as a��es dos entes federados – estados e munic�pios – no combate � pandemia, inclusive pelo Minist�rio da Sa�de, foram sabotadas por Bolsonaro. Agora, o novo ministro da Sa�de, Marcelo Queiroga, que tenta liderar uma a��o nacional conjunta, est� enfrentando as mesmas dificuldades que os ex-ministros Henrique Mandetta e Nelson Teich enfrentaram. Com o agravante de que assumiu com mais de 300 mil mortos no pa�s, heran�a da desastrada passagem do general Eduardo Pazuello pela pasta.
� uma trag�dia nacional que Bolsonaro se recusa a ver, talvez porque saiba que a conta est� no seu colo. Optou por uma estrat�gia de confronto que inviabiliza qualquer solu��o para esses problemas. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que at� agora matou no peito a CPI do Minist�rio da Sa�de, come�a a cair na real de que o mundo caminha numa dire��o e Bolsonaro insiste na outra. Tenta coordenar a rela��o do Minist�rio da Sa�de com governadores e prefeitos sem ter os instrumentos para isso. Garante a governabilidade na pandemia, mas a capacidade de governan�a passa longe.