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Estado de Minas ENTRELINHAS

Mitos e mentiras: disfar�ando a pr�pria realidade

Um balan�o da atua��o de Bolsonaro, em dois anos e meio de governo, mostra uma fuga permanente da realidade e avers�o aos verdadeiros problemas da sociedade


01/08/2021 04:00 - atualizado 01/08/2021 08:29

Bolsonaro nunca fez parte da elite política do país e deixou a carreira militar por indisciplina(foto: Evaristo Sá/AFP)
Bolsonaro nunca fez parte da elite pol�tica do pa�s e deixou a carreira militar por indisciplina (foto: Evaristo S�/AFP)

Psic�logos t�m uma esp�cie de protocolo para identificar um mit�mano: o sujeito n�o sente culpa ou medo do risco de ser descoberto; suas hist�rias s�o exageradas; inventa sem motivo aparente ou ganho; aparece sempre como her�i ou v�tima; repete as mentiras com vers�es diferentes. Tudo para fazer as pessoas acreditarem na imagem que procura construir para si pr�prio.

N�o � � toa que a mitomania tamb�m � chamada de “pseudologia fant�stica” ou “mentira patol�gica”: um transtorno psicol�gico, a tend�ncia compulsiva por mentir sem que exista dem�ncia, necessariamente.

O mentiroso tradicional usa a imagina��o para ter proveito ou vantagem em alguma situa��o, o que n�o � incomum na pol�tica, j� o mit�mano mente com o objetivo de disfar�ar a sua pr�pria realidade, ou seja, para se sentir confort�vel, se tornar mais interessante ou agradar o grupo social do qual faz parte.

Qualquer semelhan�a com o presidente Jair Bolsonaro, que se autodenomina de “Mito”, n�o � mera coincid�ncia. Na sexta-feira passada, bateu todos os recordes de mentiras sobre as elei��es no Brasil, em confronto aberto com o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na tentativa de criar um ambiente de tumulto e questionamento dos resultados das elei��es de 2022, caso n�o seja eleito.

Suas mentiras desenham um projeto pol�tico reacion�rio, que coleciona atitudes, declara��es e fatos para emular a forma��o de falange pol�tica armada no pa�s. Somente na semana passada, tivemos a surpresa de um encontro do nosso presidente da Rep�blica com uma parlamentar alem� de not�rias liga��es neonazistas, empenhada em articular um movimento de extrema-direita de car�ter internacional.

Uma alegoria do rumo em que vamos foi o lastim�vel inc�ndio no pr�dio da Cinemateca Brasileira, em S�o Paulo, por falta de recursos para sua manuten��o. � uma s�ntese da pol�tica anticultural do governo, empenhado em destruir o que foi constru�do por gera��es de artistas e intelectuais brasileiros, �s v�speras do Centen�rio da Semana de Arte Moderna de 1922, um marco da cultura nacional.

Um balan�o da atua��o do presidente da Rep�blica nesses dois anos e meio de governo mostra uma fuga permanente da realidade, a avers�o aos verdadeiros problemas da sociedade. Bolsonaro nunca fez parte da elite pol�tica do pa�s e deixou a carreira militar por indisciplina. Era um parlamentar do “baixo clero” da C�mara, mas foi eleito com 57,7 milh�es de votos para conduzir a “grande pol�tica” do pa�s.

Os rumos da na��o dependem de suas decis�es. � por isso que o pa�s vai mal. Seu negativismo � respons�vel pelo fracasso do governo no combate � pandemia da COVID-19, que j� registra mais de 550 mil mortos; agora, n�o consegue traduzir em a��es positivas a energia que a sociedade revela na retomada de atividades econ�micas.

CONT�GIO

Segundo a Secretaria de Pol�tica Econ�mica do Minist�rio da Economia (SPE/ME), o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve crescer 5,3% em 2021. A estimativa anterior era de alta de 3,5%. Isso n�o se traduz em ganhos sociais efetivos. A taxa de desemprego continua no patamar de 14,6%, com 14,8 milh�es de pessoas procurando emprego, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domic�lio (Pnad) Cont�nua.

O �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) est� projetado para 5,90% em 2021. O �ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor (INPC) deve subir 6,20% este ano. A infla��o pelo IPCA, acumulada em 12 meses, � de 8,4%. Para fechar o ano em 5,9%, � preciso um “tour de force” do governo para gerar empregos e transferir rendas. O que segura a atividade econ�mica “por baixo” � a grande massa de brasileiros na informalidade, em torno de 34,7 milh�es.

H� um apag�o de empregos formais. Entretanto, � mais f�cil mudar a metodologia do que enfrentar a realidade. O ministro da Economia, Paulo Guedes, err�tico, perdeu “o tempo da bola”, como diria o vice Hamilton Mour�o. Desperdi�ou a oportunidade das reformas. Agora, contesta os n�meros do IBGE, novamente sob ataque, como o INPE esteve, por exemplo, no caso do desmatamento e das queimadas.

O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados registra a cria��o de 1,5 milh�o de vagas com carteira assinada de janeiro a junho, dos quais 300 mil somente no m�s passado. Guedes alega que foram 2,5 milh�es, com base em supostas informa��es das empresas. Segundo o ministro da Economia, est�o sendo criados 1 milh�o de empregos a cada tr�s meses e meio. S� falta avisar aos desempregados. Mitomania pode ser contagiosa.

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