(none) || (none)

Continue lendo os seus conte�dos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e seguran�a do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/m�s. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas ENTRE LINHAS

Um samba antol�gico pode servir de conselho ao PSDB durante pr�vias

A disputa entre tucanos paulistas e ga�chos parece reproduzir a crise dos partidos republicanos da Rep�blica Velha


24/11/2021 04:00 - atualizado 24/11/2021 07:18

Doria e Arthur Virgílio
Jo�o Doria e Arthur Virg�lio s�o pr�-candidatos � Presid�ncia pelo PSDB (foto: DIDA SAMPAIO/ESTAD�O CONTE�DO)


Impactado pela vit�ria do MDB em 1974, o presidente Ernesto Geisel iniciou a grande manobra de retirada dos militares da cena pol�tica com a chamada “distens�o lenta e gradual”. O partido de oposi��o � Arena (governista) conseguira expressiva vit�ria nas elei��es gerais de novembro daquele ano, conquistando 59% dos votos para o Senado, 48% da C�mara dos Deputados, al�m da maioria das prefeituras das grandes cidades. A sociedade se mobilizava geral: oper�rios, estudantes, artistas, classe m�dia, empres�rios, profissionais liberais.

Houve uma explos�o cultural. O teatro, o cinema, a televis�o e a m�sica popular faziam a cr�nica da mudan�a de costumes e protagonizavam os gritos de liberdade. � nesse ambiente, em 1976, que o sambista Candeia comp�s um dos mais belos sambas de sua gera��o, gravado inicialmente por Cartola, naquele mesmo ano, mas cujo estrondoso sucesso viria mais tarde, na voz de Marisa Monte, em 1989, que n�o chegou a conhecer. Candeia morreu muito jovem, aos 43 anos, dois anos depois de sua composi��o.

Ant�nio Candeia Filho fora um policial truculento, que ficara parapl�gico, ap�s levar cinco tiros de um motorista numa batida policial. A limita��o f�sica, inimagin�vel para um capoeirista, levou-o � profunda depress�o. Foi salvo, espiritualmente, pelo candombl�. E pelas rodas de samba da Portela, nas quais se destacou como l�der da oposi��o ao “bicheiro” Carlinhos Maracan�. Dissidente, com Paulinho da Viola e outras bambas, criaria a legend�ria Quilombo. Seu �lbum Ax� � um manifesto de negritude, contra o racismo estrutural.

“Preciso me encontrar”, composta por Candeia a pedido do jornalista e escritor Juarez Barroso, falecido naquele mesmo de 1976, n�o me sai da cabe�a desde domingo, por causa da confus�o das pr�vias do PSDB, nas quais os governadores Jo�o Doria, de S�o Paulo, e Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, protagonizam uma intensa guerra interna, coadjuvados pelo ex-prefeito de Manaus Arthur Virg�lio Neto, que nunca foi t�o moderado.

“Deixe-me ir/ Preciso andar/ Vou por a� a procurar/ Rir pra n�o chorar/ Se algu�m por mim perguntar/ Diga que eu s� vou voltar/ Depois que me encontrar/ Quero assistir ao sol nascer/ Ver as �guas dos rios correr/ Ouvir os p�ssaros cantar/ Eu quero nascer/ Quero viver”, diz a letra do samba antol�gico. � a s�ntese do drama tucano, que registra uma disputa entre lideran�as paulistas e ga�chas, incendiada pelos mineiros, que parece reproduzir a crise dos partidos republicanos da Rep�blica Velha, tamanha a radicaliza��o e a dificuldade de entendimento entre seus protagonistas.

Pr�vias do barulho

O que poderia ter sido uma in�dita demonstra��o de democracia interna e constru��o de consensos, com escolha de uma candidatura em bases democr�ticas, virou um furdun�o, no sentido pejorativo do termo. N�o vai ser f�cil encontrar uma sa�da pactuada, depois do colapso de domingo no sistema de vota��o por aplicativo para os filiados da legenda, com direito a 25% do col�gio eleitoral.

Qualquer resultado, se n�o houver boa vontade do perdedor, pode ser deslegitimado e fragilizar� o candidato � Presid�ncia da Rep�blica escolhido pela legenda. Parece que Doria est� levando a melhor e tem um acordo de bastidor com Virg�lio; Leite, denunciando jogo bruto, d� sinais de que est� para tomar o seu rumo, como na bela can��o de Candeia.

O PSDB nasceu de uma costela do MDB, quando o falecido governador paulista Orestes Qu�rcia se assenhorou da legenda, durante o governo do presidente Jos� Sarney. Tornou-se nacional quando Fernando Henrique Cardoso, ex-ministro da Fazenda do governo Itamar Franco, venceu as elei��es de 1994, na onda do sucesso do Plano Real. At� ent�o, era forte em S�o Paulo, em Minas, no Paran� e no Cear�; residual no Rio de Janeiro, na Bahia, no Rio Grande do Sul e no Par�.

Eleito, FHC conteve o crescimento do partido, por causa de sua alian�a com o PFL. Na sua sucess�o, isso teve um pre�o. Al�m disso, Jos� Serra fez uma campanha descolada do governo que o apoiava e ainda foi cristianizado em Minas. Desde ent�o, a hegemonia dos pol�ticos paulistas na legenda sempre teve um custo para as suas alian�as no plano nacional, por causa das disputas regionais.



*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)