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A homossexualidade de Eduardo Leite e as elei��es de 2022

Eduardo Leite se posicionou estrategicamente, para dialogar com a esquerda, ocupar um lugar ao centro e confrontar o reacionarismo homof�bico de Bolsonaro


04/07/2021 04:00 - atualizado 04/07/2021 09:27

Ao declarar que é gay, Eduardo Leite não improvisa, mas faz puro cálculo político(foto: ITAMAR AGUIAR/AGÊNCIA PIRATINI)
Ao declarar que � gay, Eduardo Leite n�o improvisa, mas faz puro c�lculo pol�tico (foto: ITAMAR AGUIAR/AG�NCIA PIRATINI)

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), protagonizou na quinta-feira passada o fato pol�tico mais importante da semana em rela��o �s elei��es de 2022, ao assumir que � um “governador gay”, no programa “Entrevista com Bial”, da TV Globo.

O tema da homossexualidade � um tabu nas elei��es majorit�rias, em quase todas as democracias do mundo. Entretanto, nos �ltimos 20 anos, h� exemplo de mandat�rios gays eleitos na Isl�ndia, na Noruega, na B�lgica, na Irlanda, em Luxemburgo e na S�rvia.

 

“Eu nunca falei sobre um assunto que eu quero trazer pra ti no programa, que tem a ver com a minha vida privada e que n�o era um assunto at� aqui porque se deveria debater mais o que a gente pode fazer na pol�tica, e n�o exatamente o que a gente � ou deixa de ser. Eu sou um governador gay e n�o um gay governador, tanto quanto Obama nos Estados Unidos n�o foi um negro presidente, foi um presidente negro. E tenho orgulho disso”, declarou.

Sem citar o nome, o tucano assumiu seu romance com o pediatra capixaba Thalis Bolzan, de 26. "T� namorando h� nove meses. N�o � do Rio Grande do Sul, � um m�dico do Esp�rito Santo. Tenho enorme admira��o e amor por ele.”

 

Eleito no Rio Grande do Sul em 2018 com 53,6% dos votos, aos 36 anos, Eduardo Leite � o governador mais jovem em exerc�cio hoje no pa�s. Foi prefeito de Pelotas entre 2013 e 2016; antes, secret�rio municipal, vereador e presidente da C�mara Municipal.

J� era uma pedra no sapato do governador de S�o Paulo, Jo�o Doria, pois disputa a vaga de candidato a presidente da Rep�blica pelo PSDB, nas pr�vias da legenda marcadas para novembro. Agora, tornou-se uma novidade da pol�tica nacional e favorito na disputa interna dos tucanos, ampliando o apoio que j� tinha dentro e fora da legenda.

 

Ao assumir ser gay, Eduardo Leite criou um fato pol�tico nacional e se vacinou contra os ataques que sofrer� na campanha. Precisa evitar o que aconteceu com Jackson Barreto, ent�o prefeito de Aracaju, na disputa pelo governo de Sergipe, em 1994, encabe�ando a coliga��o PDT, PSB, PCdoB, PT, PP e PMN.

Mesmo com a expressiva vota��o no primeiro turno, foi derrotado no segundo turno pelo senador Albano Franco (PSDB), que contratou um grupo de travestis para fazer uma campanha fake “a favor” do advers�rio no sert�o sergipano e virou a elei��o. Na �poca, o filme “Priscila, rainha do deserto”, hist�ria de uma trupe de artistas gays, bombava nos cinemas. Na campanha, Jackson n�o assumia sua not�ria orienta��o sexual.

 

Terceira via

 

Eleitor do Jair Bolsonaro no segundo turno das elei��es de 2018, com uma gest�o fiscalista no Pal�cio Piratini, Eduardo Leite � um dos pol�ticos decepcionados com Bolsonaro e busca construir uma “terceira via” na disputa pela Presid�ncia.

Com sua atitude, atraiu a aten��o de milhares de eleitores, multiplicou o n�mero de admiradores nas redes sociais e tirou o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva da zona de conforto em rela��o �s minorias LGBTQIA+. A sigla re�ne o universo poss�vel de identidades de g�nero: l�sbicas, gays, bissexuais, transg�neros, queers (fluidos), intersexuais, assexuados, andr�ginos, pansexuais etc.

 

Eduardo Leite criou uma rede de apoio nesses segmentos como nunca houve na pol�tica brasileira. Entretanto, n�o est� ancorado somente a�. Pode ser porta-voz de uma gera��o protagonista da revolu��o de costumes, que encara com naturalidade a diversidade sexual e as diferen�as de g�nero. At� agora, recebeu mais elogios do que ataques dos pol�ticos de esquerda, mas suas chances eleitorais est�o diretamente relacionadas � capacidade de conquistar o eleitor conservador frustrado com Bolsonaro.

Seu cacife para vencer as pr�vias do PSDB � a gest�o respons�vel no Rio Grande do Sul, o amplo tr�nsito no grande empresariado nacional e o apoio dos l�deres tucanos que n�o se bicam com governador Jo�o Doria.

 

Car�ter e compet�ncia independem de orienta��o sexual. As declara��es de Eduardo Leite n�o foram improvisadas, s�o puro c�lculo pol�tico, como quando se compara ao presidente norte-americano Barack Obama, que faz parte de uma minoria oprimida pela sociedade branca, mas nunca aceitou essa condi��o nem se fez de v�tima.

Governou para a maioria, com quem dialogou de igual para igual. O pol�tico ga�cho se posicionou estrategicamente para dialogar com a esquerda, ocupar um lugar ao centro e confrontar o reacionarismo homof�bico e mis�gino do presidente Jair Bolsonaro. Seu maior advers�rio ainda � o conservadorismo da sociedade.

 

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