(none) || (none)

Continue lendo os seus conte�dos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e seguran�a do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/m�s. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas ENTRE LINHAS

Que falta faz um pouco de harmonia entre Jo�o Doria e Eduardo Leite

A c�pula do PSDB anunciou nova rodada de testes de um novo aplicativo, para retomada das pr�vias


26/11/2021 04:00 - atualizado 26/11/2021 07:08

governador de São Paulo
Governador Jo�o Doria disputa indica��o do PSDB � Presid�ncia (foto: MARCOS VIEIRA/EM/D.A.PRESS)


Com origem no grego, harmonia � um substantivo que significa concord�ncia ou conson�ncia. Na m�sica, faz toda a diferen�a, porque � a combina��o de sons simult�neos e a sucess�o de acordes, ao longo de uma melodia. � uma ci�ncia e uma arte. Nas escolas de samba, por�m, o cargo de diretor de harmonia n�o tem nada a ver com a bateria, que tem um mestre de percuss�o que manda e desmanda em todos os ritmistas. O diretor de harmonia cuida do sentido filos�fico do termo, ou seja, da paz entre pessoas, da concord�ncia de opini�es e sentimentos dos integrantes da escola.

N�o � uma tarefa f�cil, pois se trata de respeitar e manter, de forma equilibrada e justa, os interesses das partes do todo. � o diretor de harmonia, por exemplo, que organiza e arma o desfile da escola de samba na avenida. Quem j� viu uma concentra��o antes do desfile no samb�dromo, tem ideia de como essa tarefa � dif�cil. Pois n�o � que o PSDB est� como uma escola de samba conflagrada �s v�speras do carnaval. O problema do partido nas elei��es de 2022 n�o � a falta de candidatos, � a aus�ncia de harmonia.

As pr�vias da legenda para escolha do candidato a presidente da Rep�blica amea�am implodir o partido, tamanha a confus�o e a confronta��o entre os partid�rios do governador de S�o Paulo, Jo�o Doria, coadjuvado pelo ex-prefeito de Manaus Arthur Virg�lio Netto e o governador do Rio Grande do sul, Eduardo Leite. Concebida para permitir amplo debate pol�tico, participa��o democr�tica de filiados e mandat�rios e uma composi��o pol�tica entre os pr�-candidatos, ap�s a apura��o dos resultados, para unir o partido, as pr�vias aprofundaram as diverg�ncias. Al�m disso, foram um vexame organizacional, porque o aplicativo de vota��o entrou em colapso logo ap�s o in�cio das pr�vias, no domingo passado.

Ontem, a c�pula da legenda anunciou uma nova rodada de testes de um novo aplicativo, sem ainda definir a data de retomada das pr�vias. Apenas 8%, dos quase 44.000 votantes previstos, conseguiram confirmar o voto. H� tr�s vers�es para o epis�dio, uma seria a falha do pr�prio aplicativo, desenvolvido por uma universidade ga�cha; outra, a sobrecarga do servidor; a terceira, no terreno das teorias conspirat�rias, um ataque de hacker. Essa hip�tese acirra as suspeitas de sabotagem entre os principais protagonistas da disputa.

Nos c�lculos do grupo ligado ao governador Jo�o Doria, as pr�vias j� estariam decididas a seu favor, no �mbito dos mandat�rios da legenda; para o grupo ligado ao governador Eduardo Leite, a disputa estaria muito equilibrada e ainda pode ser decidida pelos filiados. Qualquer que seja o resultado, por�m, as pr�vias somente serviram para desgastar Jo�o Doria e Eduardo Leite e para amea�ar a pr�pria sobreviv�ncia do PSDB.

N� apertado

Ser� muito dif�cil evitar um racha. Caso Doria ven�a, a dissid�ncia do ex-governador A�cio Neves e outros caciques da legenda, inclusive de S�o Paulo, j� est� contratada. Menos prov�vel, a vit�ria de Leite implodiria a legenda em S�o Paulo. Doria e Leite est�o sendo atropelado pelo Podemos, com o lan�amento da candidatura do ex-ministro da Justi�a S�rgio Moro.

Tradicionalmente, paulistas e ga�chos n�o se bicam. Protagonistas da expans�o territorial do pa�s no per�odo colonial, ambos t�m tradi��o de resolver as disputas pela for�a e colecionam ressentimentos pol�ticos, em raz�o da Revolu��o de 1930 e da Revolu��o Constitucionalista de 1932. Pode ser que a disputa tucana vire uma Batalha de Itarar�, aquela que n�o aconteceu, no munic�pio paulista do mesmo nome, na divisa com o Paran�. Na Revolu��o de 1930, quando Get�lio Vargas partiu de trem para o Rio de Janeiro, esperava-se que ocorresse um grande confronto com as tropas paulistas no local, mas a cidade acolheu Get�lio na esta��o ferrovi�ria, permitindo sua entrada no estado de S�o Paulo. O presidente Washington Lu�s foi deposto em 24 de outubro daquele ano, ap�s a chegada triunfal dos ga�chos ao Rio de janeiro.

Durante a Revolu��o Constitucionalista de 1932, por�m, Itarar� foi uma das frentes de batalha. Os paulistas consideravam que S�o Paulo estava sendo tratado como terra conquistada, sendo governada por tenentes de outros estados e sentiam, segundo eles, que a Revolu��o de 1930 fora feita contra S�o Paulo. O fot�grafo Gustavo Jansson registrou, em 1934, as ossadas recolhidas no cemit�rio local como de soldados do 8º Regimento de Passo Fundo (RS), mortos em 32, prova de que houve confrontos entre paulistas e ga�chos, que duraram tr�s dias.

Feito o registro hist�rico, para encerrar a prosa, vem bem a calhar um samba de quadra de Oliv�rio Ferreira, mais conhecido como Xang� da Mangueira, por d�cadas o diretor de harmonia da tradicional Esta��o Primeira. Intitulada “A gente com briga n�o chega l�”, diz a can��o: “A gente com briga n�o chega l�/A gente com briga n�o chega l�/ Afrouxe um pouquinho da�/ Que eu afrouxo um pouquinho de c�/ Vamos afrouxar a corda/ Pra esse n� se soltar/ Quanto mais a gente estica/ Mais o n� vai apertar/ E depois a gente fica/ Com vontade de chorar/ E depois a gente fica/ Com vontade de chorar.”



*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)